Crítica de filme: Refém da Paixão

Anderson Vidal

Em 1987, na cidade de Holton Mills, Adele (Kate Winslet) enfrenta a tristeza e a solidão por ter sido abandonada pelo seu marido e vive com seu filho, Henry (Gattlin Griffth), de 13 anos. Na véspera do Dia do Trabalho, o menino é abordado por um misterioso homem, Frank (Josh Brolin) que o pede sua ajuda. Frank acaba passando 5 dias na casa de Adele, foragido, se escondendo da polícia, 5 dias intensos que se desenrolam numa história sensível, delicada e apaixonante.

Primeiramente vale destacar o trabalho de Kate Winslet na pede de uma mulher solitária, triste, com cicatrizes fortes em sua vida e do jovem ator Gattlin Griffth. É visível toda a dor que a personagem de Kate sente, ainda mais com suas expressões faciais, como quando ela franze as sobrancelhas. A cumplicidade que foi criada entre Gattlin e ela nos deixa boquiabertos. Em inúmeras cenas percebemos a proteção que Henry tem pela mãe simplesmente olhando para eles.

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O diretor Jason Reitman (dos gloriosamente dirigidos Juno, Amor sem Escala, Jovens Adultos e do maravilhoso Obrigado por Fumar) consegue criar uma atmosfera densa em um filme de romance. Ele faz com que nos envolvamos na história e vida de Adele de tal maneira que, assim como ela, acabamos também apaixonados por Frank.

Em uma situação na qual Adele vira “Refém” de Frank em sua própria casa, ela não se abala com isso, pelo contrário, o ajuda tratando de seu ferimento, afinal, Frank fugiu do hospital depois de uma cirurgia de apêndice. Ela só não contava com o fato de, aos poucos, estar começando a apreciar sua companhia. Eis então que Frank começa a ter o papel masculino na vida de Adele e paterno na de Henry. Como um bom homem de casa ele concerta a escada, a porta, o carro, ajuda Henry a jogar beisebol, ensina valores ao filho de Adele e tudo isso vai conquistando tanto a ela quanto a nós, os espectadores. É uma conquista nada forçada, tudo acontece naturalmente e na mais singela delicadeza.

Refém da Paixão nos conquista pela sua simplicidade. Não pode ser comparado a nenhum dos filmes de romance que temos atualmente, pois não possui aquela mesmice, ou seja, uma história chata, contada e recontada de adolescentes que se separam para terem o seu ‘felizes para sempre’ só no final do filme. Aqui sim temos uma história profunda, que nos proporciona desvendar os personagens por meio de flashes que vamos acompanhamos ao longa da história. Em outras palavras, podemos considerar este longa como um romance bem amadurecido.

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Sobre amadurecimento, é algo que notamos ao passar do tempo. Henry, por exemplo, é um personagem que amadurece de uma forma inenarrável. Adele também, porém de uma forma diferente. É notável que o amadurecimento de Henry é em sua personalidade, em suas atitudes, enquanto o de Adele é em seu visual, em seu sentimento. As roupas que ela passa a usar, a forma como ela usa o cabelo, os sorrisos que ela começa a esboçar, percebe-se que ela  está se livrando de seu sofrimento e se abrindo para um novo começo.

Tamanha é a delicadeza do filme que em um determinado momento Adele explica para Henry sobre sexo, dizendo que o mais importante ninguém ensina ou explica. Que por trás do sexo existe sentimento, existe uma sensação, existe anseio naquela pessoa ao qual estamos amando. Que não é apenas sexo, é todo um conjunto, todo um envolvimento muito maior e que se transforma em algo superior.

Damos destaque para a cena em que Frank os ensina a fazer uma torta de pêssego – torta essa que define o futuro profissional de Henry. Os detalhes da cena são super sensíveis. Um passo a passo muito bem construído e com uma narrativa espetacular.

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Refém da Paixão é sobre perda, esperança, espera e amor. É um romance maduro, com conteúdo que nos faz refletir sobre o que é importante, sobre as nossas superações e em quem nos faz bem. Estreando nesta quinta-feira (13), Refém da Paixão é um romance que vale muito a pena ser conferido.

BEM NA FITA: A sua cenografia nos levando aos anos 80 com uma iluminação fraca e natural. O incrível desempenho de Kate Winslet, Gattlin Griffth e Josh Brolin e o trabalho de maquiagem no final do filme, transformando Kate de uma forma inacreditável.

QUEIMOU O FILME: Nada.

FICHA TÉCNICA:

Diretor: Jason Reitman.
Elenco: Kate Winslet, Josh Brolin, Gattlin Griffith, Clark Gregg, Brooke Smith e Tobey Maquire.
Produção: Helen Estabrook, Lianne Halfon, Jason Reitman, Russell Smith e Nicole C. Taylor.
Roteiro: Jason Reitman.
Trilha Sonora: Rolfe Kent.
Duração: 210 min.
Ano: 2013.
País: Estados Unidos.

Anderson Vidal

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