Crítica de filme: “Ted” (****)
Colaboração
*** CRÍTICA ESCRITA POR WAGNER DORNELLES ***
Em sua primeira empreitada cinematográfica, Seth MacFarlane, o criador de “Family Guy”, “American Dad” e “The Cleveland Show”, conta uma fábula para adultos em Ted.
A história começa numa noite de Natal, com o desejo do menino John Bennett. Ignorado pelas demais crianças, ele não tem amigos e, ao ganhar um ursinho de presente, o garoto deseja que ele ganhe vida. O pedido é realizado após a passagem de uma estrela cadente. O milagre cai na boca do povo e o brinquedo passa a ser uma celebridade, mas sem esquecer do juramento de amizade eterna. Anos passam e como uma velha estrela do Rock, o bicho de pelúcia cai no esquecimento e passa a ter uma rotina destrutiva regada a drogas e álcool. John, já com 35 anos, acompanha o amigo nessa rotina e não consegue se manter firme no emprego. Sempre arruma desculpas para viver sem a responsabilidade que a vida adulta cobra. Em meio a esse contexto há Lori Collins (Mila Kunis), namorada de John, que espera atitudes maduras do companheiro. Tudo vai bem até o momento em que Lori dá um ultimato a John e pede que ele decida entre o urso ou ela.
Assim como nas séries animadas, o humor do longa está ligado às referências pop e a situações extremadas. O timming do elenco também é um grande acerto, principalmente nos diálogos entre o urso e John. Diferente do que se espera, Ted não é puramente uma obra de humor escapista. O filme funciona também como uma fábula em torno do que é ser adulto e do apego a certos aspectos e valores infantis. Por essa perspectiva, o texto é libertador e apresenta uma mensagem positiva no final. O problema no longa está justamente na parte romântica. A personagem de Mila Kunis surge como a razão e aí MacFarlane perde o ritmo. Quem acompanha as séries animadas do diretor está acostumado a situações em que a moral é subvertida através do humor e não há lições a serem aprendidas. Nesse aspecto, a produção derrapa (feio), pois existe um apelo racional/emocional que parece forçado, principalmente pelo fato de surgir após uma das melhores sequências de comédia da película: o encontro entre John e Flash Gordon.
Mesmo assim, o filme é muito bom e como condenar tendo tantos outros títulos de diretores mais experientes que pecaram da mesma forma (o já clássico “Quem vai ficar com Mary” é um exemplo), mas se você (assim como eu) espera apenas humor, sem valores morais embutidos pode se decepcionar.
BEM NA FITA:
– O humor continua afiado; Ted funciona como um Stewie Griffin
QUEIMOU O FILME:
– O romance; a previsibilidade do roteiro
FICHA TÉCNICA:
NOME: Ted (Ted)
ELENCO: Seth MacFarlane, Mark Wahlberg, Mila Kunis, Joel Mchale, Patrick Warburton e Giovanni Ribisi.
DIREÇÃO: Seth MacFarlane
ROTEIRO: Seth MacFarlane, Alec Sulkin e Wellesley Wild