Crítica de Filme: Todos os Dias

Giselle Costa Rosa

O diretor britânico Michael Winterbottom parece jogar nas 11 posições. Já fez suspense, comédia (A Festa Nunca Termina, 2002), documentário e até mesmo um filme erótico (9 Canções, 2004). Agora ataca novamente com mais um drama: Todos os Dias, filme que conta a história de Ian (John Simmum), um pai que participa da vida de seus quatro filhos e de sua esposa, durante cinco anos, de dentro de uma prisão. Com raras permissões de saída, fica sabendo dos fatos ocorridos com sua família apenas durante as visitas e pelo telefone.

Não sabemos qual foi o crime cometido, ficamos relegados apenas a acompanhar a vida dessa família e os percalços que passam pela falta do pai/marido em casa. O roteiro, escrito pelo também diretor do longa em parceria com Laurence Coriat (Eu Sem Você, 2001), demonstra a força que as mulheres têm perante às adversidades da vida. Não existe a possibilidade de sentar e ficar parada sofrendo. Todos acordam cedo pra ir pra escola; todos sabem o que deve ser feito. A típica jornada dupla de trabalho parece não afetar a mãe dessa família. E será assim durante cinco anos. Karen (Shirley Henderson) estará sozinha, sem arcabouço algum pra auxiliá-la. Há momentos de fraqueza, óbvio. E ocorre dos dois lados.

Além disso, existe a resposta das crianças à falta do pai. Os garotos se metem em brigas com outras crianças por conta de provocações em torno da prisão de Ian. O mais velho começa a ficar mais arredio. Nada para, nem teria como. A menina mais velha se envolve em seu primeiro namorico e a mais nova progride na escola. A desenvoltura dos atores mirins é boa talvez por serem irmãos não só no filme, mas também na vida real. O diretor ainda lançou mão de filmar ao longo de cinco anos no intuito de retratar o envelhecimento do casal e das crianças de forma natural.

A ideia passada no filme é que o amor entre eles costura toda a trama cujo furo é rapidamente remendado. Não há espaço pra dissolução. O somatório das vidas em comum segue nos dias ensolarados na praia ou nos longos passeios em família.

BEM NA FITA: a demonstração da força da mulher, a aposta no envelhecimento natural dos atores.

QUEIMOU O FILME: o filme cansa um pouco quem está assistindo mesmo tendo apenas 94 minutos. Além disso, poderia ter explorado mais os conflitos.

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FICHA TÉCNICA:

Nome: Todos os Dias (Everyday)
Direção: Michael Winterbottom
Roteiro: Michael Winterbottom e Laurence Coriat
Elenco: Darren Tighe, Dylan Brown, Harry Myers, John Simm, Katrina Kirk, Peter Gunn, Polly Kossowicz, Robert Kirk, Shaun Kirk, Shirley Henderson, Stephanie Kirk, Valerie Lilley
Fotografia: Annemarie Lean-Vercoe, James Clarke, Marcel Zyskind, Sean Bobbitt, Simon Tindall
Música: Michael Nyman
Produção: Melissa Parmenter
País: Reino Unido
Gênero: Drama
Duração: 94 minutos
Ano: 2012

Giselle Costa Rosa

Integrante da comunidade queer e adepta da prática da tolerância e respeito a todos. Adoro ler livros e textos sobre psicologia. Aventuro-me, vez em quando, a codar. Mas meu trampo é ser analista de mídias. Filmes e séries fazem parte do meu cotidiano que fica mais bacana quando toco violão.
NAN