Crítica de Filme: Um Conto do Destino

Anna Cecilia Fontoura

Você acredita que o amor é capaz de realizar milagres? Esse é o tema central do filme Um Conto do Destino (Winter’s Tale) que estreia hoje (21/02) nos cinemas brasileiros. O longa foi adaptado do livro de mesmo nome, que também já chegou cá em terras brazucas, e pode ser conferido nas versões física e digital. A obra literária, de 720 páginas, escrita por Mark Helprin, em 1983, foi lançada pela Editora Novo Conceito. De acordo com o The New York Times, o best-seller está entre os 20 melhores livros de ficção dos últimos 25 anos. Confesso que ainda não o li, mas a produção hollywoodiana me deixou com muita curiosidade de ler (e olha que raramente um filme me desperta o desejo de conhecer o livro que o inspirou). Bom, sem mais blah blah blah, vamos então à crítica do filme!

Fotos: Reprodução

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De forma não linear, porém nada confusa, apenas instigante, Um Conto do Destino consegue prender a atenção logo nos primeiros minutos. É curioso o fato de Collin Farrell aparecer em 1914 e 2014. Se você não leu o livro, automaticamente vai despertar o interesse de entender como 100 anos se ligam na história e principalmente o porquê de Collin Farrell ter sido escolhido para estar nesses dois anos… A trama, que tem como plano de fundo uma charmosa Nova Iorque coberta por neve, já começa em tom épico através da narração de Beverly (Jessica Brown Findlay) com seu sotaque britânico e suas frases de efeito. A jovem é uma paciente terminal de Tuberculose (temida enfermidade em 1914) que encara a vida sempre em atitude positiva. “Quanto mais fico doente, mais eu vejo que as pessoas são conectadas pela luz”. Com essa frase, a clássica Batalha entre o Bem e o Mal é anunciada no longa. Evidentemente Beverly faz parte das Forças Brancas do Bem, mas o lado negro da força conta com um poderoso time, liderado por Pearly Soames (Russell Crowe), que tem até a Lua como aliada em certas ocasiões, e o seu querido chefinho Lu (Lucifer), que surpreende a todos sendo interpretado por Will Smith (participação surpresa mesmo – perdão pelo Spoiler!). Já Peter Lake (Collin Farrell), um ladrão que não é tão mal a ponto de fazer carreira no Exército Demoníaco, é caçado por Soames. Mas, no momento em que Lake mais precisava de ajuda, eis que um cavalo branco o salva. Após esse inusitado resgate, o gatuno precisa sair da cidade, mas antes realiza uns assaltos de despedida. É nesse momento que o Destino reúne Beverly e Peter Lake em uma verdadeira e instantânea história de amor, que nem sequer o tempo é capaz de matar…

Fotos: Reprodução

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Um Conto do Destino é marcado por uma bela fotografia e trilha sonora. Um ponto que me chamou a atenção no filme, que tem um ar bem épico e místico, é o ótimo uso de elementos não verbais na compreensão da história. Vai além do óbvio figurino branco para os bonzinhos e preto para os vilões (apesar de que isso também é encontrado no filme). Para os místicos de plantão, mais atentos, esse longa é um prato cheio… Cada símbolo que aparece, por mais que pareça um simples detalhe aos desavisados, tem razões, até mitológicas ou mesmo esotéricas para estar ali… Outro ponto positivo da produção é o uso dos ótimos efeitos especiais. Ao contrário de muitos filmes por aí, a tecnologia é usada como meio para enriquecer a história, não como fim para disfarçar um roteiro fraco…

E por falar em roteiro, a adaptação de Akiva Goldsman, que estreia também como diretor, foi muito bem sucedida. Apesar de parecer não ter seguido a ordem narrativa do livro, a adaptação tratou a história com carinho.

Quanto as atuações o destaque é para Collin Farrell, que deu o tom certo para o personagem, e realmente convenceu dando vida às emoções dele de forma equilibrada. O também talentoso Russell Crowe fez um bom trabalho como Soamers. Só que às vezes me passava a sensação de estar um pouco caricato. Mas como se tratava de um homem com uma grande cicatriz na cara, e ainda por cima, um ser demoníaco, isso é perdoável e compreensível. Jessica Brown Findlay também convenceu no papel da romântica Beverly. Ah! um detalhe: Se você foi ver o filme porque Jennifer Connelly está no elenco (no trailer parece que ela vai aparecer bem mais do que acontece de fato), pode se frustar… Ela é coadjuvante, só aparece quase no final, mas o papel é fundamental na história e a atuação vale a pena!

Fotos: Reprodução

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Um Conto do Destino é realmente uma história de amor, contada de forma poética e com jeitão épico, mas tem um conteúdo profundo, não é mais um romancezinho meloso. Vai muito além disso… Em certos momentos faz até refletir, arranca uma risada ou outra, e muitas lágrimas dos mais sensíveis.

BEM NA FITA: Ótimo roteiro, ótima trilha sonora e fotografia, ótimos atores e boas atuações (até as crianças mandaram bem). Efeitos especiais necessários e bem feitos.

QUEIMOU O FILME: Não achei que nada tenha queimado o filme. Mas, é preciso ter em mente que não li o livro ainda… Pode ser que minha opinião mude… Será?

FICHA TÉCNICA:

Direção: Akiva Goldsman
Elenco: Colin Farrell, Graham Greene, Jennifer Connelly, Kevin Durand, Russell Crowe, Will Smith e William Hurt
Roteiro: Akiva Goldsman
Género: Drama
País: EUA
Duração: 118 minutos
Ano: 2014

Anna Cecilia Fontoura

Jornalista graduada pela Universidade Estácio de Sá e pós-graduada pela Universidade Cândido Mendes. Além de jornalista cultural, é redatora freelancer. Escrever é sua verdadeira paixão! Se considera uma pessoa determinada e criativa, porém um pouquinho sonhadora...
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