Crítica de Filme | Uma Aventura Lego

Pedro Lauria

|

7 de fevereiro de 2014

Poucas empresas conseguem se reinventar tanto quanto a Lego. Praticamente qualquer grande franquia de filmes tem o seu representante dentro da marca lego: Senhor dos Anéis, Star Wars, Harry Potter… E mesmo dentro dos video games a empresa mostra uma grande inteligência, ao adaptar diferentes marcas à particularidade da brincadeira: piadas envolvendo as peças, as montagens ou mesmo o imobilismo das figuras são algo comum.

Dessa forma, já era de se esperar que um filme surgisse – e que ele, assim como nos videogames, soubesse usar as particularidades do brinquedo ao seu favor. E a obra faz isso com brilho. Espere ver Batman, Shakespeare, Dumbledore e Gandalf em uma mesma sala de reunião. E se sacaneando, não só em cima da personalidade de cada um, mas também em cima do fato de serem feitos de Lego.

Contando uma história de crítica a padronização (e que expande sua discussão em seu terceiro ato), Uma Aventura Lego, não tenta reinventar a roda, mas em seu lugar, a constrói (e reconstrói) com peças coloridas dando um charme único a obra. Só que esse charme não se restringe aos belíssimos visuais da animação (o mar de Lego é de cair o queixo) – mas do excesso de criatividade (e consequentemente flertando com o non-sense) que se espera de um filme sobre um brinquedo que exige ser imaginativo. Dessa maneira, não há em Uma Aventura Lego nenhuma necessidade de se manter fiel a um único mundo ou realidade – somos jogados do mundo urbano para o faroeste, para os oceanos ou mesmo para um mundo doce habitado por um unicórnio-gato bipolar. Não há limites.

Robin Hood, Michelângelo e Michalângelo São tantas as referências que eu sei que você está tentado a ver o filme.

Robin Hood, Michelangelo e Michelangelo São tantas as referências que eu sei que você está tentado a ver o filme.

Felizmente essa falta de limites não reflete na organização estrutural da narrativa, que em nenhum momento se perde sempre deixando claro seu (simples) objetivo. Entretanto, o mesmo não pode se falar dos números absurdos de personagens e referências, que variam do genial (como as piadas envolvendo Superman e Lanterna Verde) até o medíocre (como o astronauta dos anos 80). Infelizmente, a dublagem (é, crítico de cabine sofre) acaba tornando muitas piadas em vergonha alheia (e em alguns momentos sem sentido) a0 tentar dar uma roupagem “sessão da tarde” as mesmas.

Falando de linguagem, uma outra bola fora do filme é o seu 3D – um dos mais fracos que já vi. Não só em execução técnica, mas também no seu uso estabanado – uma vez que os diretores volta e meia acaba se utilizam da falta de foco, reduzindo a profundidade do filme ao seu primeiro plano (ou seja, chapando o que era pra ser 3D). Ainda sim, é válido apontar que diversas piadinhas acabam ocorrendo em profundidade, e que adicionam ao mundo caótico e imaginativo do Lego.

Sim, são tantas referências MESMO.

Sim, são tantas referências MESMO.

Uma Aventura Lego acaba por ser um grande jabá da própria empresa. Porém, ao invés de se concentrar em vender produtos, a mesma vende todo os conceitos que envolvem a marca – como criatividade e diversão – e sendo corajosa o suficiente para criticar àqueles que não se aproveitam das particularidades do brinquedo. Imaginativo, divertido e moderno, Uma Aventura Lego peca em alguns aspectos técnicos e narrativos, mas que dificilmente incomodarão as crianças. O mesmo pode se falar da dublagem, que joga fora o trabalho de voz de excelentes atores como Morgan Freeman e Lian Neeson – e que torna uma série de piadas criativas em besteiras dignas dos piores momentos da Sessão da Tarde. Mas – um filme de tanto coração e imaginação (que outra marca tem tanto apelo emocional?) – vai além desses problemas e acaba atingindo seus objetivos: ser nostálgico para os adultos e um deleite para os jovens.

BEM NA FITA: O filme é extremamente imaginativo e não respeita regras; Visualmente impressionante; Referências infinitas ao Mundo Pop e piadas divertidas; Uma positiva e até mesmo corajosa, no sentido do produto

QUEIMOU O FILME: O 3D é ruim e ainda por cima, mal utilizado; A dublagem é fraca (isso não irá interferir na nota, pois não é justo com o filme); Algumas piadas não funcionam; História formulaica

[embedvideo id=”kEj8d67PFAE” website=”youtube”]

FICHA TÉCNICA:

Diretor: Phill Lord, Christopher Miller
Elenco: Não adianta citar, uma vez que o filme só vai sair dublado…
Produção: Roy Lee, Dan Lin
Roteiro: Phill Lord, Christopher Miller
Duração: 100 min
Ano: 2014
País: Estados Unidos.

Pedro Lauria

Em 2050 será conhecido como o maior roteirista e diretor de todos os tempos. Por enquanto, é só um jovem com o objetivo de ganhar o Oscar, a Palma de Ouro e o MTV Movie Awards pelo mesmo filme.
O que sabemos sobre Wicked Boa noite Punpun Ao Seu Lado Minha Culpa Lift: Roubo nas Alturas Patos Onde Assistir o filme Lamborghini Morgan Freeman