Indústria Americana Netflix crítica

‘Indústria Americana’ (Netflix) | CRÍTICA

Jorge Feitosa

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12 de fevereiro de 2020

“O capitalismo chinês é muito mais violento do que qualquer forma de capitalismo que a gente já conheceu.” – Luiz Felipe Pondé

Após 70 anos de sua Revolução Comunista, a China é um dos poucos países que vem conseguindo manter seu regime centralizador em harmonia com a prática capitalista.

Envidando esforços no sentido manter baixos os custos de produção, certamente, é uma nação que, há anos, atrai investimentos de empresas ocidentais na exploração de sua mão de obra barata e que, agora, começa a tomar o mundo de assalto ao fazer o caminho inverso e abocanhar empresas e empregados ocidentais em sua própria casa.

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Produção do casal Obama

A saber, Indústria Americana (American Factory), da Netflix, primeira obra da nova produtora cinematográfica do ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama e sua esposa, Michelle, mostra esse caminho inverso ao acompanhar a instalação da companhia chinesa Fuyao de vidros automotivos em Dayton, cidade do estado americano de Ohio, onde antes funcionava uma linha de produção de automóveis inteiros da General Motors.

Além disso, plenamente conhecedores do colapso econômico da região, os diretores Steven Bognar e Julia Reichert usam de uma abordagem estritamente técnica para mostrar a tentativa de mesclar duas culturas em um esforço comum para manter a liderança de mercado.

Algo que os americanos, de fato, têm que aprender a duras penas ao por seus serviços sem o apoio de um sindicato profissional e recebendo metade do valor que recebiam antigamente.

Os chineses, por outro lado, devem aprender a conviver com a casualidade e a liberdade dos americanos de se expressar. Uma situação que quase sempre gera conflitos com a sua disciplina militar de trabalho, bem demonstrada nas inspeções regulares na matriz chinesa.

Indústria Americana Netflix

Exposição de uma dura realidade

Aliás, um dos grandes méritos de Indústria Americana – e isso inclui a excelente montagem de Lindsay Utz – é mostrar sem rodeios a melancolia dos americanos no início de suas novas e massacrantes rotinas e sua luta por melhores condições de trabalho.

Ao passo que os chineses levados a trabalhar em outro país sem qualquer adicional ao seu salário despertam um misto de raiva e admiração por seu estilo frugal de vida. Mas ainda assim orgulhosos de seu incontestável crescimento.

Enfim, Indústria Americana, da Netflix, ao contrário de tantos outros documentários, não é uma manifestação contra ou a favor do modelo de produção chinês. Entretanto, é o retrato mais pungente de como esse modelo vem tomando conta de toda a economia mundial. Doa a quem doer.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: American Factory
Direção: Steven Bognar, Julia Reichert
Distribuição: Netflix
Data de estreia: sex, 25/01/19
País: Estados Unidos
Gênero: documentário
Ano de produção: 2019
Duração: 110 minutos
Classificação: 12 anos

Jorge Feitosa

@jorgefeitosalima
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