Crítica de Série | Demolidor (1ª Temporada)

Leandro Stenlånd

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11 de abril de 2015

Ao entrar no mundo televisivo da Marvel com Agentes da Shield, digamos que muitos se tornaram céticos sobre o que a empresa poderia fazer para que não sofresse tanto quanto esta série.  Na verdade fizeram foi é muito barulho para pouca capacidade com toda a propaganda e marketing da série Agentes da Shield e com isso, tudo o que foi conquistado pelo cinemacom filmes como Homem de Ferro, Capitão América e Os Vingadores, acabou se perdendo na TV. a Marvel decidiu prestar um pouco de atenção no mundo das séries de TV a partir de 2013. Foi quando na verdade nasceu Agents of S.H.I.E.L.D.
Pelo fato de o orçamento ser muito menor, acabou-se criando um paradigma onde desenvolver bem seus personagens na TV, viraria uma missão piegas. Fãs são muito fiéis às características de cada personagem vivido no quadrinho e querem que as adaptações fiquem muito mas muito idênticas, assim como a contratação tem que parecer MUITO com o personagem nos gibis. Assim, eles acertam nas grandes histórias, são visualmente interessantes e o mais importante, eles fizeram a gente acreditar que todas essas coisas compartilham um único universo. Mas uma coisa que é facilmente encontrado no material de origem (HQs) que não vemos nos filmes são as pessoas normais, os bairros e o resto do mundo. “Demolidor”, o primeiro das cinco séries planejadas no universo Marvel-Netflix, fornece um impulso necessário para contar uma boa e convincente historia.
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Cronologicamente a coisa começa meio diferenciada, pois ela acaba sendo situada algum tempo após os eventos de The Avengers (a batalha de Nova York é constantemente citada como “o incidente”), a série retrata o dia a dia do advogado Matt Murdock (o carismático Charlie Cox, de Boardwalk Empire), que está iniciando o seu trabalho ao lado de seu melhor amigo Foggy Nelson (Elden Henson). Porém, o mesmo acidente que causou a sua cegueira na infância também ampliou todos os seus demais sentidos. Assim sendo, Murdock passa as suas noites como um vigilante nas ruas do bairro de Hell’s Kitchen. Nada que não nos remeta ao morcegão (Batman).
O andamento do roteiro nos leva rapidamente ao acidente que cegou Murdock e aumentaram  seus outros sentidos. Os primeiros dez minutos são uma espécie de encapsulamento para o personagem mostrar a sua origem (afinal, ele precisa de uma), seu compromisso com a sua fé, a sua perturbação, com o crime em torno dele e suas habilidades como lutador. Sem mencionar os créditos de abertura (com um breve teaser da sua eventual vestimenta vermelho) e apesar de cético no início, não serão poucos a dizerem o quanto esta série é simplesmente perfeita. Os primeiros minutos de abertura da série começam como qualquer filme da Marvel, que institui o caráter, seus motivos e seu estilo que o torna especial, mas uma vez a montanha-russa decola a partir da estação, claro ao bom estilo Marvel.
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Tudo o que DemolidorO Homem sem Medo não foi, esta série acabou sendo e para alegria dos leitores, a grande vantagem é que os espectadores não precisam esperar meses para ver o final da série, uma vez que todos os episódios são disponibilizados de uma só vez. Demolidor tem 13 episódios de 60 minutos cada! A atração adota um formato muito investigativo e sombrio.  O herói tipicamente urbano, tem seus oponentes, mafiosos, ninjas e psicopatas. O irreal estava presente, mas em doses tão sutis quanto a ideia de radiação ampliando sentidos de alguém. O Herói sem Medo volta às telas com dignidade e faz esquecer do péssimo longa-metragem que apareceu por ai em 2003.
Charlie Cox é intrépido e não teme nem um pouco em mostrar as facetas mais desagradáveis de Matt Murdock, abordando o desgaste físico e psicológico do personagem (poucas vezes um super-herói apanhou tanto quando o Murdock dessa série). Enquanto isso, Henson e Deborah Ann Woll (mais conhecida por True Blood, e que aqui vive Karen Page) trazem não só o alivio cômico da série (em doses pequenas e acertadas, sem prejudicar o clima de suspense), como também o calor humano. E se Rosario Dawson, Ayelet Zurer, Toby Leonard Moore e Vondie Curtis-Hall realizam bem as suas respectivas funções, é Vincent D’Onofrio quem rouba a cena de uma maneira surpreendente. Wilson Fisk, mesmo com a sua aparência, consegue parecer tão inocente, tímido e romântico em suas cenas com a personagem de Zurer ,que soa como se fosse apenas para revelar o seu lado monstruoso com intensidade nos momentos em que interage com seus capangas ou com o protagonista. Mesmo assim, D’Onofrio também consegue retratar bem o estranhamento e um pouco de desconforto do personagem nas cenas em que está interagindo com Zurer em lugares como restaurantes ou galerias de arte, dando a impressão de que o personagem não pertence de verdade a esses lugares, por mais que se esforce.
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O Rei do Crime (Kingpin) até se mostra um vilão calculista, frio, cruel, astuto e perturbador. Como todos os bons vilões o seu coração está no lugar certo, mas seus motivos são falhos, ele não é apenas mal por gostar de ser assim. Visualmente, “Demolidor” é uma das melhores adaptações de uma história em quadrinhos que eu vi, com um enquadramento e representação da cidade  Não tem The Flash, não há espaço para Arrow e muito menos outras séries do mundo DC. Exatamente como na história em quadrinhos, Demolidor veio com tudo e se torna uma espécie de Arrasa Quarteirão destruindo qualquer chance de Flash e Arrow vingarem tanto quanto vingaram até hoje pós fiasco Agentes da Shield. Cidadãos caminham normalmente, as pessoas andam de metrô, polícias falam uns com os outros. Momentos que não acontecem nas séries citadas por ficarem sempre aglomeradas naquele espaço temporal chato e repetitivo, apesar de convincente. Há também um nível de ação encontrado na série que reflete a sua base nos quadrinhos muito bem. A maneira que as lutas são coreografadas reflete o mundo desconexo da série.
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Quem acompanha Agents of S.H.I.E.L.D. ou mesmo as boas séries da DC Arrow e The Flash, irá se surpreender e por demais a qualidade da fotografia de Demolidor. Enquanto as três séries citadas foram rodadas no formato padrão de 2K, a nova produção da Netflix utilizou a qualidade 6K, como já havia feito com House of Cards.
Por que o mundo é cego e até hoje somente Game of Thrones enxergou que, investimento é tudo, e não há série de qualidade sem sequer um notável investimento em contratações. A segunda metade da temporada é de arrepiar, com o início da cruzada do protagonista contra o Rei do Crime. Enquanto Avengers: Age of Ultron ainda não estreia, recomendamos com louvor a angustiante jornada do trágico Demolidor que se forem inteligentes (A Marvel), podem muito bem pegar este excelente ator e joga-lo nos Vingadores guerras infinitas, pois estou certo de que é para isso que servirão as séries na TV, para no final de tudo, no capitulo final de vingadores, haver tanto herói que não terá como sequer reclamarem de que o desenho da Liga da Justiça Sem Limites apresentou até hoje mais heróis que a Marvel na TV.
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Posso e devo aplaudir “Demolidor” o suficiente ou até mais do que muitos podem achar que deveria. A sua narração sucinta de origem, e o drama de caráter dinâmico, com a ação, torna esta série  um outro lado da Marvel para o publico “Home”. É exatamente isso. Contando com uma trama envolvente e cenas de violência absurdas, em que a brutalidade vale muito mais que o estilo, como vemos ao final do segundo episódio, não há como não dar nota máxima à série!
Agora é aguardar pelos próximos desdobramentos dessa série (se é que haverá uma segunda temporada), e claro, com outros heróis urbanos da editora como Jéssica Jones, Luke Cage, Punho de Ferro (e a obvia torcida do Corinthians com Flamengo pela vinda do Justiceiro, Cavaleiro da Lua, Elektra – que teve uma breve pista – e Mestre do Kung Fu) – e vê-los formando nada menos que os “Defensores” na TV.

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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