Crítica de Série: Looking (Episódio Piloto)

Anderson Vidal

Nesse final de semana a HBO lançou a sua mais nova produção: Looking.

Interessei-me em conferir essa estreia pelo fato de relatar um mundo ao que eu convivo: o universo homossexual. E com isso poder analisar melhor e entender todo o sentimento e as situações que rolam nesse meio.

A sinopse da série é a seguinte: Looking acompanha a vida de três amigos. Patrick, um jovem de 29 anos de idade que trabalha como designer de video game. Depois de terminar um noivado, ele volta a circular no mundo dos ‘solteiros à procura’. Augustín, de 31 anos que concorda em ir morar com seu namorado Frank, em Oakland, mas teme não ser capaz de manter uma relação monogâmica longe da badalação noturna. E Dom, que é o mais velho dos três, 39 anos. Trabalhando há anos como garçom, ele divide um apartamento com sua amiga Doris. Ao reencontrar Ethan, sua antiga paixão, ele fica surpreso em ver que agora ele é um bem sucedido agente imobiliário. Isto leva Don a perceber que ele ainda não conseguiu se realizar profissional e pessoalmente, o que faz com que ele comece a vivenciar a crise da meia-idade.

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A série tem seus acertos e erros, mas vamos falar sobre os acertos.

Achei muito interesse como o episódio relatou a vida dos três amigos – mesmo que em horas isso também tenha sido um erro, mas comentarei a seguir. Identifiquei-me bastante com o protagonista Patrick, por estar vivenciando algo similar a ele e pela sua personalidade. Demonstrando estar frágil com a sua situação, querendo entender porque não consegue ter um encontro bem sucedido. E a forma como a série transmitiu tudo isso, foi incrivelmente real. Em alguns momentos, Patrick analisa o perfil de alguns caras no Intagram, se queixa pelo excesso de filtros, se inscreve em sites de encontros na tentativa de encontrar alguém bacana para conhecer. E é o que se acontece. Até encontrar com alguém e ver mais um encontro ir por água abaixo, e sem sabermos o que fizemos de errado, mais uma vez.

Interessante também foi à relação de Augustín e Frank. Augustín decidi ir morar com Frank, abandonar a cidade grande – por ter o custo de vida muito alto – e encarar uma cidade pequena. Porém, durante o trabalho um rapaz vai o ajudar, por fim, esse rapaz conhecia Frank e durante muita conversa e muita bebida acaba rolando algo a três – o que muitos casais realmente fazem para… sair da mesmice –, e após isso, surge uma questão no ar: teremos esse tipo de relacionamento? Acreditem, não dá certo! Por mais mente aberta que ambas as partes sejam, não da certo! E acredito que será o que vai acontecer entre Augustín e Frank, uma pena, porque curti bastante a química e a diversidade do casal.

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Já Dom não me causou muito interesse. Curti bastante algumas frases que o mesmo soltou, tipo: “A festa é Open bar? Então eu vou!” Num momento em que você está solteiro, querendo curtir todas, uma festa com Open bar é tudo! Mas fora isso, a história do personagem não me atraiu. Dom é garçom, acostumado a sempre ter uma transa todas as noites, e aos 39 anos está sozinho, vendo o seu ex crescer na vida e sentir isso como um peso na consciência. A história do personagem funciona para as pessoas que levam a mesma vida que ele, só em curtas aventuras, e quando se vê com uma idade avançada e alguns ao seu redor se ajeitando, começa a bater certo desespero, medo, insegurança.

Looking possui uma fotografia lindíssima, em todas as cenas percebe-se que não tem aquela luz falsa querendo deixar o ambiente iluminado, é tudo muito natural. A câmera se movendo, captando os movimentos dos personagens, é muito bonito.

O elenco é outro ponto positivo, são tão naturais que parecem ser de verdade e que estão em uma espécie de reality. O entrosamento dos amigos, as conversas, as risadas, é tudo muito real, muito bem construído. E o melhor, são atores mais humanos. Nada daquele homem sarado com o rosto liso que parece um boneco. Não, aqui temos homens barbados com o peito cabeludo, um protagonista normal, pessoas que nos identificamos, que poderia ser um de nós.

Agora vamos aos erros, único erro na verdade. Comentei que gostei da forma que apresentou a vida dos amigos, mas não gostei de como foram apresentados. No final do episódio não sabemos o nome de quase ninguém, não sabemos quem é quem. São jogados personagens em cena, e não nos apresentam a eles, nos deixando um tanto que perdido em meio à história, e quem é o que de qual personagem. Um pouco confuso. Mas no final conseguimos captar, mas durante as cenas, foi enlouquecedor.

Estou torcendo para que Looking desenvolva mais a sua apresentação aos personagens e que mantenha a fotografia e o roteiro, que é muito bom também. Com diálogos descontraídos, sinceros, interessantes.

Por fim, Looking me agradou, bastante até. Lembrando-me um pouco Sex and the city. E foi inevitável a comparação a Queer as Folk, que retrata o mesmo mundo, só que de uma forma um tanto diferente. Looking me pareceu mais verdadeiro, com situações que gays comuns frequentam durante o dia-a-dia, durante uma balada, um encontro, uma tarde com amigos.

Não encontrei informações sobre a audiência, para saber se foi bem aceito ou não, mas assim que estiver disponível, atualizarei. Vida longa a Looking.

Anderson Vidal

NAN