Crítica de Série: The Spoils of Babylon

Rodrigo Amém

Eu era criança quando o SBT ainda lutava para se estabelecer como uma rede de alcance nacional frente ao poderio econômico da Globo. Com a impossibilidade financeira de viabilizar seus próprios projetos em dramaturgia, Sílvio Santos volta e meia apelava para a exibição de minisséries americanas funcionando como a “novela das oito” de sua emissora. Combinadas com os folhetins mexicanos, essas minisséries dos anos oitenta ajudaram a forjar o tom “populesco” que se tornou a identidade da emissora paulista. O grande clássico dessa era é “Pássaros Feridos”, cafoníssima narrativa sobre um padre que larga a batina pro um rabo de saia.

The Spoils of Babylon é uma “homenagem” a esse gênero televisivo: a mini-série dramática dos anos 70-80. É uma comédia em seis episódios, apresentados pelo autor Eric Jonrosh (Will Ferrell numa atuação que lembra uma mistura de Orson Wells com Aguinaldo Silva). A cada episódio, Jonrosh apresenta as desventuras da família Morehouse, formada pelo barão do petróleo Jonas (Tim Robbins), sua filha Cynthia (Kristen Wiig), seu filho adotivo Devon (Tobey Maguire), Winston, o filho da Cynthia (Haley Joel Osment), o marido dela Chet Halner (Michael Sheen), e a esposa de Devon Lady Anne York (um manequim de loja dublado por Carey Mulligan).

Com esse elenco que mais parece uma escalação do Saturday Night Live, Spoils of Babylon abusa do direito de ser paródia. Apesar de algumas referências mais sofisticadas acabarem se perdendo – em um dos episódios há toda uma sequência referenciando a geração beatnik  – mas o saldo geral é hilariante. Pelo menos nos dois primeiros capítulos. Em alguns momentos, fica no ar um gostinho da paródia novelesca “Fogo no Rabo”, da falecida e saudosa TV Pirata. Barbooosa!

A questão é a premissa de The Spoils of Babylon. Dentro da história de Will Ferrel, a série tinha sido tão mal recebida em sua época que ficou esquecida num baú dentro do estúdio de TV sem nunca ter ido ao ar. Ou seja, de saída, sabemos que se trata de uma novela ruim. E Spoils demonstra isso de forma tão farsesca e exagerada que, passado o impacto de ver atores consagrados pagando mico, você meio que começa a concordar com a decisão dos fictícios executivos de TV. Talvez essa obra devesse permanecer perdida. Isto posto, os dois primeiros episódios valem a pena. Depois é contigo.

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Rodrigo Amém

NAN