Crítica de Teatro: “Gonzagão – A Lenda”
Anna Cecilia Fontoura
Eu vou mostrar pra vocês como se dança o baião e quem quiser aprender… É favor prestar atenção… Até poderia ter começado assim o musical “Gonzagão – A Lenda”, que está em cartaz até 1 de setembro no Theatro Net Rio, em Copacabana, mas confesso que o espetáculo foi infinitamente mais criativo do que eu, é claro… Rs
” Pedimos Vossa Licença
Para desfiar uma história
Um fabuloso destino
contado assim de memória
A aventura de um menino
Em seu caminho para glória”
Assim, de forma bem mais original e, logo de cara, mostrando a que veio, teve início o musical de João Falcão. O espetáculo mistura parte da história de Luiz Gonzaga (mas, vale ressaltar que não pretende ser uma biografia!), seus “causos” e músicas. Paralelamente é narrada as aventuras de uma companhia que roda o nordeste contando e cantando a vida de Gonzagão. Resumindo: São duas estórias em apenas uma peça (que de tão boa não dá vontade que acabe…) Sim, estórias! Afinal, como relatado ainda no primeiro número do espetáculo, não há um compromisso com a verdadeira história de Gonzagão.
“Quase tudo que sabemos
Do nosso protagonista
Vem de gerações extintas
De um tempo a perder de vista
O resto nós deduzimos
Juntando pista com pista
Por Deus, perdoem os deslizes
Que certamente virão
As imprecisões dos fatos
Os erros de condução
As relevantes ausências
No enredo desse baião”
A originalidade, objetividade, honestidade, diria até humildade, desses versos – que fiz questão de reproduzir na integra aqui – já me conquistaram logo nos primeiros momentos do musical. De forma bem humorada e, com direito a momentos bem tocantes e emocionantes, foi sendo revelada a trajetória de Gonzagão desde o nascimento até tornar-se uma lenda, incluindo até o reencontro com Gonzaguinha (aliás a relação dos dois não foi o foco, foi apenas pincelado já que não dá para falar de um pai sem comentar sobre o filho, não é…). Ao longo do musical foram sendo apresentadas famosas canções do Rei do Baião mostrando o que o homem vivia por trás daquelas letras de grande sucesso.
Como puderam conferir no vídeo acima, o elenco é formado por 8 homens (Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fábio Enriquez, Paulo de Melo, Renato Luciano, Ricca Barros e Marcelo Mimoso) e apenas 1 mulher. Todos trabalharam maravilhosamente bem, mas os destaques foram Laila Garin e Ricca Barros, que arrasaram tanto cantando como atuando. Além disso, Adrén Alves arrancou muitas gargalhadas durante o espetáculo, principalmente enquanto deu vida a mãe de Gonzagão… Já Marcelo Mimoso estreia no teatro interpretando Gonzagão. E o moço deu, muito bem, conta dessa enorme responsabilidade…
Texto brilhante, maravilhosas atuações e cantorias, figurinos estilizados, mas que não nos deixavam esquecer do nordeste em momento algum. Cenário que nos remetia a todo tempo ao sertão. Um espetáculo, diria até poético, que prende e diverte do início ao fim. Não é por acaso que a peça conquistou o Prêmio Shell de Melhor Musica em 2012 e o e de Melhor Produção no 7º Prêmio APTR.
A única ressalva a ser feita para quem pretende ir conferir o musical “Gonzagão – A Lenda” é : caso não conheça a biografia do Rei do Baião, procure dar uma pesquisada antes para poder compreender 100% do que se passa no espetáculo. Caso não tenha tempo, vá mesmo assim… Como entretenimento e cultura é fantástico! Essa é apenas uma dica para que você possa sugar tudo o que o musical oferece. Afinal, a proposta não é ser uma biografia… Confira o que o próprio João Falcão explica sobre a peça:
GONZAGÃO – A LENDA
Theatro Net Rio – Rua Siqueira Campos 143 – Copacabana
Até 1º de setembro (qui à asb às 21 h e dom às 20h)
Plateia e Frisas: R$ 120 / Balcão: R$ 90 Compre aqui
FICHA TÉCNICA
Texto e direção: João Falcão
Elenco:
Apresentando – Marcelo Mimoso
Atriz Convidada – Laila Garin e Adrén Alves, Alfredo Del Penho, Eduardo Rios, Fabio Enriquez, Paulo de Melo, Renato Luciano e Ricca Barros
Músicos:
Beto Lemos – Viola e Rabeca
Hudson Lima – Cello
Rick De La Torre – Percussão
Rafael Meninão / Marcelo Guerini – Acordeon
Direção musical: Alexandre Elias
Direção de movimento: Duda Maia
Direção de produção e Idealização: Andréa Alves
Cenografia e Adereços: Sergio Marimba
Figurinos: Kika Lopes
Iluminação: Renato Machado
Preparação vocal: Carol Futuro
Assistente de Direção: João Vancine
Assistente de Direção musical: Carol Futuro
Assessoria de Imprensa: Daniella Cavalcanti
Programação Visual: Gabi Rocha
Fotos: Silvana Marques
Assistente de Assessoria de Imprensa: Bruna Amorim
Coordenação de Produção: Janaína Santos
Produção Executiva: Regiane Sobral e Thalita Mendes
Estagiária de Produção: Andreza Lima
Coordenação de Planejamento: Mariana Sacramento
Assistente de Planejamento: Clarissa Verdial
Financeiro e Administrativo: Luciana Verde
Prestação de Contas: Ana Caroline Araújo
Apoio de Produção e Administração: Carlos Henrique
Produção e Realização: Sarau Agência de Cultura Brasileira