Crítica de Teatro | Romance Volume III – Agora Vai!
Julliana Della Costa
|22 de julho de 2015
Longe de ser clichê quanto ao tema “Romance”, Marisa Orth, surpreende uma plateia talvez desprevenida e coloca um creme a mais no espetáculo Romance Volume III – Agora Vai! , que segue a mesma vertente do anterior “Romance Vol. II”.
Criado por Marisa, “Romance Voll. II” trazia a busca constante pela alma gêmea e toda a sedução e decepções em suas mais variadas vertentes quando o assunto é ” paixão” . Em cartaz por cerca de 5 anos, os jogos da conquista embalados por canções que iam do “brega ao chic” deram lugar para o Romance Volume III – Agora Vai!.
Com direção de Natália Barros, e via argumentos de Teté Martinho e Juliana Rosenthal, a plateia conhece de forma divertidíssima como que se comportam as pessoas quando já estão em um relacionamento. Independente de classe social e faixa etária, quando se fala em paixão e interesse, segundo Marisa, as pessoas são idênticas e comparáveis a um cachorro : ” É como cachorro que persegue carro. Quando ele para, o bicho fica perdido ” conta Marisa em um de seus monólogos.
O repertório é inteiramente novo e conta com a competência musical de Hugo Hori, Carneiro Sândalo, Marco Camarano, Xuxa Levy e Paulo Bira, Marisa abre o leque musical indo da MPB ao Forró, sensibilizando ao cantar “Salve essa flor” – parceria de Paulo Zdan e Cassiano, música na qual deixa claro toda sua potência vocal e seriedade enquanto cantora.
Nesse novo espetáculo, novas cores e elementos cênicos entram no palco tendo o figurino de Fause Haten perfeitamente cabível às curvas artísticas da atriz e não só inovando para os que já acompanhavam essa história, mas ganhando notavelmente mais maturidade e propriedade, ao falar do tema que deixa o público olhar pelo buraco da fechadura a vida afetiva e porque não dizer, caótica, dessa personagem tão comum a todos.
Pode-se esperar qualidade no estilo de humor e atuação de Marisa Orth, mas fica evidente o quanto sua (também) formação em psicologia consegue encontrar o tom certo ao utilizar o palco para falar da psique, a deixando uma atriz muitíssimo mais interessante e cuidadosa.
Marisa ganha na originalidade de seu espetáculo, que igualmente ao primeiro, traz um texto praticamente baseado em dados científicos que por sí só, rendem um stand up comedy graças ao talento e anos de experiência da atriz, que além de interagir com a plateia dando margem para os improvisos, se isenta de cair no humor repetitivo e vazio, trazendo leveza para os corações mais intensos.
FICHA TÉCNICA
Concepção: Marisa Orth e Natália Barros
Direção Artística: Natália Barros
Direção Musical e Teclados: Xuxa Levy
Pesquisas e Textos: Teté Martinho e Juliana Rosenthal
Bateria: Carneiro Sândalo
Sopros: Hugo Hori
Guitarra: Marco Camarano
Baixo Acústico: Paulo Bira
Cenografia: Marco Lima
Cenotécnico: FCR Produções
Figurino: Fause Haten
Bijouteria: Mon Cher
Técnico de Som: Eduardo Ohata
Design e Operação de Luz: Arinagô
Roadie: Marcos Franco
Camareira: Luana Santos
Fotos: Priscila Prade
Assessoria Jurídica: Francez e Alonso Advogados
Direção de Produção: Andrea Francez e Priscila Prade
Realização: Super Amigos Produções Culturais
Produção Executiva: Bila Bueno
Assistente de Produção: Gigi Prade
Midias sociais: Marco Froner
Julliana Della Costa
Atriz, apaixonada por musicais, artes visuais, jazz e design. O contato profissional com a música, veio ainda criança, participando de corais, gravando CDs, e viajando feliz pelo Sul. Fã de Mary Poppins e Marilyn Monroe, colocou na cabeça que teatro e música seria o casamento perfeito e há 20 anos está nesse relacionamento sério. Ex estudante de psicologia, resolveu também se graduar em design gráfico e encontrou mais um motivo para os cabelos brancos nascerem. Com uma introspecção disfarçada, vê na poesia e textos um lugar para chamar de “lar” e fazer sua auto- análise diária com a desculpa de se dizer Cult, é claro.
