Crítica de Filme | Goosebumps – Monstros e Arrepios

Cadu Barros

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21 de outubro de 2015

Em 1995 foi lançado nos cinemas o jovem clássico “Jumanji”, filme que marcou a infância de muita gente (inclusive a minha). A obra contava a história de dois pré-adolescentes que, ao brincarem com um jogo de tabuleiro mágico, traziam à tona criaturas das mais diversas e passavam por diversos perigos, sendo auxiliados pelo saudoso Robin Williams. Dez anos após veio “Zatura”, em que novamente dois pré-adolescentes despertavam grotescas criaturas (desta vez espaciais) através de um jogo. Eis que agora, mais uma década depois, surge Goosebumps – Monstros e Arrepios, com uma premissa parecida e o mesmo senso de aventura dos anteriores.

Neste filme do diretor Rob Letterman, responsável pela divertida animação “Monstros vs. Aliens” e pelo fraco “As Viagens de Gulliver”, três pré-adolescentes dão vida a monstros oriundos de livros “mágicos” escritos por R.L. Stine, interpretado por Jack Black  – ator que já protagonizou “Escola de Rock”, outro ótimo filme infanto-juvenil nos anos 2000, e que aqui exerce a função desempenhada por Robin Wiliams em Jumanji: ajudar os jovens heróis a superar os vários desafios que surgem ao longo da obra. O interessante é que o personagem de Black realmente existe. O escritor R.L. Stine é o responsável por “Goosebumps”, uma das séries literárias de maior sucessos no mundo todo, com mais de sessenta volumes! E mais curioso ainda: ele faz uma ponta no filme. Metalinguagem maior que essa é impossível.

Goosebumps – Monstros e Arrepios 4

Cada um dos livros apresenta um conto de terror para crianças. E são exatamente os personagens contidos nessas obras, como o Abominável Homem das Neves e o lobisomem, que são “despertados” no filme, e aterrorizam uma pequena cidade dos EUA. O líder deles é o boneco de ventríloquo Slappy, uma espécie de versao maligna do próprio autor, que deseja vingança contra Stine.

O filme consegue administrar bem aventura, suspense e romance, derrapando apenas em algumas tentativas forçadas de humor, principalmente aquelas conduzidas pela tia do protagonista. Os efeitos visuais são excelentes, pois nunca tentam soar realistas demais, já que os monstros são frutos da imaginação, mas também convencem e aterrorizam na medida certa. Além dsso, o design das criaturas é bem inspirado. Destaque para os hilários gnomos de jardim assassinos, que soam ao mesmo tempo inocentes e ameaçadores. O desenho de som também é correto, e a trilha de Danny Elfman, especialista no gênero – não se esqueçam que são dele as composições de praticamente todos os filmes do mestre Tim Burton – confere uma mistura de senso de perigo e fantasia, pecando apenas por não criar um tema marcante (ok, pode ser que eu esteja mal-acostumado com o compositor). Infelizmente, o 3D está bem aquém dos demais aspectos técnicos, e não contribui em nada para a narrativa. É triste perceber que ele não está presente nem mesmo nas cenas onde há milhares de partículas suspenas – prato cheio para qualquer efeito em três dimensões que se preze (vide “Perdido em Marte) – o recurso é aproveitado corretamente.

Goosebumps – Monstros e Arrepios 2

O elenco de jovens não é excepcional mas também não compromete, já que possui carisma suficiente para esse tipo de produção. Já Jack Black demonstra talento de sobra, já que dá vida ao escritor de maneira eficiente, dosando loucura e genialidade, e ainda dubla o vilão com um sinistro (e engraçado) timbre de voz.

Portanto, Goosebumps – Monstros e Aerrepios é mais uma divertida aventura infanto-juvenil, que deve habitar o imaginário de muitas crianças, auxiliado ainda por uma inteligente estratégia de marketing, já que está sendo lançado no Brasil o livro “Goosebumps – A Noite dos Monstros Vivos”, com a história do filme. Fico feliz também por Hollywood não ter feito um remake de “Jumanji”(ainda), já que nunca conseguirão resgatar a magia e a inocência do original. É muito melhor que as crianças de hoje conheçam novas histórias e personagens, mesmo que estas prestem homenagem ao filme estrelado por Robin Williams, que ficará para sempre na memória de muitos adultos nascidos nos anos 80/90.

FICHA TÉCNICA:

Gênero: Aventura
Direção: Rob Letterman
Roteiro: Carl Ellsworth, Darren Lemke, Larry Karaszewski, Scott Alexander
Elenco: Amanda Lund, Amy Ryan, Anthony B. Harris, Ashleigh Jo Sizemore, Benjamin Papac, Caleb Emery, Clare Halstead, Drew Lamkins, Drew Lampkins, Dylan Minnette, E. Roger Mitchell, Ella Wahlestedt, Gabriela Fraile, Halston Sage, Jack Black, Jared Sandler, Jennifer Trudrung, Jillian Bell, John Deifer, John Herndon, Josh Phillips, Karan Soni, Kathy Walton Pulley, Keith Arthur Bolden, Ken Marino, Kevin Harrison, Kumail Nanjiani, Larry Mainland, Lucky Mangione, Luka Jones, Marshall Choka, Mason Pike, Michael Flayhart, Mickie Pollock, Natalie D’Addieco, Nate Andrade, Odeya Rush, Roger Neal, Rory Healy, Ryan Lee, Sarah Borne, Sean Gogan, Steve

Cadu Barros

Cineasta e jornalista, já dirigiu curtas premiados e trabalha há 10 anos em televisão. Cinéfilo desde criança, é fanático por Star Wars, e inclusive já realizou um fan film da saga. Apesar de ter clara preferência por filmes de ficção científica, fantasia e adaptações de quadrinhos, Cadu curte tudo quanto é tipo de filme, desde este seja bem-sucedido em sua proposta narrativa.
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