CRÍTICA | ‘Guardiões da Galáxia Vol. 2’ é uma “dramédia” musical de tirar o fôlego

Wilson Spiler

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27 de abril de 2017

No dia 5 de maio (nos Estados Unidos), o maior filme da história dos filmes está chegando. Não há e jamais haverá outro filme como esse. Nunca. Já ouviu falar de Cidadão Kane? Somos bem melhores. É sério. Nosso filme ganhou um milhão de pontos na exibição-teste. O Rotten Tomatoes já tem ele com 234% de aprovação. Guardiões da Galáxia Vol. 2 vai ganhar todos os prêmios cinematográficos e cerca de 39 medalhas de ouro olímpicas em natação, ginástica, o evento de esqui com arma, os x games, snowmobiling e mais. Vai ganhar a Copa do Mundo e sete ligas do Super Bowl. Desculpa, Tom Brady. Esse filme vai queimar seu cérebro e levantar seu espírito. James Gunn será eleito presidente do mundo. Vão colocar os rostos dos Guardiões no Monte Rushmore, com certeza. Iremos ganhar um planeta. 5 de maio irá se tornar um feriado nacional, e todos vão engravidar. Doce cairá do céu. O aquecimento global vai parar. Dinossauros voltarão à vida, o que, ao contrário do que muitos filmes dizem, é algo bom. Porque eles não vão matar pessoas. Em vez disso, serão animais de estimação maravilhosos. Então consiga seus ingressos o mais rápido o possível. Não seja a única pessoa no planeta a não ver esse filme.

Humildemente, Senhor das Estrelas.

As palavras proferidas por Chris Pratt em seu Facebook oficial parecem visionárias. Não, obviamente essas previsões do ator não serão cumpridas, mas podem ser levadas como boas metáforas para a qualidade de Guardiões da Galáxia Vol. 2 (Guardians of the Galaxy Vol. 2). Devo dizer, de antemão, que o filme entra, PELO MENOS, no Top 3 da Marvel Studios e, sim, consegue ser ainda superior ao original.

Temos na nova aventura do diretor James Gunn o mesmo timing para comédia do “Vol. 1”. Cenas engraçadíssimas, diálogos inspirados e atores extremamente cativantes fazem o espectador ir às gargalhadas. No entanto, antes que comecem os ataques alegando que o filme só tem piadas, é bom dizer que ele vai muito além disso.

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Sobre os supracitados atores, é impressionante a evolução e a química dos protagonistas. Dave Bautista, que interpreta o Drax, está impagável. O seu personagem, Rocket Raccoon e Baby Groot (dublados brilhantemente por Bradley Cooper e Vin Diesel, respectivamente) são responsáveis por alguns dos momentos mais engraçados da trama. No entanto, toda a equipe – inclusive Pom Klementieff, que interpreta a Mantis, nova integrante da trupe – está de tirar o chapéu. Porém, como disse anteriormente, não trata-se aqui apenas de uma comédia. Guardiões da Galáxia Vol. 2 tem como pano de fundo dramas dos bons. Por exemplo? A história de Star-Lord conhecendo seu pai Ego (Kurt Russell). Russell, por sua vez, está muito bem no papel e talvez seja um dos melhores – e mais assustadores – vilões da Marvel nos cinemas. A falta de  um antagonista de peso nos filmes anteriores gerava muitas reclamações dos fãs, algo que pode ser suprido aqui e dá uma ideia de como o Thanos pode ser ainda mais amedrontador e poderoso (ansioso desde já por “Vingadores: Guerra Infinita”).

Outras situações dramáticas bem aprofundadas são a rixa familiar entre Gamora (Zoe Saldana) e Nebula (Karen Gillan), as semelhanças de comportamento – e arrependimento por isso – entre Yondu (Michael Rooker) e Rocket, além do relacionamento mal definido entre o Senhor das Estrelas e Gamora. Embora não tenha achado a resolução da relação entre Gamora e Nebula das mais criativas, não é nada que faça a película perder grandes pontos com o espectador. Ou seja, prepare os lencinhos porque haverá ninjas cortadores de cebola lágrimas para dar e vender nas salas de cinema.

As cenas de ação também valem o ingresso. Nesse quesito, aliás, o filme é alucinante, com destaque principal para ALERTA PARA POSSÍVEL SPOILER (MAS NEM TANTO) a fuga de Yondu, Rocket e Baby Groot da nave dos saqueadores. Estamos diante de uma obra-prima, um verdadeiro balé musical capitaneado por James Gunn brilhantemente. A película em sua plenitude já tem visual espetacular, mas nesse momento, em especial, temos o ápice! Vou parar por aqui para não estragar muito a surpresa, apenas aprecie e arrepie-se.

Outro ponto relevante é como James Gunn obteve algumas conquistas impensáveis dentro da Disney. Além da violência exposta de maneira mais clarividente aqui (há cena, inclusive, de um dedo DECEPADO), há diálogos de cunho sexual, vide a conversa entre Peter Quill e Ayesha (Elizabeth Debicki), líder da raça Soberana. São detalhes tão surreais nesse mundo de Mickey e Minnie que mostram, até certo ponto, como essa “turma” evoluiu de uma produção para a outra e como os personagens amadureceram.

Há quem diga ainda que os diversos trailers e clipes divulgados na publicidade do longa revelaram demais a trama. Ledo engano. As cenas mostradas fazem parte apenas da primeira meia hora de projeção, com exceção de um outro take, mas que, ainda assim, não prejudica a experiência do cinéfilo. Falando em experiência, o 3D é outro assunto que merece atenção. Guardiões da Galáxia Vol. 2 é um dos filmes que melhor faz uso da tecnologia. Embora não seja primordial para o desenvolvimento da película, se o internauta puder assistir à alguma sessão do tipo, pode ser ainda mais divertido.

Para finalizar, é claro, não poderia deixar de falar da trilha sonora. Guardiões da Galáxia Vol. 2 tem uma seleção, no mínimo, do mesmo nível de “Vol. 1”. Com músicas que vão desde Looking Glass, com “Brandy (You’re a Fine Girl) – uma das mais citadas durante a produção por conta das conversas entre pai e filho (como Ego conheceu a mãe de Peter Quill) -, e Electric Light Ochestra (Mr. Blue Sky), que é executada durante uma das principais batalhas, a George Harrison (My Sweet Lord) e Cat Stevens (Father And Son). São tantas ótimas canções e tão bem encaixadas que fica difícil destacar só uma e nos permite classificar o longa como um Musical. Por que não já que as composições – assim como no primeiro volume – são fundamentais para o desenrolar da história e a dinâmica das cenas? Vale a pena escutar se tiver oportunidade (OUÇA AQUI. DE NADA).

Guardiões da Galáxia Vol. 2, que estreia no Brasil nesta quinta-feira (27 de abril) em circuito nacional, é simplesmente estupendo. Fruto de uma equipe talentosa e entrosada com um diretor genial e um produtor de primeira (Kevin Feige). Vida longa aos Guardiões e a James Gunn no Universo Cinematográfico da Marvel!

*OBS. 1: não ouse levantar da cadeira após o fim do filme. São CINCO (5 – FIVE – CINQ – 五) cenas pós-créditos, sendo algumas delas maravilhosas e que revelam detalhes importantes sobre o que vem por aí no UCM.

*OBS. 2: o mestre Sylvester Stallone tem participação pequena, mas importante e emocionante.

TRAILER:

FOTOS:

FICHA TÉCNICA:

Título original: Guardians of the Galaxy Vol. 2
Direção: James Gunn
Roteiro: James Gunn
Elenco: Chris Pratt, Vin Diesel, Zoe Saldana, Dave Bautista, Bradley Cooper, Michael Rooker, Karen Gillan, Pom Klementieff, Sylvester Stallone, Kurt Russell, Elizabeth Debicki, Chris Sullivan
3D
Distribuição: Disney
Data de estreia: qui, 27/04/17
País: Estados Unidos
Gênero: aventura
Ano de produção: 2017

Wilson Spiler

Will, para os íntimos, é jornalista, fotógrafo (ou ao menos pensa que é) e brinca na seara do marketing. Diz que toca guitarra, mas sabe mesmo é levar um Legião Urbana no violão. Gosta de filmes “cult”, mas não dispensa um bom blockbuster de super-heróis. Finge que não é nerd.. só finge… Resumindo: um charlatão.
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