CRÍTICA | ‘Homem-Aranha: De Volta ao Lar’ traz a essência do bom e jovem Peter Parker que gostaríamos de ver

Everton

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1 de julho de 2017

O amigão da vizinha retorna às telas do cinema com sua própria identidade e com uma notável essência quadrinesca

É impossível não comparar as versões lançadas dos heróis que gostamos. A ansiedade paira no ar. É difícil prever se a próxima versão será melhor, pior, ou se cada uma delas terá sua peculiaridade, onde comparações cairão por terra pela conjuntura de cada obra. Um dos exemplos que mais gosto de citar nesses casos é o do personagem Coringa do universo cinematográfico da DC. Na minha opinião é impossível comparar o Coringa de Jack Nicholson ao de Heath Ledger, e menos ainda a de Jared Leto, que foi a que menos agradou os fãs. De fato, são versões distintas de um mesmo personagem que marcou diferentes gerações de amantes de filmes baseados em HQs.

CRÍTICA #2 | ‘Homem-Aranha: De Volta ao Lar’: o amigão da vizinhança está de volta e em grande estilo!

Decidi iniciar o texto com essa pequena reflexão, pois as comparações as obras anteriores do Aracnídeo no cinema serão inevitáveis, embora eu defenda que o exemplo do Coringa se repita aqui. Sam Raimi nos entregou uma bela trilogia do Homem-Aranha e que nunca será esquecida, pois vários fatores foram muito bem alinhados à sua obra, tais como a própria direção, trilha sonora, atuações e carisma de vilões e do herói em questão protagonizado por Tobey Maguire. De fato, alguns desses itens não foram bem trabalhados no reboot do Espetacular Homem-Aranha, tornando a franquia o fiasco que foi. De certo, o primeiro longa do reboot até que é aceitável, mas a sua sequência foi uma tremenda bagunça, o que culminou na baixa aceitação pela crítica e público. Mas fique tranquilo, pois o aracnídeo protagonizado por Tom Holland retorna às telas do cinema com sua própria identidade e uma notável essência quadrinesca.

Desde que o ator britânico foi confirmado como protagonista de Homem-Aranha: De volta ao Lar (Spider-Man: Homecoming), ele revelou ser um grande fã do personagem, além de demonstrar várias habilidades acrobáticas que, com certeza, o ajudariam em sua atuação. Todo o seu esforço não foi em vão. O jovem de 21 anos interpretou magnificamente um Peter Parker de 15 anos, que ainda cursa o 2º ano do colegial e que precisa lidar com a prematura responsabilidade de se tornar um herói. Todo esse dilema foi muito bem trabalhado dentro de um roteiro que apresentou poucas falhas, atuações carismáticas, trilhas sonoras agradáveis e o tom cômico que vindoura as obras cinematográficas do Universo Marvel. Essa nova versão de Peter se assemelha e muito ao jargão ‘amigão da vizinhança’ presentes em edições de outrora dos quadrinhos.

Durante o longa existem infinidades de easter eggs e referências a outras obras do cinema e HQs, mas o que mais agrada nesse novo longa de origem é a forma encontrada para introduzi-lo de volta. A aparição do Homem-Aranha em Capitão América: Guerra Civil foi perfeitamente adequada, até mesmo para que não houvesse outra sequência mostrando a morte do Tio Ben ou a aranha que deu os poderes a Peter. O filme já segue uma história direta ao ponto, mostrando somente o que é necessário para lembrarmos tudo o que já foi mostrado nas obras anteriores. A irreverência de Parker e de seu sidekick e amigo Ned, vivido por Jacob Batalon, é dos pontos mais assertivos do longa, pois a dupla protagoniza diversos momentos hilários. E é nesse tom alegre – e até de certa forma ingênuo, devido a sua idade – que há muita identificação com o Aranha dos quadrinhos. Homem-Aranha: De Volta ao Lar é o filme que mais se enquadra na fórmula Marvel. De certo, muitas pessoas costumam chamar esse tom cômico presente nos filmes da Marvel como uma receita de sucesso, mais do mesmo ou até mesmo de “mundinho colorido da Marvel”. Mas foi assim que a empresa encontrou um formato que agrada – e muito – à grande maioria do público e crítica, e convenhamos que já se vão quase 10 anos de mais acertos do que erros que vêm desde Homem de Ferro em 2008.

Obviamente o longa não tem 100% de acertos e apresenta alguns problemas. Um deles eu já citei em pelo menos quatro críticas que escrevi sobre filmes de heróis, que é a motivação do vilão. Michael Keaton é um excelente ator e desempenha uma boa atuação no papel de Abutre, mas o vilão, assim como outros, apresenta motivações rasas e pouco exploradas. Outro personagem que cairá no esquecimento dos fãs é Liz Allen, interpretada por Laura Harrier, que é o potencial par romântico de Peter, mas que só faz jus à sua presença por estar atrelada a outro personagem – e claro que eu não contarei quem é.

Homem-Aranha: De Volta ao Lar é um longa que entrará para o hall de ótimo filme de herói. Assim como citei acima, é difícil dizer se ele é melhor, ou não, que a trilogia de Raimi, mas de fato é um filme que preenche muito bem o universo cinematográfico da Marvel. Além disso, ele marca uma nova acertada empreitada de reboots do amigão da vizinhança.

Aprecie sem moderação!

TRAILER:

FOTOS:


FICHA TÉCNICA:
Título original: Spider-man: Homecoming
Direção: Jon Watts
Elenco: Tom Holland, Michael Keaton, Robert Downey Jr., Marisa Tomei, Jon Favreau, Gwyneth Paltrow, Zendaya, Donald Glover, Jacob Batalon, Laura Harrier, Tony Revolori
Steve Carell, Kristen Wiig, Jenny Slate, Miranda Cosgrove, Russell Brand, Steve Coogan, Trey Parker, Dana Gaier
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 06/07/17
País: Estados Unidos
Gênero: Ação, Aventura
Duração: 133 min.
Ano de produção: 2016
Classificação: 12 anos

Everton

Paulista, jornalista em desenvolvimento, amante do mundo geek, co-fundador e editor-chefe do Ultraverso. Busco sempre o melhor em tudo o que me proponho a fazer.
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