CRÍTICA | Com analogia a questões sociais, ‘Ilha dos Cachorros’ mantém o bom nível do cinema de Wes Anderson

Tatyane Larrubia

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17 de julho de 2018

Uma excelente animação para adultos está chegando às telonas: Ilha dos Cachorros. O filme, que estreia dia 19 de julho, é dirigido por Wes Anderson, famoso por longas como “O Grande Hotel Budapeste” e “Moonrise Kingdom”.

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A história conta a aventura de Atari Kobayashi, um garoto japonês de 12 anos de idade, que busca incessantemente por seu cachorro Spots – seu guarda costas – que foi isolado na “Ilha do Lixo”, que é onde todos os cachorros da ilha foram condenados a viver por, aparentemente, apresentarem doenças transmissíveis aos humanos. Esse exílio dos cachorros foi providenciado pelo prefeito corrupto de Kobayashi, que é tio de Atari e aprovou leis que proibiam os cães na cidade. Embora as doenças estivessem, de fato, afetando a população humana, o político opta, por puro oportunismo, pela erradicação dos animais ao invés de investir na ciência e na cura. E, com uma política ditatorial e uma mídia tendenciosa, a população também fica contra os bichinhos. E, se considerarmos “cachorro” uma analogia a diversas questões sociais, não estamos muito distante da realidade que vivemos, não é mesmo?

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Outro ponto interessante na animação – por mais conspiratório que seja – é observar que uma das personagens que busca salvar os cachorros e encontrar a cura é uma intercambista americana. Tracy Walker (com a voz interpretada por ninguém menos que Greta Gerwig, diretora e roteirista do premiadíssimo “Lady Bird”) tem as cores da bandeira dos Estados Unidos no seu uniforme, e esse poderia ser apenas um detalhe se ela não fosse uma das poucas destemidas a enfrentar um regime ditatorial japonês em busca da salvação dos cães munida com a verdade científica progressista. Não que ela não estivesse certa, mas é, no mínimo, curioso a protagonização de uma personagem americana considerando o contexto do longa.

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Na dublagem original,  além da já citada Greta Gerwig, o Ilha dos Cachorros tem um time de peso: Bill Murray, Yoko Ono, Scarlett Johansson, Edward Norton, Jeff Goldblum, F. Murray Abraham, Bob Balaban, Tilda Swinton, Akira Takayama, Koyu Rankin, Frances McDormand, Bryan Cranston, Liev Schreiber, Kunichi Nomura, Akira Ito e Courtney B. Vance. Portanto, vale a pena assistir à versão legendada.

A animação foi gravada em stop-motion e possui uma estética excêntrica, assim como outras obras do diretor. Nos Estados Unidos, o longa foi censurado para crianças acima de 13 anos por conter muitas cenas violentas. No Brasil, a classificação indicativa é de 12 anos. Não que Ilha dos Cachorros não seja recomendado para os pequenos, afinal, é fofo, cativante e não apresenta finais infelizes para personagens relevantes, mas, talvez, sua estética possa ser um pouco cansativa para eles. Além do mais, pelas questões mais profundas, provavelmente será melhor apreciado por adultos.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Isle of Dogs
Direção: Wes Anderson
Vozes originais: Greta Gerwig, Bill Murray, Yoko Ono, Scarlett Johansson, Edward Norton, Jeff Goldblum, F. Murray Abraham, Bob Balaban, Tilda Swinton, Akira Takayama, Koyu Rankin, Frances McDormand, Bryan Cranston, Liev Schreiber, Kunichi Nomura, Akira Ito, Courtney B. Vance
Distribuição: Fox
Data de estreia: qui, 19/07/18
País: Estados Unidos
Gênero: animação
Ano de produção: 2018
Classificação: 12 anos

Tatyane Larrubia

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