CRÍTICA | ‘INFERNO’ é uma das poucas e boas pedidas para este ano!!!

Luigi Martini

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13 de outubro de 2016

Questionar a promessa divina da instituição milenar religiosa mais devota do mundo claramente atrai e muito o olhar das pessoas. Foi o que Dan Brown apresentou no best-seller O Código da Vinci (2003), acumulado em 80 milhões de cópias e 11º livro mais vendido no mundo. Esse fenômeno é entendido haja vista que a Bíblia Sagrada – a primeira dessa mesma lista – é absurdamente superior (incríveis 3,9 bilhões de cópias) e que estamos tratando aqui do cristianismo – religião que traçou por longas e enraizadas vias o curso da História civilizatória e que permeia fortemente até hoje no processo da condução humana.

O filme com o mesmo nome foi dirigido em 2006 por Ron Howard e estrelou Tom Hanks como o professor-explorador. O sucesso ultrapassou as expectativas e entrou para a 69º posição das maiores bilheterias do cinema (US$758 milhões).

Agora, depois de Anjos e Demônios (2009) – que percorre caminho divergente do primeiro: o conflito entre ciência e religião, entrelaçada entre os Illuminati e a Igreja -, Inferno (2016) chega para encerrar a inquietante série cinematográfica. Neste último longa a temática escrita por Brown não gera desinteresse, muito pelo contrário. Similarmente ao que afirma o cientista Bertrand Zobrist na película apenas em 1850 a Terra totalizou 1 bilhões de habitantes. De 1850 a 1950 o contingente populacional teve um estrondoso crescimento, alcançando 2,5 bilhões de habitantes. 40 anos depois, a população já havia crescido mais do que o dobro, totalizando 5,2 bilhões de habitantes. A partir do ano 2.000 a população total do mundo somava 6 bilhões de pessoas e, segundo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas) de 2008 a relação ao número de habitantes em escala planetária para o ano de 2050 poderá atingir 9,2 bilhões de pessoas. Dessa forma, os recursos naturais, já escassos, se esgotariam completamente; o acesso à terra e moradia poderiam não suportar esse acúmulo e isso possivelmente ocasionaria uma guerra global em busca de sobrevivência. Ele sugere que os grandes males produzidos pelo homem foram produzidos em nome do bem e afirma ainda que “O câncer da humanidade é o próprio homem”. Diante desse caos, a solução proposta por Zobrist seria a aniquilação da maior parte da população através de um vírus, tal como produziu a Peste Negra na Baixa Idade Média.

inferno-2016-official-trailer

O imaginário do inferno no filme deriva de recentes memórias do professor Robert Langdon (Tom Hanks) imerso a uma aflita desordem de luta por sobrevivência: pessoas com a cabeça virada para trás observando qualquer um de seus movimentos, outras vestindo assustadoras máscaras de médicos da Peste Negra; um caos. Dado a isso, vê-se, portanto, uma tensão mais agonizante ao estilo fuga/investigação que se projeta na narrativa inicial comparada às fitas anteriores. Essa velocidade pode vir a atrapalhar aos que gostariam de entender melhor sobre a questão-chave da obra, mas é compreensível visto que temos aqui uma versão para o cinema e que grande parte do público pode estar mais interessado em sentir o clima o movimento da trama.

De forma geral o conjunto de cores oscila, na maior parte do tempo, entre quentes vibrantes e o sépia padrão da franquia, unido ao toque clássico e elegante da ambientação de Florença. Sobre o roteiro, o desenrolar dos acontecimentos de Sienna Brooks, vivida por Felicity Jones, gera desconforto por não ser claramente desenvolvido e explicado ao público. O personagem de Omar Sy, Christoph Bruder, é quase desprezível para a trama – que, por sinal, é pouco aproveitado, sendo substituído facilmente por outro ator. Tom Hanks parece mais cansado aqui, contribuindo pouco para sua atuação. Porém, o que sustenta a obra é sua intenção. Não oferece grande apelo cinematográfico, mas a montagem de um enredo veloz e intenso, junto a grande questão destrinchada por Dan Brown – pertinente a nossa geração – certamente agradará aos fãs e é uma das poucas e boas pedidas para este ano para o cinema “arrasa-quarteirão”.

Luigi Martini

Estudante de publicidade e futuro professor em estudos da comunicação, tecladista de uma banda alternativa em desenvolvimento e alguém que procura pensar sobre a vida e seus pertences através de filmes.
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