CRÍTICA | ‘Midhunter’, uma série entre a psique e a psicose de seus personagens

Gabby Soares

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15 de novembro de 2017

Midhunter, a nova série da Netflix, apresenta uma das premissas mais interessantes dos últimos lançamentos da plataforma. A ideia de Joe Penhall, ainda que apresente algumas características do gênero policial, é fazer um mergulho na psique de seus personagens, sejam os assassinos ou os investigadores. Dessa forma, o seriado se apresenta com uma proposta predominantemente psicológica, e cumpre isto até o último segundo da sua primeira temporada.

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Tudo começa com Holden Ford (Jonathan Groff), um agente especial do FBI. Ele é instrutor de recrutas da agência federal e após uma conversa com um colega passa a questionar se as formas como eles interpretam e lidam com criminosos violentos e suas motivações para cometer crimes realmente correspondem à realidade. A partir desse ponto, com a ajuda de Bill Tech (Holt McCallany), que trabalha na Unidade de Ciência Comportamental, Holden passa a pesquisar a psique de criminosos famosos dos Estados Unidos.

O ambiente natural da narrativa é a tensão, além de brincar constantemente com a ideia de clímax e anticlímax, o que vai de encontro com a trajetória psicológica da maioria dos personagens. Ao mesmo tempo que o público acompanha o perfil psicológico dos criminosos ser traçado também observa o desenvolvimento e impacto psicológico desse trabalho nos investigadores e em suas relações pessoais e de trabalho, como com a namorada de Holden, Debbie (Hannah Gross), e com a acadêmica que os guia nas pesquisas Dra. Wendy Carr (Anna Torv).

Dessa forma, o jogo psicológico de cada ação, fala ou silêncio é o que constrói todo o clima da série. Tudo passa a ter significado para o desenvolvimento da narrativa e dos personagens, em uma tensão que passa a envolver também o público para descobrir o que exatamente irá acontecer. Características técnicas, como a fotografia em tons apagados e cinzentos e a trilha sonora também ajudam a compor o clima de Midhunter. O que é reforçado pela oposição entre decadência e decência em diferentes cenas e enquadramentos, muitas delas mentais, pintadas pelos diálogos.

As escolhas do principal diretor da série, David Fincher, apontam desde o primeiro episódio para esse caminho. Também é sua assinatura e influência nessa série o ritmo da narrativa. A construção mais lenta e gradual da história e dos personagens é uma escolha que combina com a proposta apresentada. Para quem esperava uma história policial dinâmica e acelerada, isso pode ser uma decepção, entretanto, para os interessados pelo tema e pela compreensão do processo mental, o ritmo é apenas mais uma característica que faz a trama tão interessante. As atuações também enriquem a série. Em especial, a performance de Jonathan Groff e Cameron Britton, que interpretou o assassino Ed Kemper são elementos que merecem a atenção do público.

Midhunter é um mergulho no psicológico de cada personagem, o que é ainda mais interessante por ser baseado em fatos e pessoas reais. O enfoque do desenvolvimento no plano da personalidade e nas linhas que levam aos extremos das ações dos personagens é um de seus maiores atrativos. Penhall e Fincher acertaram em cheio e deixam o público ansiosos por respostar e por uma continuação da história, que vêm em 2018, com a segunda temporada já confirmada pela Netflix.

::: TRAILER

https://youtu.be/QSyCsTjroxE

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Gênero: Drama
Produção: Netflix
Estreia: 13/10/2017
Produtores executivos: David Fincher, Charlize Theron, Josh Donen, Ceán Chaffin
Elenco: Jonathan Groff, Holt McCallany, Hannah Gross, Sonny Valicenti, Anna Torv, Cotter Smith, Joe Tuttle, Alex Morf, Stacey Roca, Cameron Britton, Joseph Cross, Marc Kudisch, Happy Anderson, Duke Lafoon, Jesse C. Boyd, Peter Murnik

Gabby Soares

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