CRÍTICA | História conflituosa de ‘Minha Filha’ transpassa sentimento ao espectador

Giovanna Landucci

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8 de outubro de 2018

Da estreante diretora e roteirista italiana Laura Bispuri, o filme Minha Filha (Figlia Mia), escolhido para a Mostra Competitiva do Festival de Berlim de 2018, retrata, quase como um documentário, um acontecimento e problema familiar que é tema de muitos filmes: uma mãe que tem medo de perder sua filha adotiva para os carinhos e encantos da mãe biológica.

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Retratado através de uma câmera em primeira pessoa, que acompanha os movimentos dos personagens, quase como se fosse o olhar de um personagem da trama e com uma fotografia que relembra as décadas de 70 pelo uso de tons pastéis, a história se passa na Itália em um vilarejo, uma espécie de comunidade pesqueira da região, onde também se tem pequenas atividades pecuaristas e festivais como rodeios, que lembra cidades do interior, porém que fica próxima ao mar e aparenta ter sido gravada com câmera super 8 pra dar esse ar de gerações antigas e intimista à projeção.

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Minha Filha é um filme completamente sensorial que também mostra o desespero de uma miserável mulher que, além de endividada, está no fundo do poço. Angélica (Alba Rohrwacher), mãe biológica de Vitória (Sara Casu), aparece na vida de Tina (Valeria Golina) porque está endividada e prestes a ser despejada. Esta prometeu lhe ajudar em qualquer circunstância que ela precisasse. São vizinhas desde sempre e amigas de infância, mas Vitória, filha de Tina não a conhecia. As três são as protagonistas, em uma história triangular.

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Angélica é uma alcoólatra que se diverte no bar com os homens que encontra em busca do amor que ela mesma não tem por si. Tina, por sua vez, é casada com Umberto (Michelle Carboni), um homem pacato que não teme em perder a filha, mas que fará de tudo para ver sua família feliz. Tina, desesperada, procura Angélica e diz “ela não me olha mais como antes”, ao perceber os encantos de sua filha pela verdadeira mãe.

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Foto: Imovision / Divulgação

Com trilha e sonoplastia muito bem empostadas por Daniela Bassani, os efeitos dão vida à trama por mostrarem a angústia e a euforia dos personagens, ao mesmo tempo em todas as cenas que há trilha sonora com músicas bandas típicas italianas, há um corte muito brusco, além de elipses mal construídas ou mal direcionadas, deixando algumas lacunas, porém, nada que impacte negativamente na obra, pois toda a sensibilidade e moção à flor da pele dos personagens é diretamente passada a quem assiste.

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Minha Filha tem duas histórias caminhando em paralelo, onde o desastre em que se encontra a vida de Angélica e Tina, que se vê em meio a tudo isso. Vitória está no centro do conflito e entra nessa trama como a salvação para tudo, demonstrando mais maturidade que as duas mães. E, em meio a seus encantos e desencantos com a vida, mostra que cresceu, pois se vê obrigada a lidar com questões existenciais muito acima do nível de sua faixa etária. Ao completar 10 anos de idade está prestes a fazer uma escolha que afetará sua vida para sempre. A doçura e a maturidade da menina será a chave para tudo isso.

::: TRAILER

:::: FICHA TÉCNICA

Título original: Figlia Mia
Direção: Laura Bispuri
Elenco: Valeria Golino, Alba Rohrwacher, Udo Kier, Michele Carboni
Distribuição: Imovision
Data de estreia: qui, 11/10/18
Nacionalidades: Alemanha, Itália, Suíça
Gênero: drama
Ano de produção: 2018
Classificação: 12 anos

Giovanna Landucci

Publicitaria de formação, sempre gostei de escrever. Apaixonada por filmes e séries, sim, posso ser considerada seriemaníaca, pois o que eu mais gosto de fazer é maratonar! Sou geek principalmente quando falamos de Marvel e DC. Ariana incontestável, acho que essa citação de Clarice Lispector me define "Sou como você me vê. Posso ser leve como uma brisa, ou forte como uma ventania. Depende de quando e como você me vê passar." Ah, como é de se notar pela citação, gosto de livros e poesia também.
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