CRÍTICA | ‘O Nevoeiro’: adaptação desnecessária e genérica deixa a desejar

Maria Clara Novais

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24 de outubro de 2017

O Nevoeiro (The Mist) estreou na Netflix e é baseado em um conto de Stephen King.  A obra já foi adaptada para um longa dirigido por Frank Darabont em 2007, dessa vez a história é contada em formato seriado.  Na nova produção, a cidade de Bridgton é tomada por uma névoa espessa que obriga os moradores a se abrigarem em locais fechados. O foco da narrativa é a dinâmica entre as pessoas presas tentando sobreviver ao evento inexplicável.

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A trama se difere do filme por girar em torno de três núcleos principais ao invés de um. O primeiro é formado por Kevin (Morgan Spector), um homem que procura por sua família, Adrian (Russell Posner), melhor amigo da filha de Kevin, Mia (Danica Curcic), uma presidiária viciada em drogas, e Brian (Okezie Morro), um soldado com amnésia. O segundo se passa no shopping, onde está Eve (Alyssa Sutherland) e Alex (Gus Birney), esposa e filha de Kevin, Jay (Luke Cosgrove), jovem filho do xerife acusado de estuprar Alex, e a maioria do elenco secundário. O terceiro se desenrola na igreja, onde há Nathalie (Frances Conroy), que acredita que é a escolhida e que o nevoeiro é uma ação do Deus da Natureza, Connor (Darren Pettie), xerife local e pai de Jay, Padre Romanov (Dan Butler), que vê o nevoeiro como o Apocalipse, e outros fiéis da igreja. Assim, a série busca explorar novos conflitos pessoais e diferentes dinâmicas de grupo, entretanto O Nevoeiro falha em todos os núcleos.

A produção decide tratar e discutir temas importantes na sociedade contemporânea como vício em drogas, estupro, machismo, bullying, fanatismo religioso, violência policial e questões LGBT+, porém não consegue abordar nenhum tópico com a devida importância, profundidade e cuidado. As problemáticas são jogadas de maneira afobada na tela, mas logo são esquecidas.

Além do roteiro pobre, cheio de diálogos ruins, situações sem sentido e soluções óbvias, os personagens não agradam. É impossível se identificar ou torcer por qualquer um deles, o que é ampliado pelas atuações fracas, rasas e inexpressivas. Não há química entre os sobreviventes, tudo parece forçado, desde lagrimas até as relações afetuosas entre os personagens. A série também tenta criar momentos de tensão e terror, porém não consegue, nem a névoa parecer uma ameaça real como no filme de 2007. Em termos técnicos, O Nevoeiro também não se destaca, há efeitos visuais extremamente ruins e não há uma identidade visual, ela é completamente genérica.

A adaptação desperdiça várias tramas que poderiam render muito a história, como a questão religiosa que envolve o evento e toda a situação no hospital, mas tudo parece perda de tempo. As reviravoltas, que poderiam ser um trunfo, não surpreendem porque acontecem de maneira completamente clichê. Assim, os episódios são arrastados e há um alongamento desnecessário da história. Enfim, a série da Netflix se caracteriza por desperdiçar o potencial de seu material original e trazer um enredo desinteressante.

::: TRAILER

https://youtu.be/lkWgbAA8Lfs

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Produtor executivo: Christian Torpe
Diretores: Guy Ferland, Nick Murphy, Adam Bernstein, David Boyd, James Hawes, Richard Laxton, Matthew Penn, T.J. Scott
Elenco: Morgan Spector, Alyssa Sutherland, Gus Birney, Isiah Whitlock Jr., Bill Carr, Holly Deveaux, Nabeel El Khafif
Gênero: Horror
Produção: Spike
Estreia: 22/06/2017

Maria Clara Novais

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