Crítica | One Day at a Time (3ª temporada)

Bruno Cavalcante

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18 de fevereiro de 2019

A série “One Day at a Time”, remake da Netflix baseado no homônimo sitcom da década de 70, estreou sua terceira temporada no início do mês de fevereiro com direito as diversas participações especiais como a cantora Gloria Estefan, Stephanie Beatriz e Melissa Fumero.
E se nas temporadas anteriores a produção arrebatou o coração de milhões de pessoas através do dia a dia da família Alvarez, nesta terceira parte, tivemos uma verdadeira coroação na categoria de ‘a melhor comédia dramática’ dos últimos tempos. E o título não é nenhum exagero.
A verdade é que “One Day at a Time” consegue equilibrar comédia/drama como nenhuma outra série concorrente. Ao mesmo tempo em que temos piadas prontas, simples e eficazes, também somos apresentados a temas mais sérios como homofobia, xenofobia, imigração, transtorno de ansiedade e até mesmo depressão. E o grande trunfo dos autores Gloria Calderon e Mike Royce é que mesmo atravessando problemas tão obscuros, a família Alvarez sempre arranja um jeito leve de conduzir tais situações, e sem perder o tom e a autenticidade de cada elemento.

:::  Temos alguns SPOILERS abaixo

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Novos rumos

Na temporada anterior tivemos uma abordagem um pouco mais pesada, com Penélope (Justina Machado) precisando levar mais a sério a questão de sua saúde mental, o que nos rendeu um dos episódios mais intensos de toda ODAAT, além do derrame sofrido pela abuelita Lydia (Rita Moreno), que conseguiu nos levar do choro ao riso no final da última season. Nesta nova parte o tom ficou mais suave, com mais interações voltadas para o humor, com destaque para as participações dos agregados Dr. Berkowitz (Stephen Tobolowsky), Schneider (Todd Grinnell) e Syd (Sheridan Pierce).

O enterro

No primeiro episódio da atual season já de cara temos a introdução das participações de Gloria Estefan (“Música do Coração”/”Glee”), Stephanie Beatriz (“Brooklyn Nine-Nine”) e Melissa Fumero (“Brooklyn Nine-Nine”), que interpretam os novos membros da família Alvarez, que na ocasião estão presentes devido ao funeral de uma de suas tias. No entanto, o que de fato os fãs e a imprensa estavam mesmo esperando era a noticiada interação entre Lydia (Rita Moreno) e Mirtha (Estefan), irmãs ‘arqui-inimigas’, devido a um suposto roubo de uma mantilla no passado.

Foto: Netflix / Divulgação


Apesar do forte de Gloria Estefan não ser de fato a atuação, a Rainha do Pop Latino fez o dever de casa e conseguiu se encaixar dentro do que era previsto para a sua personagem, mesmo que de maneira tímida. E, claro, muito disso devemos ao talento de Rita Moreno, que soube realizar a ponte da linha cômica entre ela e Estefan, e o que claramente não deve ter sido muito difícil, visto que fora das telas as duas perpetuam uma grande amizade e ainda por cima são legítimas cubanas.
E, por fim, o resultado desta combinação resultou em excelentes cenas abordando as grandes diferenças ideológicas dentro de uma mesma família, incluindo as várias formas de um único grupo de lidar com a aceitação de um parente homossexual. Uma abordagem única como só “One Day at a Time” é capaz de fazer.

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Amadurecimento e novos desafios

A temporada também nos trouxe um certo amadurecimento dos irmãos Alvarez. Alex (Marcel Ruiz), que notoriamente cresceu aos olhos do público, agora necessita aprender a conviver com os bônus e ônus de ser um pré-adolescente e o único membro homem da família. Já Elena (Isabella Gomez), também cresceu, e além de ter de lidar com as responsabilidades de sua quase maioridade, precisou entender um pouco mais sobre seu relacionamento com Syd (Pierce) e até mesmo em relação às manifestações de sua herança genética materna.  
Dentro deste mesmo universo o roteiro também constrói uma abordagem sobre o alcoolismo e outras situações mais sérias. Neste caso, apresentando Alex e o seu primeiro contato com o mundo das drogas, que ao ser pego em um evento de “maconha livre”, precisou receber algumas lições de sua mãe sobre comportamento e um entendimento maior em relação ao preconceito e a real condição dos latinos que vivem nos Estados Unidos.   

Foto: Netflix / Divulgação


Já Schneider (Todd Grinnell), depois 8 anos de sobriedade, teve a sua primeira recaída no vício da bebida devido a um turbulento reencontro com seu pai. Aliás, algo que poderia ter sido melhor aproveitado, visto a importância do tema, mas que talvez o medo de prejudicar a essência cômica do personagem tenha pesado além, afinal, o quadro pintado sobre as terríveis consequências do vício no álcool de Victor (James Martínez), ex-marido de Penélope, ainda encontra-se totalmente presente na lembrança e no dia a dia de todos.    

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Assédio e machismo

Como já falamos aqui, a série realiza uma perfeita mescla entre o riso e o drama. E neste terceiro ano Gloria Calderon e Mike Royce acertaram em cheio ao abordar o machismo, um tema atual e recorrente (infelizmente), e que desta vez encontrou um gancho no segundo episódio ao retratar o assédio vivido por Elena e Syd nas ruas. Um ponto alto para os diálogos sobre um melhor conhecimento dos limites em relação ao que é ou não considerado assédio, expostos de maneira simples e eficaz.  

Foto: Netflix / Divulgação

Uma season para fazer rir

A conclusão que fica deste terceiro ano de “One Day at a Time” é que a série escolheu focar um pouco mais na comédia do que no drama em si, o que de maneira geral não caracteriza qualquer tipo problema, visto que a produção possui uma base cômica bastante sólida. Mas para aqueles que estavam esperando a construção gradativa de algo mais intenso nos últimos episódios, talvez a season tenha ficado um pouco aquém. Todavia, ODAAT, inegavelmente, segue sendo uma das melhores produções atuais da Netflix. E sim, aguardamos por uma 4ª temporada.

::: FICHA TÉCNICA

Título original: One Day at a Time
Temporada: 3
Produção: Gloria Calderon Kellett, Mike Royce, Norman Lear
Criação: Gloria Calderon Kellett, Mike Royce, Norman Lear
Elenco: Justina Machado, Todd Grinnell, Isabella Gomez, Marcel Ruiz, Stephen Tobolowsky, Rita Moreno
Gênero: Comédia/Drama
País: Estados Unidos
Ano: 2019
Classificação: 12 anos

Bruno Cavalcante

Meu nome é Bruno Cavalcante, sou formado em publicidade e propaganda, carioca, escorpiano, apaixonado pela vida e por cinema também. Meu gênero preferido é o terror, mas gosto e vejo de tudo um pouco.
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