CRÍTICA | ‘Resident Evil 6: O Capítulo Final’ encerra (ou não) a saga de forma coerente e positiva

Everton Duarte

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26 de janeiro de 2017

Chega aos cinemas nesta semana Resident Evil 6: O Capítulo Final. Então, dentro desse mesmo mês, precisamos falar sobre mais uma adaptação dos games para as telonas. As adaptações tiveram início em 2002 com Resident Evil: O Hósdepe Maldito, e ao longo desses 14 anos e cinco longas, a saga arrecadou cerca de US$ 900 milhões de bilheteria em todo mundo.

Resident Evil 6 tem seu início pouco após os acontecimentos de seu antecessor e, assim como em Resident Evil 5: Retribuição, a apresentação traz Alice narrando o que houve em sua vida até o presente. Essa abordagem se torna um ponto positivo. Após tantos anos e tantos filmes, alguns detalhes acabam se perdendo e essa breve ‘explicação’ se demonstra muito útil. Até mesmo os novos espectadores do longa – apesar de ser o 6º e talvez o último – não ficarão desamparados ou perdidos na história.

A direção de Paul W.S. Anderson é um dos pontos altos do filme. Todas as cenas de ação (e serão muitas) são muito bem arquitetadas, sem mencionar sua esposa, Milla Jovovich, que sempre foi um espetáculo à parte na franquia. Paul traz de volta nesse sexto capítulo a imersão ao horror combinado com ação frenética dos últimos títulos dos games. Os primeiros momentos do longa são dignos de sustos, da boa e velha exploração e da busca por itens, tais como nos primeiros games da franquia. Alice aparece completamente desprovida de qualquer item, desarmada e completamente perdida no início de sua jornada. Esse bom começo do longa prova que é possível adaptar – e bem – um jogo para as telas do cinema. Infelizmente, o filme vai perdendo os ares de game e volta para o raso roteiro que precede a franquia.

Velhos vilões estão de volta. Rainha Vermelha (Ever Jovovich), que foi até então uma das maiores manipuladoras desde o primeiro filme, agora está auxiliando a nossa protagonista na luta contra a poderosa Umbrella. Dr. Alexander Isaacs (Iain Glen), como foi mostrado nos trailers, retorna dos ‘mortos’ e é nesse ponto que eu preciso citar uma das escorregadas do longa. O retorno do arqui-inimigo é bem encaixado de certa forma e sua aparição tem explicação coerente dentro da trama. O problema está no uso forçado das motivações (sempre elas) que vêm se tornando cada vez mais o motivo de insucesso dos blockbusters atuais de vilões versus heróis. Ah, mas você não comentou que o roteiro é raso? Sim, e de fato é mesmo. A construção do personagem vai além da adaptação do roteiro e o mal uso desse elemento é algo que preocupa e muito, vide o recente “Assassin’s Creed”, que sobra em ação e direção, mas comete os mesmos erros citados acima.

Albert Wesker (Shaw Roberts) é um dos grandes vilões dos games, e esteve presente em alguns dos filmes de Resident Evil. A cena final do capítulo 5 deixava no ar a mensagem de que Wesker abandonaria o papel de antagonista de Alice e buscaria sua uma possível redenção no capítulo final. Pois bem, ele continua como vilão, até aí tudo bem, mas eis que temos outra escorregada aqui. A sua participação é pífia – para não dizer desnecessária – , mas as habilidades dele como estrategista são bem desenvolvidas nos momentos que precedem o final do longa.

O maior problema desse último longa está nos erros de continuidade. Lamentavelmente são muitos. Eles vão desde hordas zumbis, que ora estão em cena e de repente desaparecem. Em certo momento da projeção você também se pergunta: por que diabos a Clarie Redfield não ajudou a Alice? Outra pergunta – e talvez a maior delas – que você fará é: como Jill Valentine, Ada Wong e Leon morreram? No filme não há sequer uma explicação.

E por falar em personagens dos games que vieram para os longas, os efeitos especiais foram bem desenvolvidos. Várias criaturas do jogo estão presentes, tais como Cérberus, Lickers, Popokarimus, Hunter Beta, assim como os próprios zumbis. Além das criaturas, os cenários apresentados no decorrer da película também trazem um mix da estética dos games. A trilha sonora não é de fato marcante, mas atrelada às cenas de ação consegue prender de forma positiva a sua atenção diante a tela.

A franquia Resident Evil, é considerada por muitos, mais como uma saga de filmes pastelão do que necessariamente uma boa adaptação dos games ao cinema. Vale lembrar que a partir do game “Resident Evil 4”, a Capcom (desenvolvedora dos games) também sofre arduamente com críticas negativas por não conseguir manter as origens de survival horror que fizeram com que o sucesso dos primeiros jogos seja reconhecido até hoje. Considerando que os filmes são um universo paralelo ao game, Resident Evil 6: O Capítulo Final encerra (ou não) a saga de Alice de forma coerente e positiva. Essa última parte é sim digna de ser conferida nos cinemas e, com certeza, Alice ficará em nossos corações.

O game Resident Evil 7: Biohazard chegou às lojas durante essa semana e, se você é fã, fique atento em nossa sessão de REVIEWS, pois em breve traremos um ótimo review com diversos detalhes desse novo título.

Aprecie sem moderação.

TRAILER:

FICHA TÉCNICA:

Título original: Resident Evil: The Final Chapter
Direção: Paul W.S Anderson
Elenco: Milla Jovovich, Ruby Rose, Ali Larter, Shawn Roberts, Iain Glen, Rola Rola, William Levy, Eoin Macken, Joon-Gi Lee
3D
Distribuição: Sony
Data de estreia: qui, 26/01/17
País: Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Canadá, França
Gênero: ação
Ano de produção: 2016
Classificação: 14 anos

Everton Duarte

Paulista, casado, jornalista em desenvolvimento, amante do mundo geek, co-fundador e editor-chefe do Ultraverso. Busco sempre o melhor em tudo o que me proponho a fazer.
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