CRÍTICA | ‘Sete Minutos Depois da Meia-Noite’ é um filme emocionante e formidavelmente triste

Everton Duarte

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21 de dezembro de 2016

Em meio à vida corrida que a maioria de nós vivemos e em tantos blockbusters de heróis, sagas, prequels e afins, acabamos deixando passar alguns filmes que nos trazem verdadeiras mensagens de superação.  Sete Minutos Após a Meia-Noite (A Monster Calls) é um daqueles filmes que parecem “bonitinhos” no trailer, mas quando visto na mágica tela dos cinemas, se mostram uma obra de arte imensurável.

Este, com certeza, é um longa que explora ao máximo a emoção de seus espectadores. Afinal, a história narra a vida de Conor O’Malley (Lewis MacDougall), um garoto de apenas 13 anos, que assiste de perto o definhamento de sua mãe, Lizzie O’Malley (Felicity Jones), que vem sendo derrotada abruptamente pelo câncer. Imparcialidade à parte, para um adulto, presenciar um ente querido sofrendo devido a esta doença já é algo extremamente traumático.

Juan Antonio Bayona, diretor do longa, consegue materializar em cenas como um garoto, que é muito novo para ser adulto e muito velho para ser criança, se desdobra em meio à sua imaturidade para aceitar que sua mãe está partindo. Como se isso já não fosse o suficiente, ele ainda enfrenta outro problema corriqueiro de sua idade: o bullying.  E para quem já assistiu a outras obras de Juan Antonio Bayona, tais como, “O Orfanato” e “O Impossível”, já tem uma boa ideia de como o diretor é capacitado para transcrever uma história triste de maneira formidável. Vale o destaque para “O Impossível” por ser um longa que é baseado na história real de uma família sobrevivente ao Tsunami no Oceano Índico em 2004.

Mas fique tranquilo (a): a história não é envolvente apenas por seu lado triste. Outros elementos ficarão em sua memória. Dois deles são a fotografia e a animação. Estes estão em perfeita sincronia e convergem em cenas belíssimas que narram os sonhos e a imaginação do garoto Conor, principalmente em momentos onde ele precisa dominar e enfrentar seus medos. Outro destaque vai para Liam Neeson. Com sua voz digitalmente equalizada de forma competente, o ator dubla o “Monstro”, companheiro imaginário de Conor.  O “Monstro” é o precursor de momentos do filme que transportam a realidade para a imaginação e vice-versa, convergindo os dois primeiros itens que eu destaquei.

A trilha sonora é bem trabalhada e se faz presente nos momentos ápices da trama. E em qualidade igualitária, os efeitos sonoros marcam o desentrelaçar e movimentos rústicos do “Monstro”. O maior destaque, definitivamente, vai para o quesito emoção. O longa arrisca-se em suas histórias e metáforas, planos e contra planos, na busca de tocar e emocionar o espectador. O maior trunfo dessa busca está na soma de uma ótima atuação do garoto Lewis e de todos os outros itens destacados acima.

E como toda obra que busca o seu lugar em meio a grandes clássicos da sétima arte, essa não está longe da perfeição, mas comete alguns deslizes.

O roteiro é escrito por Patrick Ness e baseado em seu livro homônimo, que apresenta sua complexidade bem após o início do longa e flerta com um desenvolvimento clichê em boa parte do filme.  Apesar da complexidade do texto, que é brilhantemente desenvolvido pelo pequeno protagonista, outros atores e personagens não desempenham tão bem o seu papel. Um deles é seu pai ausente, interpretado pela fraca e dispensável atuação de Toby Kebbell. Outra interpretação abaixo da média fica a cargo de Felicity Jones, que não consegue transparecer o clímax que se faz necessário para os momentos derradeiros do longa.

Sete Minutos Após a Meia-Noite, apesar de ser um longa que explora a imaginação, a sua realidade é para adultos. Não se deixe levar pelo trailer “bonitinho” com teor de aventura, pois ele abrange temas sérios que precisam ser discutidos com a sua devida atenção. No mais, caro leitor, posso lhe dizer que você contemplará um belíssimo e extraordinário filme, que abrange um tema de natureza triste, mas narrado de maneira formidável.

Não se esqueça da pipoca, desligue o celular e prepare o lenço de papel.

TRAILER:

https://www.youtube.com/watch?v=7oceCE4VjqI&t
FICHA TÉCNICA:
Título original: A Monster Calls
Direção: Juan Antonio Bayona
Elenco: Lewis MacDougall, Sigourney Weaver, Felicity Jones, Toby Kebbell, Liam Neeson
Distribuição: Diamond Films
Data de estreia: 05 de janeiro de 2017 (Brasil)
País: Eua, Espanha, Canadá, Reino unido
Gênero: Drama
Ano de produção: 2016
Duração: 1h 48m
Classificação: a definir

Everton Duarte

Paulista, casado, jornalista em desenvolvimento, amante do mundo geek, co-fundador e editor-chefe do Ultraverso. Busco sempre o melhor em tudo o que me proponho a fazer.
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