Shaft

CRÍTICA | ‘Shaft’ (Netflix)

Fernando Coutinho

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15 de julho de 2019

Bom, pra começar bem, vamos situar os desavisados: Shaft é a sequência de uma sequência. O filme original data de 1971, formando, na verdade, uma trilogia com suas duas sequências diretas de 1972 e 1973. Além disso, há ainda uma série de TV exibida de 1973 a 1974. Nessa leva “original”, Shaft, um detetive negro do Harlen interpretado por Richard Roundtree, foi um dos expoentes do gênero blaxploitation – um movimento cinematográfico americano do início dos anos 1970, onde filmes eram dirigidos e estrelados por diretores, atores e atrizes negros, e voltados especificamente para o público afrodescendente americano.

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Em 2000, tivemos um revival do personagem. Desta vez, a sequência trazia Samuel L. Jackson no papel principal. Curiosamente, se tratou de uma sequência direta dos filmes e séries originais (e não um reboot), uma vez que Jackson protagoniza como sobrinho do Shaft original, personagem de Roundtree. E essa sequência, que manteve o clima do blaxploitation, recebeu críticas bastante positivas à época.

3ª geração de Shaft

E chegamos, então, à produção de 2019. A saber, novamente uma sequência direta da anterior. O mote aqui é extremamente clichê, mas, surpreendentemente, funciona muito bem.

Temos agora uma 3ª geração de Shaft chegando. No enredo típico, o jovem certinho e seguidor de regras analista do FBI John Shaft Jr (Jessie T. Usher) perde um amigo de infância. Assim, ele resolve elucidar o caso de sua morte. Diante das dificuldades, decide pedir ajuda a seu pai, o Shaft “Samuel L. Jackson” II, muito à vontade em todo esplendor “maderfóquer” de seu personagem. Temos então uma boa mescla de filme policial de ação com comédia, pautada basicamente no choque-embate de gerações e seus conceitos e preconceitos, bem como seus métodos.

Shaft Netflix

Clichês funcionam

Além das boas cenas de ação, que nem precisaram dos malabarismos visuais padrões em produções do tipo, mais pontos clichês estão lá. Por exemplo, a mãe histérica e super-protetora (Regina Hall), a linda amiga-perfeita por quem o jovem herói é apaixonado e que irá virar namorada até o final da história (Alexandra Shipp), assim como a participação do Shaft original (Richard Roundtree) nas sequências finais. Mesmo em níveis diferentes, todos os clichês acabam funcionando. Até mesmo o plot twist foi clichê, mas não irei comentar para não soltar spoilers, claro.

Em suma, com tudo isso, temos um bom filme. Não que Shaft seja perfeito, sem falhas e pra ser levado a sério. Mas um longa que, certamente, cumpre muito bem o seu papel de divertir. Sendo assim, que venham outros seguindo a mesma receita.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Shaft
Direção: Tim Story
Roteiro: Kenya Barris, Alex Barnow
Produtor: John Davis
Elenco: Samuel L. Jackson, Jessie Usher, Regina Hall, Alexandra Shipp, Richard Roundtree
Distribuição: Netflix
Produção: New Line Cinema, Davis Entertainment, Khalabo Ink Society, Warner Bros. Pictures
Data de estreia: sex, 28/06/19
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2019
Duração: 112 minutos
Classificação: 16 anos

Fernando Coutinho

Profissional e professor de TI, é nerd desde antes do termo virar moda e da Internet ganhar o mundo. Antenado em tecnologia, literatura, filosofia, quadrinhos, filmes, séries, fotografia e boa música. Acredita que A Verdade Está Lá Fora e ao mesmo tempo dentro de cada um.
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