CRÍTICA | ‘VIKINGS’ (5ª TEMPORADA)

Leandro Stenlånd

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3 de fevereiro de 2019

A quinta temporada de “Vikings” começou bem diferente daquilo que a maioria dos fãs da série imaginavam. Diferentemente dessa, nas temporadas anteriores tivemos o real protagonista com raríssimos momentos de altos e baixos, no entanto, o falecimento de Ragnar fez tudo desmoronar de fato. O seriado ainda continua dando altos picos de audiência, mas para a tristeza de muitos, já não é a mesma coisa desde que os filhos de Ragnar, ao lado de Lagertha, tiveram os holofotes virados para eles.

ATENÇÃO SPOILERS ABAIXO

A primeira parte da quinta temporada, que havia terminado no início de 2018 com promessa de retorno no mesmo ano, virou a cabeça de muita gente, principalmente quando Ivar começou a mostrar que era um personagem inteligente e de grande potencial. Ele acabou se tornando tão chato quanto o uso de sua mãe Aslaug durante os anos em que a mesma deu as caras. Foi uma personagem muito mal aproveitada, só utilizada como pano de fundo para dizer que Ragnar teria mais filhos provindos da mesma, enquanto muitos queriam ver mais de Lagertha.

Com a sexta e última temporada anunciada recentemente, tudo nesta se tornou corrido. As mortes de Judith, Althered e Heahmund aconteceram de forma prematura. Jonathan Rhys Myers que, por exemplo, teria um grande potencial em seu personagem, acabou virando um pé de chinelo ‘usado’ pela mulher mais desejada da série (Lagertha) e morrendo por amor. Na verdade, o papel de Meyers seria para garantir que os filhos de Ragnar teriam um inimigo a frente nos episódios subsequentes. Jonathan sempre teve capacidade de interpretar personagens insanos, afinal, alguém aqui lembra do papel dele em Drácula ou The Tudors? Pelos relatos históricos espalhados em alguns livros, Heahmund foi consagrado bispo em 867 e defendia sua igreja com unhas e dentes. O resultado disso foram as inúmeras batalhas com aqueles que iam contra suas crenças. Pode parecer estranho, mas durante a série, Heahmund jamais foi um homem totalmente bom. Apesar de ter morrido em 871, a série o retratou como uma pessoa capaz de matar para atingir seus objetivos.

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Não foi um final honroso para um personagem destemido e de ‘renome’ para os britânicos. Na verdade, durante este ano do seriado, poucos foram os protagonistas que engrandeceram o drama. Pouco explorado pelo seu diretor, o uso de Hvitserk foi tão apagado quanto Sigurd. Apesar de existir um Ubbe e Bjorn, todo foco desta temporada foi de transformar Ivar em um Deus. Não estamos falando de uma obra ainda em processo de experiência, e sim do quinto ano de um seriado que perdura mais do que deveria. Ou seja, ao mesmo tempo que passou de tal prazo, conseguiu no fim desta temporada mostrar-se como mais um ano medíocre. Durante todo o quinto ano não houve uma realização excepcional como nos anos em que Travis Fimmel esteve à frente do show. Aliás, de nada valeria esta série se não fossem as atuações e respostas óbvias ao que já perpetuamos em nosso imaginário, e quem sabe, ir além é o que nos restaria vivenciar. É uma série original, pois a partir delas outras como Marco Polo e The Last Kingdom surgiram. O que a diferencia de outras é a maneira como ressalta todo o holocausto vivido pelos vikings, sendo suas invasões bem sucedidas ou não.

Há ainda resquícios da presença de Athelstan durante a temporada. Na verdade, alguns vikings foram forçados a se cristianizarem desde que chegaram na Inglaterra para que suas respectivas vidas fossem poupadas de certo modo, ou que, pudesse satisfazer o prazer de um pagão ou outro. Mais uma vez é necessário frisar que a série impôs o relacionamento cristão com os Vikings. Isso fica explícito quando há a reinserção de Magnus durante o quinto ano. O suposto filho de Ragnar, que agora aparenta estar abandonado e ser totalmente rejeitado, quer deixar de ser cristão para viver uma aventura com seus irmãos postiços. Ele crê em seu íntimo que é um filho do famoso Ragnar e, por consequência disto, imortal.

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A temporada atual, ao contrário das anteriores, ainda carece de uma estrutura sólida. Está bem ramificada e essas partes pouco têm a ver uma com a outra. A ida de Bjorn ao Oriente Médio, por exemplo, foi ineficaz para todo o enredo. Com um ou dois episódios longe de casa apenas para mostrar que os vikings foram muito além do continente Europeu, foi essa inclusão que também ficou a desejar. Enquanto isso, o vínculo entre Inglaterra e os vikings também não se mostrou consistente, sendo esta mais uma razão para inflar a série com episódios desnecessários. Como qualquer seriado, os melhores episódios da temporada foram os últimos, até pela ação que a série vinha dispondo-se em seus anos anteriores, ou seja, ‘tiro porrada e bomba’. Embora os capítulos centrados na Inglaterra tenham sido razoáveis, a série só decolou realmente quando Rollo deu as caras no mid-season finale.

No retorno após o mid-season finale, o projeto deu um salto temporal e evitou mostrar a guerra entre Lagertha e Bjorn contra o menino prodígio chamado de Ivar. Muitos fãs ficaram revoltados pela série ter prometido com o retorno de Rollo, possível derramamento de sangue que foi evitado aos olhos do fã mais fervoroso, isso pelo retorno de Clive Standen na pele do viking robusto. O grande porém dessa reviravolta e tentativa de reconstruir personagens, entretanto, acaba sendo um ritmo problemático para o retorno de um personagem que se tornou famoso ao redor da França. Em muitos momentos, parece estar se engasgando em arcos paralelos que, em contrapartida, são essenciais para a construção da proposta do ponto de vista de Michael Hirst, e que vai ficando a desejar.

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Além da história trazer à tona Rollo e mostrar que ele ainda está ali, compartilhando do mesmo universo, ela também serviu para dar continuidade a algo que já havia sido aludido nas temporadas anteriores. Revoltados com diversas traições do personagem, nem mesmo Lagertha consegue entender as razões do retorno do guerreiro. Aliás, dar o benefício da dúvida para ele tornou-se algo complexo. Além de ter se juntado a Ivar na incursão contra Bjorn e a famosa Shieldmaiden, o mesmo retorna se intitulando pai legítimo de Bjorn. Agora, enfim, a coisa parece que será resolvida? Mais é claro que não. Quanto à trama em si, uma parte dessa luta de egos é até divertida, pois no atual momento em que a série encontra-se desacreditada pelo seu público-alvo, quando os segredos são expostos, em última instância, pouco impactam. Talvez essa revelação teria maior efeito ser Ragnar estivesse vivo. O que é interessante observar aqui é o uso constante dessas sombras que vem e vão.

Quando o assunto é Floki, o ‘suposto’ descobridor da Islândia, a quinta temporada de “Vikings” mais empurra com a barriga seus longos 45 de duração em cada episódio. Um dos melhores personagens da série nos primeiros anos é facilmente destroçado pelos diretores e produtores. Quando todos pensavam que Floki tomaria um rumo menos psicótico, de maior impacto baseado em tudo pelo que o personagem já passou, o mesmo ruma para outras terras e começa a se achar o profeta de Odin. A cena dessa reviravolta, além de fatídica, é seguida de um compasso destoável de tudo que conhecemos da trama.

Ao longo da história, notamos que ele vai alterando a posição de líder diante de seus seguidores, tornando-os cada vez menos oprimidos. Alguns ângulos desprezam a figura do personagem, colocando-o em situações adversas, contra seus seguidores em determinados momentos e cercado por pessoas que creditam e descreditam seus propósitos. O foco é tentar sobreviver nessa terra tão ”amada” chamada de Islândia nos tempos atuais – durante a estadia de Floki, esta terra ainda não havia sido batizada com tal graça. Floki tenta cumprir a missão que lhe foi dada supostamente por Odin e os resquícios de Athelstan voltam a perturbar o viking de uma maneira pouco explorada. Com certeza a morte de Athelstan ainda é explorada nessa temporada, pois além de possuir uma importância colossal para a índole de Floki, é em um dos episódios finais da temporada em que temos uma baita reviravolta para mostrar que os cristãos ainda perseguem o profeta de Odin.

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Não é incomum ouvir a comparação de que Ubbe se assemelha bastante nas atitudes de seu falecido pai, tampouco Alfred deixou a desejar como rei. Duas personalidades tão imponentes, menos manipulativas que seus pais e que, juntas, não poderia resultar em nada menor do que cenas incríveis e diálogos ainda melhores. Ubbe e Alfred constroem uma relação de confiança, coisa que era muito difícil de se ver entre seu pai (de Ubbe) e o avô de Alfred, no caso, Ecbert. Se considerarmos a péssima relação construída entre os dois grandes Reis Conquistadores nas temporadas anteriores, não haveria como deixar de citar que agora Ubbe e Bjorn conseguem finalmente a relação tão sonhada por Ragnar entre os ingleses e os vikings.

Ragnar sempre quis conquistar ‘terreno’ com intuito de conceder ao seu povo um novo local onde pudessem plantar e colher frutos. O sonho do falecido Rei  é finalmente alcançado, dando esperança a um povo que vem do outro lado do mar Báltico apenas com o intuito de estapearem-se. Mas essa façanha não ficou barata, Ubbe elevou-se ao limite em uma luta com um dos três reis, intitulado de Frodo, num combate colossal e totalmente violento entre um príncipe e um monarca em sua mais alta ‘patente’. Há uma queda drástica de “entretenimento” em relação a essa incursão, e isso não é nada bom. A primeira coisa estranha que temos aqui é a continuação quase irresponsável de uma saga que já poderia ter sido findada.

Enquanto em uma considerável parcela do seu tempo o capítulo anseia ter muito controle sobre os acontecimentos e sobre como serão dados certos passos, a narrativa cai em total desconserto. O imensurável caos esta presente entre personalidades diferentes de um mesmo “eu”. Isso fica nítido ao termos quatro filhos de um mesmo Ragnar, onde o desconforto e a incompreensão entre eles se faz necessária, apesar de tumultuada. O único ponto que ainda soa verdadeiramente fora da curva são as razões de Ivar querer se tornar um Deus. Claro que ele deverá cumprir a função de desestabilizar o império construído por Lagertha, fazendo Vikings retomar seu estado inicial, infestado pelo crime de matanças, mas não dominada por ele. Com uma lentidão tamanha, lembramos, de certo modo, “Game of Thrones”, mas não temos como demonstrar certo receio em relação a mais uma queda de Lagertha que some após a batalha entre vikings e cristãos, tendo raro destaque nesse retorno da série. O envolvimento romântico dela com Haemund também ficou um tanto repetitivo, já que praticamente quase que todos os personagens acabaram tendo um caso com ela.

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Com essa lista de ”grandes” momentos da quinta temporada, resta-nos aguardar o último ano da série, que deve estrear em novembro deste ano com mais longos 20 episódios (ainda não foi confirmada a quantidade exata de episódios da sexta temporada). O que podemos esperar dessa nova empreitada está longe de ser algo que o vidente de Vikings possa prever, visto que Ivar fez o favor de matá-lo. Será que veremos finalmente a morte de Ivar ou de Lagertha? Como se dará a relação entre os irmãos? E as alianças em Wessex, vão permanecer? Que consequências haverão para Ivar que matou o vidente? Será que mais tempo será avançado como já ocorreu na série, evitando batalhas redundantes? Tudo o que sabemos é que a quinta temporada de “Vikings” teve um término apressado, deixando o fã diante de uma premissa vaga para o desenvolvimento de enigmas da futura narrativa. Os acontecimentos anteriores poderiam ter sido menos apressados e melhor desenvolvidos.

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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