CRÍTICA | ‘Vingadores: Guerra Infinita’ mostra como a espera valeu a pena [COM SPOILERS]

Pedro Marco

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26 de abril de 2018

E assim se passaram 10 anos. Uma nova geração amadurece junto com os heróis que em 2008 eram completos desconhecidos para a maioria. E como é gratificante ver ao fim, que eles também amadureceram.

CRÍTICA | ‘Vingadores: Guerra Infinita’ supera as expectativas da longa espera dos fãs [SEM SPOILERS]

Vingadores: Guerra Infinita é o terceiro filme da equipe, sendo o 6° desta terceira fase, e o 18° do MCU. A grande história de quase 50 horas chega em uma conclusão que tem o impacto da martelada de um deus nórdico, a delicadeza de um cirurgião estranho, a leveza de um amigão da vizinhança e a nobreza de um soldado de 90 anos.

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Durante 6 destes 10 anos, a sombra de Thanos foi moldada e esquentada no coração dos espectadores, e logo na primeira cena do filme, os irmãos Joe e Anthony Russo mostram como essa espera valeu a pena.

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As consequências de “Thor: Ragnarok” são exploradas com a morte dos asgardianos, uma luta visceral entre o titã roxo e o gigante esmeralda, e a primeira grande baixa do filme. Loki, o grande vilão por trás da trama da primeira fase, morre pelas mãos do novo antagonista. Sua morte não apenas reflete o sentimento de “passagem de bastão” presente em todo o longa, como também conta ao público que a ameaça é muito maior.

Thanos, o titã louco, em sua versão dos irmãos Russo pode ser considerado um “filho” das versões de Jim Starling e Johnnatan Hickman nos quadrinhos. Se de um lado temos fielmente mostrado o personagem como um grande general de sua horda de subordinados, do outro temos uma grande adaptação da motivação do vilão. Em Desafio Infinito (material adaptado no filme), Thanos busca a destruição de metade do universo para agradar a morte, sua grande paixão platônica. Aqui, vemos este amor transformado em um sentimento paternal e quase carinhoso.

Assim como em alguns antagonistas recentes  como Zemo, e principalmente Killmonger, Thanos é mais um vilão da Marvel cujas motivações são tão bem construídas, que o público passa a comprá-las e defendê-las em alguns momentos.

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Seguindo o longa, temos o tão esperado encontro entre Tony Stark e Stephen Strange, e a grande batalha de egos é impagável, e um grande deleite para aqueles que conhecemos em suas origens. O arco do trio principal (Rogers, Stark e Thor) são o grande ouro desse universo que evolui a cada passo, mostrando que as consequências muitas vezes são mais sutis do que aparentam.

Ao longo da trama, os arcos vão sendo introduzidos de forma orgânica, equilibrada e bem distribuída. Artifícios sonoros anunciam velhos amigos e deixam um sorriso bobo na cara dos fãs mais assíduos, dando para cada cenário recriado um cheiro de volta para casa. A integração dos guardiões, o exército wakandiano, a tecnologia do homem de ferro e as artes místicas do Dr. Estranho, elevam sua qualidade no ponto certo que um filme desta magnitude pede.

Passando por todas essas re-introduções, vamos para o segundo ato do filme, onde parcerias inesperadas são formadas, e os personagens cósmicos que sempre foram o ponto alto da parte cômica deste universo, protagonizam os dramas mais profundos da história. Gamora, Quill, Nebula e Thanos desenvolvem uma trama familiar tão bacana que sustentaria todo um longa, mas que funciona muito melhor como pano de fundo dessa epopeia.

Assim, temos um Thanos com poder imenso, heróis unidos, e uma série acontecimentos apontando para a grande guerra do título. E foi neste ponto que o filme se perdeu um pouco. O equilíbrio entre drama, ação e comédia das tramas começa a escorregar em suas transições, dando indícios de uma edição meio apressada em seus cortes e montagens. Enquanto a batalha em Titã cresce, o núcleo de Wakanda vai perdendo o interesse do foco, mesmo com fan services diversos para os mais atentos.

Ainda em Titã, mais uma vez tem-se a segurança excessiva da Marvel por seus personagens. Se em 2016 muitos arrancaram os cabelos por não ver o Capitão América morrer na Guerra Civil, aqui Tony Stark sobrevive no último segundo em um forçado apego do mago que o conheceu horas atrás. Mesmo com uma construção de cena belíssima onde a armadura foi sendo quebrada, e frases como: “Espero que se lembrem de você” foram deferidas, o adeus ao homem de ferro novamente era apenas um até logo. Espera-se que quando seu final real chegar, a despedida real seja tão boa quanto as desperdiçadas.

Thanos surge  finalmente em Wakanda para buscar sua última peça, e em um estalar de dedos, metade do universo Marvel “morre”. E com isto, morre também o espírito de “passagem de bastão” que o filme trazia consigo no início. Com os seis vingadores originais permanecendo vivos e quase ilesos, heróis recém apresentados na Fase 3, como Aranha, Estranho e Pantera, são escolhidos para desaparecer no final. Porém, talvez não tenha sido percebido pela casa das ideias, que supostamente matar personagens cujos próximos filmes já estão em pré-produção, retira completamente a dúvida de os termos perdido para sempre.

No mais, se em 2012 a união dos heróis era aplaudida de pé nas salas de cinema com o público aguardando o embate final, agora um grande silêncio de tensão e luto acompanhava os créditos finais. Aqueles que entraram com dúvidas saíram com ainda mais, e quem não sabia o que esperar do filme, do próximo sabe sequer o título. A tensão nos faz esperar ansiosos por mais um ano, após essa grande montanha russa de emoções que acompanhará discussões, repercussões e principalmente especulações.

Grandes ameaças trazem grandes consequências, e os Russo entregaram algo que muitos diretores não conseguiriam. E quem seguiu os conselhos de paciência do Capitão América e aguardou o fim dos créditos, sabe que este final é apenas um novo começo. E apesar de Rogers estar na lista de sobreviventes, em breve teremos um novo alguém para chamar de Cap.

::: TRAILER

::: FOTOS

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Avengers: Infinity War
Direção: Joe Russo, Anthony Russo
Elenco: Robert Downey Jr., Chris Hemsworth, Chris Evans, Karen Gillan, Elizabeth Olsen, Josh Brolin, Carrie Coon, Tom Holland, Scarlett Johansson, Chris Pratt, Pom Klementieff, Sebastian Stan, Zoe Saldana, Tom Hiddleston, Benedict Cumberbatch, Idris Elba, Chadwick Boseman, Dave Bautista, Letitia Wright, Vin Diesel, Danai Gurira, Paul Bettany, Bradley Cooper, Mark Ruffalo, Anthony Mackie, Sean Gunn, Benedict Wong, Don Cheadle
Distribuição: Disney
Data de estreia: qui, 26/04/18
País: Estados Unidos
Gênero: ação
Ano de produção: 2017
Classificação: 12 anos

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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