Daniel Santiago

Daniel Santiago volta às origens no álbum ‘Song For Tomorrow’

Guilherme Farizeli

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16 de abril de 2021

Daniel Santiago é um dos artistas mais interessantes do Brasil. A princípio, você deve conhecê-lo por seu trabalho com a banda O Teatro Mágico. Porém, sua carreira vai muito além do trampo com a trupe. O guitarrista, compositor e produtor vem construindo uma sólida carreira por mais de 20 anos! Na bagagem, colaborações com gente do calibre de Milton Nascimento, John Paul Jones, João Bosco, Joshua Redman, Hermeto Pascoal e Gregoire Maret.

Ele também é parceiro do incrível Hamilton de Holanda. Juntos, gravaram vários álbuns e foram indicados a quatro Grammy Awards consecutivamente. Além disso, o músico lançou quatro discos solo. Conversamos sobre todos esses assuntos com Daniel Santiago, em um bate-papo super legal.

Confira!

Quais as principais diferenças que você enxerga na hora de compor, por exemplo, para O Teatro Mágico e para o seu projeto solo? Existe essa distinção ou as canções nascem da mesma maneira e tomam rumos diferentes ao longo do caminho?

A relação com a música pra mim, permanece a mesma. O que difere é o contexto musical, que molda a maneira de produzir e de arranjar. Mas acho que de compor não. A composição pode vir de muitos lugares de inspiração e começar de muitas formas. Tanto nos meus trabalhos quanto nos que eu produzo.

Você acaba de lançar seu novo álbum ‘Song For Tomorrow‘. Quais foram as principais influências na hora de escrever as canções do disco?

Essas músicas nasceram de uma necessidade minha de uma volta às minhas origens. Uma volta à época em que eu apenas ouvia música e aquilo mexia comigo. Mas também uma necessidade de fazer algo que comunicasse de outra forma do que eu vinha fazendo.

De uma certa forma, minha experiência com O Teatro Mágico me despertou mais essa necessidade. As minha influências são os sons da minha infância, Clube da Esquina, Milton, Beto, Pink Floyd, Yes, Dire Straits, entre outros.

Quais as principais diferenças deste álbum para os anteriores?

Cada álbum é um retrato de um período. Todos os meus discos anteriores eram mais crus, além de serem apenas instrumentais. No Union eu comecei a fazer uma transição pra alguma coisa um pouco mais que comunicasse com um lado indie pop, mas ainda era instrumental.

Em ‘Song for Tomorrow’, eu enviei vários temas pro Kurt a me ajudar a selecionar e a princípio seria um trabalho instrumental. No início do processo, o Pedro Martins me pediu que mostrasse as canções que estavam na gaveta. E o Kurt curtiu e sugeriu que fossemos por ali.

Daniel Santiago (Fotos por André Maya)

Produzir um álbum durante a pandemia deve ter sido um desafio. Nesse sentido, como foi essa experiência?

Hoje em dia é muito fácil produzir a distância. Basicamente todo mundo tem uma estação de trabalho e a tecnologia melhorou muito. Metade do disco gravamos em Berlim, no estúdio do Kurt. E a outra metade, à distância. Não considero que tenha sido um desafio não. Eu preferiria, pela emoção, o convívio de fazer todo mundo junto. Mas ,como não dava, tranquilo.

Como o selo e o foco dele é mais fora do Brasil, eles optaram por lançar agora. Além disso, eles têm outros discos na fila. Mas, sem dúvida não é um momento fácil de se lançar um trabalho por conta de tanta notícia diária de coisas muito ruins acontecendo. Porém, a gente que trabalha com arte, tem essa função. De trazer um pouco de alegria e esperança pras pessoas. Imagina passar por um momento como esse sem arte?

Como um cara que compõe e toca vários instrumentos, você enxerga a guitarra como sua voz primária na hora de compor? É através dela que você mais se realiza/satisfaz fazendo música?

O violão e a guitarra são os dois instrumentos que mais estudei tecnicamente. Mas hoje a música pode vir de vários lugares, pode começar por uma levada de bateria, uma linha de baixo, ou um riff. Mas claro que tenho uma facilidade maior de pegar e sair tocando um violão ou guitarra.

E, como guitarrista, é impossível não ficar empolgado com Eric Clapton participando do seu álbum, certo? Conta pra gente como foi essa experiência e como você está se sentindo. Zerou a vida (risos)?

Cara, isso continua sendo um sonho que espero não acordar. Em 2019, quando recebi o convite para fazer parte do Crossroads Guitar Festival, minha vida passou pela minha cabeça em segundos. Lá no festival encontrei com o Eric assim que terminamos de tocar e agradeci bastante pela generosidade. Ele foi muito carinhoso comigo. Nessa mesma situação, conheci o Kurt pessoalmente e nos aproximamos bastante. O Kurt é muito amigo do Clapton e, durante o processo, mostrou que estávamos eu ,ele e o Pedro Martins trabalhando nesse projeto. Ele curtiu, o Kurt perguntou se ele queria participar. Ele disse sim e foi isso. Um sonho realizado!

Então, aproveita pra nos contar como foi essa aproximação com o Kurt Rosenwinkel.

O Kurt, quem me conhece sabe o quanto eu admirava ele. Nos últimos 15 anos, ele foi o guitarrista que mais me influenciou. Mostrei o som dele pra muita gente, inclusive pro Pedro Martins. Que depois veio a trabalhar com ele e nos apresentou. São essas coisas da vida que não tem explicação.

Você também produz e já foi até indicado ao Grammy Latino. Neste álbum, você abriu mão de produzir para focar mais na performance e na composição, deixando as decisões com o Kurt ou foi, de fato, um álbum produzido a quatro mãos?

Nesse álbum me deixei levar completamente. Basicamente o Kurt escolheu quais temas gravar, sonoridade das coisas, etc. Algumas músicas estavam bem arranjadas, mas a visão do todo ficou com o Kurt. O Pedro também foi fundamental na construção desse som. A gente basicamente fala a mesma língua, então fica muito fácil de trabalhar.

Pra fechar: Daniel Santiago, qual a importância da música na sua vida?

Sem a música eu não seria nada. Ela é por onde eu me comunico de verdade. Por onde minha alma fala. A vida sem música seria um erro!

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Então você é artista e acha que não tem muito espaço? Fique à vontade para divulgar seu trabalho na coluna Contra Corrente do ULTRAVERSO! Não fazemos qualquer distinção de gênero, apenas que a música seja boa e feita com paixão!

Além disso, claro, o (a) cantor(a) ou a banda precisa ter algo gravado com uma qualidade razoável. Afinal, só assim conseguiremos divulgar o seu trabalho. Enfim, sem mais delongas, entre em contato pelo e-mail guilherme@ultraverso.com.br! Aquele abraço!

Guilherme Farizeli

Músico há mais de mil vidas. Profissional de Marketing apaixonado por cinema, séries, quadrinhos e futebol. Bijú lover. Um amante incondicional da arte, que acredita que ela deve ser sempre inclusiva, democrática e representativa. Remember, kids: vida sem arte, não é NADA!
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