Eleições 2016: No Rio, debate teve muito confronto e poucas propostas

Ana Carolina Jordão

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30 de setembro de 2016

 

O último debate com os candidatos à prefeitura do Rio, antes das eleições, aconteceu ontem (29) no Projac, na Rede Globo, e marcou a derrota de Pedro Paulo frente aos demais candidatos. Com trocas de acusações, embates ferrenhos e uma plateia inflamada, o público pôde ver muita briga e poucas propostas entre os candidatos, que preferiram discussões às ideologias e políticas, chegando, muitas vezes, a fugir das perguntas formuladas.

Mediado pela jornalista Ana Paula Araújo, o debate foi realizado nos Estúdios Globo. Participaram os candidatos (em ordem alfabética): Alessandro Molon (REDE),Carlos Osório (PSDB), Flávio Bolsonaro (PSC), Indio da Costa (PSD), Jandira Feghali (PCdoB), Marcelo Freixo (PSOL), Marcelo Crivella (PRB) e Pedro Paulo (PMDB).

Foto: Ana Carolina Jordão

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Apesar de Crivela estar na liderança, segundo as pesquisas, em uma eleição pulverizada, com muitos outros possíveis candidatos ao segundo turno empatados tecnicamente, o principal alvo foi Pedro Paulo. O candidato do PMDB foi atacado por todos os lados, em um debate que parecia mais todos contra um a um embate político, no qual o eleitorado queria ver uma franca troca de propostas e ideias para avaliar melhor e dar seu voto de forma consciente. Pedro Paulo foi acusado, diversas vezes, de agressor, devido aos episódios e registros de ocorrência de agressão à sua ex-mulher. Ele também foi acusado, por Jandira Feghali, de apoiar o golpe (do impeachment de Dilma), já que ele é do mesmo partido de Michel Temer, atual presidente do país.

Com um pacto de não trocar acusações e ofensas, e ter um debate pacífico entre eles, Marcelo Freixo, Índio e Jandira Feghali cumpriram o acordo e preferiram trocar perguntas com os demais candidatos a se enfrentarem diretamente.  Perguntas, aliás, que foram fracas e não acrescentaram muito para quem realmente quer saber mais sobre a plataforma do político que vai gerenciar a prefeitura do Rio pelos próximos 4 anos. O único momento que os candidatos à prefeitura, de fato, responderam os questionamentos foi durante os temas sorteados pela Globo.

Um circo político. Um condomínio chamado Rio de Janeiro

Foto: Ana Carolina Jordão

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Era um debate, mas foi inevitável não pensar naquela reunião de condomínio, na qual os vizinhos nunca se entendem, onde um sempre briga, outro faz graça e a maioria, no caso quem assiste, se pergunta: “O que estamos fazendo aqui?”. A única diferença é que estamos falando de uma cidade, e o terreno da discussão foi o estúdio da Globo. Teve de tudo: Jandira acusando a Globo de apoiar o golpe e levando uma bronca ao vivo de Ana Paula Araújo, Índio e seus aplicativos de gerenciamento e Freixo chamando Pedro Paulo pro combate, afirmando que ele vive no “Planeta Pedro Paulo”, onde tudo o que ele fala, e a realidade que mostra na campanha, só acontece em seu mundo paralelo. Ele também respondeu Cidinha Campos, que se manifestou na plateia em determinado momento, e afirmou, no melhor estilo Chico Buarque: “Cidinha, você não gosta de mim, mas sua neta gosta”.

Já Crivela resolveu cantar. “Cai o rei de Espadas, Cai o rei de Ouros, Cai o rei de Paus, Cai, não fica nada.”, cantarolou ao responder uma das perguntas, citando um trecho da música “Cartomante”, de Ivan Lins. Ele também chamou uma das presentes, que assistiam ao debate, de desequilibrada, após uma manifestação feita dentro do estúdio. Mais um a criticar Pedro Paulo, ele ironizou afirmando que tem idade para ser seu pai e que ia dar conselhos à ele. “Saia desse partido, você está sendo usado por eles. Você ainda pode ter um futuro na política, se sair do PMDB”, afirmou.

Foto: Ana Carolina Jordão

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Marcelo Freixo e Pedro Paulo protagonizaram o maior embate da noite, com as discussões mais acaloradas. Freixo acusou diversas vezes seu oponente de agressor e fez duras críticas ao governo do PMDB, afirmando que eles perderam diversas oportunidades de criação de empregos no Estado, que o partido era criminoso e construiu o Parque Olímpico na parte mais rica da cidade, além de estar envolvido em vários esquemas de corrupção. Ele citou o contrato da empreiteira Concremat, que disse ser do amigo de Pedro Paulo.  Em resposta, o candidato do PMDB, não só rebateu Freixo como o chamou de hipócrita, afirmando que ele recebeu doação da mesma empresa em campanhas anteriores. “Saia da Zona Sul, Freixo”, disse.

Carlos Osório, Alessandro Molon, Índio da Costa e Flávio Bolsonaro foram os que mais apresentaram propostas e evitaram entrar em discussões acaloradas. Enquanto a grande maioria participou mais ativamente do debate, fazendo perguntas, Bolsonaro ficou praticamente invisível na noite de ontem. Quem chamou mesmo atenção foi seu pai, Jair Bolsonaro, que estava presente no estúdio.

Empate técnico entre os candidatos marca coletiva de imprensa

Foto: Ana Carolina Jordão

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Logo após o debate televisionado, os candidatos participaram de uma coletiva com os jornalistas e ficou claro que as eleições à prefeitura estão pulverizadas, com vários candidatos com empate técnico e que acreditam que irão para o segundo turno enfrentar Crivela, líder das pesquisas até o momento. Freixo, Osório e Índio afirmaram que poderão ganhar um segundo turno com o candidato.

Jandira Feghali, respondendo às perguntas, falou sobre o pacto de não agressão entre ela, Freixo e Índio da Costa. A candidata afirmou que cumpriu o acordo, mas criticou o PSOL e acusou os dirigentes e militantes do partido de agressão durante a campanha. Ela ainda afirmou que, em caso de segundo turno, espera que Molon e Freixo a apoiem, como acordado.

Foto: Ana Carolina Jordão

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Ainda na coletiva, Freixo voltou a acusar Pedro Paulo, com quem afirma disputar  diretamente o segundo lugar das pesquisas. “ Ele perdeu o debate. Ele é ruim, um candidato ruim. Ali só muito marqueteiro”, disse. Perguntado sobre uma possível estratégia para o segundo turno, ele preferiu sair pela tangente e dizer que prefere falar sobre o assunto domingo à noite, após a apuração.

Foto: Ana Carolina Jordão

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Marcelo Crivela também criticou Pedro Paulo, o PMDB e voltou a citar a canção “Cartomante”, afirmando que esse é o momento atual da política, onde grandes líderes estão caindo, sendo presos ou sendo investigados por corrupção. Ele ainda afirmou que ninguém aguenta mais o PMDB, que está ligado a corrupção, e que o Rio precisa de uma mudança.

Questionado sobre a coligação com o PR, de Garotinho, e sobre a entrega de secretaria para o político, o candidato afirmou que as acusações não procedem. “Garotinho é um membro do PR, mas não é o PR. Fiz coligação com o partido, que indicou o vice. Essa foi nossa aliança. Precisávamos de tempo de televisão. Dizer que o Garotinho será secretário, que o Bispo Macedo vai mandar, que vou acabar com carnaval, foi coisa do Pezão. Eles estão falando isso, pois não tem acusação contra mim”, enfatizou.

Já Pedro Paulo, ao ser indagado sobre a alta rejeição nas pesquisas, afirmou que isso é comum em eleições, que o candidato do atual governo sofre mais críticas e cobranças, mas acredita que estará no segundo turno. Sobre a acusação feita no debate, que Marcelo Freixo tem uma assessor que agride mulher, ele disse que foi um momento de mostrar incoerência, já que Freixo o acusou e tem seu gabinete alguém que foi condenado pela Lei Maria da Penha.

 
 
 
 

Ana Carolina Jordão

Jornalista formada pela PUC-Rio. Fotógrafa, Locutora. Editora de Música do Blah. Apaixonada por música e entusiasta da vida. Snapchat: caroljordao1 Instagram: caroljordao2
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