Dica de Filme: Insônia (2002)

Bruno Giacobbo

Opressivo, claustrofóbico, verdadeiramente pesado, “Insônia“, o segundo grande filme de Christopher Nolan, lançado dois anos depois do cult “Amnésia” (2000), foi filmado de tal jeito que leva o espectador para dentro da cena. Você se sente um personagem, é como se estivesse ali, ao lado de Al Pacino, Robin Williams e Hillary Swank. Assisti-lo em uma manhã abafada de outono, longe do frio da sala de cinema, só contribui para aumentar esta sensação.

Remake de um filme sueco homônimo, de 1997, “Insônia” mostra a história de dois policiais de Los Angeles, Will Dormer (Al Pacino) e Hap Eckhart (Martin Donovan), que são enviados a Nightmute, Alaska, para investigar o assassinato de uma jovem de 17 anos. Lá, eles recebem a ajuda da novata policial, Ellie Burr (Hillary Swank), uma declarada fã de Dormer. Todavia, tudo começa a dar errado quando, durante a perseguição a um suspeito, vivido por Robin Williams, o personagem de Pacino acaba matando, sem querer, Eckhart.

Como se os problemas não fossem poucos, Dormer ainda se vê vitima de uma terrível insônia provocada por fenômeno chamado “sol da meia-noite”: em algumas regiões do planeta, durante o verão, o sol não se põe e a noite é tão clara quanto o dia. Assim, ele terá que lutar em três frentes: contra o assassino, que continua a perambular por Nightmute, contra sua consciência e contra o terrível cansaço provocado por noites mal dormidas.

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Do jeito que deveria ser, não há uma única cena em todo filme que não seja terrivelmente clara! Em determinado momento, você já está clamando, tanto quanto Dormer, por um pouquinho de escuridão. A fotografia, a maneira com tudo foi feito, confere veracidade e autenticidade a obra de Nolan.

Recriar a sensação vivida pelo policial não seria suficiente se o elenco não contribuísse de forma positiva. Falar de Al Pacino é desnecessário. Will Dormer deve ser colocado no mesmo patamar de outros tantos personagens deste excepcional ator. Em cena, com uma expressão macilenta, Pacino nos convence de que não dorme a um par de dias. Robin Williams, pra mim, faz sempre a mesma cara de maluco, seja em “Uma Babá Quase Perfeita” (1993) ou em “Uma Noite no Museu” (2006), no entanto, graças a algum truque que desconheço, segue convencendo. Já Hillary Swank consegue empregar um jeito igualmente doce e duro a sua personagem. Não é a primeira vez que ela faz isso.

Por último, “Insônia” pode ser enquadrado no gênero policial, mas é também um drama psicológico. Se alguém insistir para que você o assista cansado, diga não e faça como Dormer: “Deixe-me dormir”.

Desliguem os celulares e boa diversão (ou bons sonhos)!

BEM NA FITA: Tudo. A maneira como o filme foi feito. As locações, a atuação perfeita de Al Pacino. É perda de tempo ficar detalhando aqui os pontos positivos.

QUEIMOU O FILME: Absolutamente nada. Por isso dei cinco estrelas.

FICHA TÉCNICA:
Diretor: Christopher Nolan
Elenco: Al Pacino, Robin Williams, Hillary Swank, Martin Donovan, Nicky Katt e Crystal Lowe.
Produção: Broderick Johnson e Andrew A. Kosove
Roteiro: Erik Skjoldbjaerg
Fotografia: Wally Pfister
Trilha Sonora: David Julyan
Duração: 118 min.
Ano: 2002
País: EUA

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
NAN