Dica de Filme: La Nona (1979)

Stenlånd Leandro

Confira a crítica desse cult argentino em dois idiomas: português e espanhol.

PORTUGUÊS

Sou argentino. E argentino de Buenos Aires. Como todo boêmio bonaerense (note que não digo “portenho” porque é específico dos habitantes da Capital Federal), sou um romântico ao estilo byroniano e, sobretudo, nostálgico. Nostalgia pelo perdido, pelo que se foi e pelo que já não é. Tango puro. Habito este estado contraditório entre sentir falta dos tempos simples, anteriores a época da internet, embora não possa viver sem ela. Tenho saudades do gol de Maradona contra os ingleses.

"La Nona": De comédia despretensiosa à filme cult Fotos: Divulgação

“La Nona”: De comédia despretensiosa à filme cult

Este prólogo, que mais parece um desabafo, tem por função introduzir o amável leitor nesta nota, recomendação e crítica, e sua razão de ser. Senhoras e senhores, estamos frente a um dos melhores filmes que o cinema argentino já fez (*pariu – na tradução literal). Sem dúvidas é a melhor em seu gênero: a tragicomédia.

La Nona, de Héctor Olivera (diretor do emblemático “La Patagonia Rebelde”, entre outros), baseado na peça de teatro homônima de Roberto Cossa, tem um tema muito simples, quase infantil: Uma típica família trabalhadora argentina, descendente de imigrantes italianos, vive o dia a dia trabalhando à beça para sustentar a matriarca da casa, em italiano “nona” (avó), que é dominada por um apetite voraz, insaciável, interpretada magistralmente pelo grande Pepe Soriano. A situação piora (através de momentos hilariantes) a ponto de quererem se livrar da idosa, inclusive, por meio de homicídio. Nesta parte, o longa transita pelo humor negro. Apesar de nos identificarmos e chegarmos a compreender a sofrida família, também  não conseguimos deixar de amar la Nonita.

Na época do lançamento, a fita passou despercebida, não foi um golaço de bilheteria nem recebeu muitas críticas positivas. O Festival de Cannes a desprezou por considerá-la pouca coisa. Mas, um estranho piloto televisivo a converteu em um clássico da TV. Até chega a ser considerado um filme Cult na atualidade. A indiferença inicial, pelo contrário, tem dado espaço a uma extensa teorização em busca de simbolismos. É “La Nona” uma história sobre a desumanização da terceira idade? Uma crítica social sobre os maus tratos que submetemos nossos idosos? Ou melhor, é uma metáfora do capitalismo voraz e estrangeiro, que consome sem piedade o proletariado local? Uma velada denúncia ao abusivo governo militar da época, talvez? O certo é que apesar de tantas possibilidade de interpretação, os realizadores só pretendiam fazer uma simples comédia sobre uma avó que comia de tudo. Absolutamente tudo!

BEM NA FITA: Todos os personagem são interpretados com perfeição pelo querido Osvaldo Terranova e companhia. As situações. A nona.

QUEIMOU O FILME:  A qualidade de imagem e som estão desgastados devido ao tempo. Uma remasterização urgente para essa joia, por favor!

FICHA TÉCNICA:

Direção: Héctor Olivera.
Argumento: obra teatral de Roberto Cossa.
Roteiro: Roberto Cossa, Héctor Olivera.
Fotografia: Víctor Hugo Caula.
Música: Oscar Cardozo Ocampo.
Montagem: Carlos Hugo Piaggio.
Elenco: Pepe Soriano, Juan Carlos Altavista, Osvaldo Terranova, Eva Franco, Guillermo Battaglia, Nelly Tesolín, Oscar Núñez, Graciela Alfano. 82’.

ESPAÑOL

Soy argentino. Y argentino de Buenos Aires. Como todo bohemio bonaerense (nótese que no digo “porteño”, que es el gentilicio específico del habitante de Capital Federal), soy un romántico al estilo byroniano, y sobretodo nostálgico. Nostalgia por lo perdido, por lo que se fue y por lo que ya no es. Tango puro. Habito ese estado contradictorio entre añorar esos tiempos simples anteriores a la época de internet aunque no pueda vivir sin ella. Añoro el gol de Maradona a los ingleses.

Este prólogo, que mas parece un descargo, tiene por función sin embargo introducir al amable lector en esta nota, recomendacion y crítica, y su razón de ser. Señoras y señores, estamos frente a una de las mejores películas que ha parido el cine argentino. En su género, la tragicomedia, sin dudas la mejor.

La Nona, de Héctor Olivera (director de la emblemática “La Patagonia rebelde” entre otras), basado en la obra de teatro homónima de Roberto Cossa, tiene una consigna muy simple, casi infantil: Una típica familia obrera argentina, descendiente de inmigrantes italianos, vive el día a día trabajando a destajo para mantener a la matriarca de la casa, en italiano “nona” (abuela), que es dominada por un apetito voraz, insaciable, interpretada magistralmente por el gran Pepe Soriano. La situación se agudiza a través de momentos hilarantes, al punto de querer desembarazarse de la centenaria anciana como sea, incluso por medio del homicidio. Aquí el filme transita por los carriles del humor negro, y aunque nos identificamos y llegamos a comprender a la sufrida familia, también es cierto que no podemos dejar de amar a la Nonita.

En su momento, la cinta pasó desapercibida, no fue un golazo en la taquilla ni recibió muy buenas críticas. El festival de Cannes la rechazó por considerarla poca cosa. Pero en un extraño derrotero, se convirtió en un clásico en la  TV, hasta llegar a ser filme de culto en la actualidad. La indiferencia inicial, por contraste,  ha dado paso a una extensa teorización, en busca de simbolismos: ¿Es La Nona una historia sobre la deshumanización de la tercera edad, una crítica social acerca del maltrato al que sometemos a nuestros mayores? ¿O mas bien es una metáfora del capitalismo voraz y foráneo, que consume sin piedad al proletariado local? ¿Una solapada denuncia al abusivo gobierno militar de ese momento, tal vez? Lo cierto es que aunque esas dobles y triples lecturas son aplicables, sus realizadores solo pretendieron hacer una simple comedia sobre una abuela que se come todo. Absolutamente todo…

LO BUENO: Los personajes, todos ellos encarnados a la perfección por el querido Osvaldo Terranova y compañía. Las situaciones. La Nona.

LO MALO: La calidad de imagen y sonido se han resentido con el tiempo ¡Una remasterización urgente para salvar a esta joya, por favor.

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CRÉDITOS

Dirección: Héctor Olivera.

Argumento: obra teatral de Roberto Cossa.

Guión: Roberto Cossa, Héctor Olivera.

Fotografía: Víctor Hugo Caula.

Música: Oscar Cardozo Ocampo.

Montaje: Carlos Hugo Piaggio.

Elenco: Pepe Soriano, Juan Carlos Altavista, Osvaldo Terranova, Eva Franco, Guillermo Battaglia, Nelly Tesolín, Oscar Núñez, Graciela Alfano. 82’.

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN