Dica de Filme: Sintonia do Amor (1993)

Bruno Giacobbo

No reino das comédias românticas, muito antes de Julia Roberts e John Cusack darem o ar da graça e assumirem o posto de queridinhos da América, outro casal de atores reinava absoluto: Meg Ryan e Tom Hanks. Juntos, eles estrelaram três filmes que fizeram a alegria dos corações apaixonados e deram esperanças para os despedaçados: “Joe versus o Vulcão” (1990), “Sintonia do Amor” (1993) e “Mensagem para Você” (1998).

Cartaz do filme

Cartaz do filme

Dirigido por Nora Ephron, que está para o cinema açucarado como John Hughes está para os filmes adolescentes e Francis Ford Coppola para os de máfia, “Sintonia do Amor” aposta no destino e na magia como fio condutores para o amor verdadeiro. Por amor verdadeiro devemos entender aquela paixão avassaladora, quente, que depois se acomoda, encontra seu lugar e só acaba quando a morte, literalmente, separa os mocinhos.

Em Chicago, Sam Baldwin (Tom Hanks) acabou de perder a jovem esposa para o câncer. Com a responsabilidade de criar o filho Jonah, ele tem certeza que jamais se apaixonará de novo. Para fugir das lembranças tristes, pai e filho se mudam para Seattle. Contudo, eles percebem que não será fácil seguir em frente. Paralelamente, em Baltimore, a jornalista Annie (Meg Ryan) está de casamento marcado com o executivo Walter (Bill Pullman). Ela acredita piamente que o ama.

A vida destas pessoas poderia muito bem ter seguido sem jamais se cruzar, mas é aí que entra o tal do destino. Em uma noite perto do Natal, Jonah decide ligar para um programa de rádio, em que uma psicóloga dá conselhos amorosos. A pedido dela, ele convence o pai a falar no ar, ao vivo para boa parte dos Estados Unidos, sobre como era feliz e sente falta da esposa. Por uma destas coisas mágicas, Annie ouve o desabafo e começa a se questionar: ela está realmente apaixonada? Será que não falta alguma coisa no seu relacionamento? A jornalista não tem certeza de mais nada, só de uma coisa: ela precisa conhecer aquele homem.

Sam falando na rádio

Sam falando na rádio

A grande diferença entre “Sintonia do Amor” e outros filmes do gênero, como o delicioso “Escrito nas Estrelas” (2001), é o fato de que os protagonistas só se encontram no fim. O amor não nasce de um encontro casual, que deixa uma marca profunda e os faz correr atrás daquilo que acreditam ser um sentimento único. Na verdade, na obra de Ephron, Sam e Annie, mais Annie do que Sam, vão em busca de algo que não sabem o que é, mas que para quem já se acostumou com a tristeza (Sam) e a rotina (Annie), parece bem mais promissor.

Entre as atuações, destaques para o garoto Ross Malinger, que interpreta Jonah Baldwin, e para a menina Gabby Hoffman, na pele de Jéssica, a namoradinha de Jonah. Eles aprontam poucas e boas com o objetivo de ajudar Sam a encontrar um novo amor. A trilha sonora também é linda. “A Wink and a Smile”, de Harry Connick Jr, foi indicada ao Oscar de melhor canção original, em 1994.

"Eu realmente amo ele?"

“Eu realmente o amo?”

Sintonia do Amor” é um filme para se ver, preferencialmente, acompanhado, mas que serve de lembrança para todos os corações solitários que o amor existe, sim, e que vale acreditar nele.

Desliguem seus celulares e boa diversão!

PS: “Tarde Demais para Esquecer“, um filme de 1957, protagonizado por Cary Grant e Deborah Kerr, serviu de inspiração para Nora Ephron. Em diversos momentos, Annie e sua melhor amiga estão assistindo ou comentando alguma passagem da película.

PS2: “Sintonia do Amor” foi eleito pelo American Film Institute (AFI) a 10ª melhor comédia romântica de todos os tempos.

BEM NA FITA: A leveza da película, a trilha sonora que embala o clima de romance, as atuações infantis, a química entre Tom Hanks e Mega Ryan e a originalidade do roteiro.

QUEIMOU O FILME: A cena que Jonah, de apenas sete anos, embarca num avião sozinho se passando por um garoto de 12. Não pode.

FICHA TÉCNICA:
Diretor: Nora Ephron
Elenco: Tom Hanks, Meg Ryan, Ross Malinger, Gabby Hoffman, Bill Pullman, Victor Garber, Rita Wilson, Rosie O’Donnell, Rob Reiner e Carey Lowell
Produção: Gary Foster
Roteiro: Nora Ephron,David S. Ward e Jeff Arch
Fotografia: Sven Nykvist
Trilha Sonora: Marc Shaiman
Duração: 100 min.
Ano: 1993
País: EUA

Bruno Giacobbo

Um dos últimos românticos, vivo à procura de um lugar chamado Notting Hill, mas começo a desconfiar que ele só existe mesmo nos filmes e na imaginação dos grandes roteiristas. Acredito que o cinema brasileiro é o melhor do mundo e defendo que a Boca do Lixo foi a nossa Nova Hollywood. Apesar das agruras da vida, sou feliz como um italiano quando sabe que terá amor e vinho.
NAN