Lucas Cassales Disforia

Diretor de ‘Disforia’, Lucas Cassales lamenta: “Período de muita incerteza”

Jorge Feitosa

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13 de março de 2020

Disforia, longa que estreou nesta quinta-feira (12) nas mais diversas salas do país é o primeiro longa-metragem de Lucas Cassales, diretor experiente – e premiado – em curta-metragens, como “O Corpo”, por exemplo, grande vencedor da mostra gaúcha no Festival de Cinema de Gramado de 2015.

Sobre ‘Disforia’

A saber, em Disforia, Lucas Cassales conta a história de Dário (Rafael Sieg). Ele sofre pela dificuldade em se recuperar de um acontecimento assustador de seu passado. Ao se aproximar da menina Sofia (Isabella Lima), são despertadas memórias de um trauma. Atormentado, ele precisa encarar o passado e o mistério envolvendo a família de Sofia.

Então, aproveitando o lançamento do filme, o crítico e repórter do BLAHZINGA, Jorge Feitosa, conversou com o diretor Lucas Cassales, que falou sobre a carreira e, claro, de Disforia, seu primeiro longa-metragem. Confira:

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Disforia Lucas Cassales

Foto: Divulgação

Para começar: Disforia é o seu primeiro longa?

Sim, Jorge. Comecei minha carreira em 2009 fazendo curtas na faculdade. Os curtas “Sebo” (que dirigi com Alexandre Kumpinski); “Sofá Verde” (que dirigi com Arno Schuh – hoje meu sócio e diretor de fotografia do Disforia), “Abismo”; e “O Corpo”; até culminar em Disforia, que sim, é o primeiro longa.

Alguma relação com a temática dos seus curtas anteriores ou é totalmente diferente?

Acho que se aproxima bastante em termos de linguagem, principalmente com “O Corpo”, que também explora uma narrativa mais sensorial, e que, em alguns aspectos, se aproxima com o tema de Disforia, com essa impossibilidade de comunicação e com a questão da presença.

Além da incomunicabilidade, houve mais alguma(s) inspiração(ões) para o filme?

Tudo começou lá em 2014, quando Thiago Wodarski (que assina o roteiro do “Disforia” e eu) nos juntamos pra iniciar um projeto de gênero. Era uma vontade nossa explorar essa linha de filmes juntos. Assim, desde então, o roteiro passou por alguns tratamentos pra sair de uma narrativa um pouco mais clássica em sentido de exposição e ser transposta para algo mais onírico e sensorial.

Disforia Lucas Cassales entrevista

Foto: Divulgação

Por que a personagem se chama Sofia? Alguma inspiração? Eu notei que ela é atraída pelo espelho do banheiro.

Foi uma inspiração vinda um pouco do cinema de horror italiano. Não à toa, o personagem do Rafael Sieg se chama Dário também, vindo do Dario Argento, diretor do qual ambos gostávamos

Algumas cenas são situadas em banheiros e, tanto o personagem de Isabella quanto o protagonista de Rafael, sofreram perdas pessoais. Há uma correlação?

Acho que o filme todo possui muitas portas, muitos espelhos, muitos referências de entradas, saídas; e que dialogam um pouco com as inserções mentais que cada personagem, principalmente Dário, vão enfrentando pouco a pouco.

Como foi o uso da fotografia e das cores que compõem o cenário, as locações e o figurino?

Minha relação com o Arno Schuh, diretor de fotografia, é bastante longa, pois ele foi meu colega na faculdade e também é meu sócio na produtora. então já temos bastante entrosamento quanto ao tipo de filme que queremos fazer, a ideia sempre foi criar esse clima de sonho / pesadelo – que também tem intensa participação da criação sonora – e trazer um pouco do enclaurusamento dos cenários para expôr o que os personagens passam.

Lucas Cassales Disforia entrevista

Foto: Divulgação

Em uma festa, o protagonista parece bem deslocado e encontra uma garota que começa a dançar. Algum significado especial?

A ideia era trazer a esse início do pesadelo do Dário mais uma pessoa que está deslocada. A personagem (vivida pela atriz Suzana Witt) também procura uma conexão, tenta se expressar através da dança, mas falha melancolicamente.

Aquela personagem poderia estar numa situação limítrofe e aquele é o estopim para descer a sua própria espiral psicológica. É retomar um pouco um dos temas do filme, a impossibilidade da comunicação.

Há um outro personagem inserido apenas no final do filme. Dá pra falar um pouco sobre ele ou porque apareceu apenas nesse momento?

tivemos algumas ideias em outras versões do roteiro sobre como inserir o personagem do ator Gabriel Pirotta, mas, resolvemos mantê-lo como um respiro final para a personagem de Sofia, que permanece o filme toda enclausurada.

Por fim, a produção de filmes no Sul do país tem se tornado cada vez mais massiva. O que podemos esperar para o futuro e se você já tem algum outro longa em mente?

Realmente, a produção, não só gaúcha, como brasileira, teve um avanço absurdamente expressivo desde a criação do Fundo Setorial do Audiovisual, que possibilitou que muitas produções fossem desenvolvidas, produzidas e comercializadas.

Neste momento, no qual o Fundo (FSA) está ameaçado de extinção, há uma grande mobilização para que isso não aconteça, pois, se vier a ocorrer, certamente vai extinguir também o cinema nacional. É um período de muita incerteza.

Quanto a projetos, mesmo assim, estou trabalhando em dois projetos de longa. Um de série e – mais urgentemente – um de curta-metragem, chamado “Antes que a voz se dissipe”, que deve ser gravado em breve, através de uma campanha de financiamento coletivo.

Lucas Cassales entrevista Disforia

Foto: Divulgação

Quais temas esses projetos vão abordar? Dá pra adiantar pelo menos um pouco?

O curta trata um pouco de um processo de luto, abordando um pouco elementos de suspense e drama.

E o outro?

É um projeto de horror mais próximo a filmes como Midsommar, escrito também com o Thiago Wodarski.

Maravilha. Eu gostei bastante do filme. Lucas, muito obrigado pela entrevista e parabéns por Disforia. Aguardamos ansiosos por mais.

Que legal, Jorge. obrigado pelo papo. espero que venham muitos mais. Um abraço!

::: TRAILER

Jorge Feitosa

@jorgefeitosalima
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