entrevista com a cantora day limns dia mes lgbt

Foto: Carla Cardoso / ULTRAVERSO

Day Limns, uma artista ‘foda’ muito além do talento

Kainan Medeiros

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28 de junho de 2022

Day Limns é, certamente, uma artista diferenciada. Além de talentosa, a cantora ainda carrega consigo uma coragem que poucos tem. É uma das principais defensoras da causa LGBTQIAP+, não se opõe a falar sobre sobre temas sensíveis e vem alçando grandes patamares na carreira. Só com o single “7 Vidas”, lançado no fim de maio, a diva já atingiu a marca de mais de 200 mil views no YouTube e streams no Spotify.

Um dos principais nomes atuais do pop underground, Day Limns conta com milhares de seguidores nas redes sociais, mais de 95 milhões de visualizações no YouTube e 80 milhões de streams. Além de transmitir suas mensagens em suas próprias canções, a cantora é responsável pela composição de grandes hits cantados por Anitta, Luisa Sonza, Vitão, As Baías, Carol Biazin, Clau, Rouge, entre outros.

Para celebrar o Mês do Orgulho LGBT, assim como o dia – comemorado em 28 de junho por causa da Rebelião de Stonewall -, o ULTRAVERSO brinda seu público com uma entrevista com Day Limns, uma das artistas mais reverenciadas e promissoras de sua geração. Confira o bate-papo:

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Confira a entrevista completa com a cantora Day Limns

ULTRAVERSO: Você lançou recentemente seu novo single ‘7 Vidas’. Fale um pouco para a gente sobre a música.

Day Limns: Estou lançando a minha música “7 Vidas”. É o meu primeiro lançamento desde que eu lancei o meu disco em julho do ano passado. Então, faz quase um ano que eu não lanço música e é realmente um momento muito importante para mim. Tem sido bem diferente dos últimos lançamentos porque nesse eu consegui aproveitar mais cada parte do processo, desde a parte da criação até a parte do lançamento.

Eu estou muito ansiosa realmente para as pessoas ouvirem porque marca uma era da minha carreira e da minha vida onde eu consegui mesclar tudo o que eu já mostrei e o que faz parte de mim em uma música só. A partir dessa era, as pessoas vão conseguir ver e entender muito mais disso. Acho que “7 Vidas” é uma música que começa bem, que apresenta bem, que faz uma boa introdução ao que eu vou passar a mostrar daqui para frente.

Como foi a experiência de tocar no Mita Festival? Dá um frio na barriga?

Day Limns: Dá demais! Ainda mais abrir um festival. Eu já fui em alguns e sei como é essa parada do primeiro show, que é o menos cheio. Então tem aquela expectativa toda. Mas foi uma responsabilidade muito grande, de uma honra sem tamanho estar no mesmo line-up, mesmo flyer de todos esses nomes.

Isso é um negócio que eu coloco no meu currículo e ter compartilhado o palco com Lucas (Silveira, da Fresno) também foi muito enriquecedor. Ele é muito generoso. Ele me mandou uma mensagem falando isso para mim. Eu retribuí falando “você que é generoso”. O cara tem anos de carreira, anos de estrada, anos de palco, então, ele ter topado fazer isso comigo, cantado a nossa música juntos (“Isso Não É Amor”). Pude cantar músicas da Fresno com ele, pude cantar My Chemical Romance com ele. Então foi um dia muito especial. Ainda fiquei no festival o dia inteiro, fiz tatuagem, vi basicamente todos os shows. Então foi um dia que eu vivi muito, foi muito especial para mim.

Cantora, compositora e escritora. Você se considera uma artista completa?

Day Limns: Ainda falta eu dançar, eu acho (risos).

É um desejo seu?

Day Limns: Não. Eu acho que para o que eu quero oferecer dentro do que eu quero hoje – pode ser que amanhã eu mude –, eu fiz basicamente tudo. Eu ainda tenho vontade de me aventurar em alguma coisa mais voltada para a atuação. Mas eu ainda não tenho aquela energia para gastar para fazer aula. Ainda não é prioridade, mas é uma coisa que tenho vontade de me aventurar.

Mas, por enquanto, já estou matando essa vontade, por menor que seja, nos meus clipes da vida. Acho que sempre tem coisa pra gente melhorar, mas dentro das possibilidades do momento, eu me considero uma artista foda.

Isso é legal! Você tem que ter ciência da sua qualidade. Acho que só vai galgar maiores objetivos se tiver noção do que consegue oferecer para o público e do que ainda pode buscar. Esse tipo de pensamento é muito certo, de verdade.

Day Limns: Exatamente. Da hora. Até porque eu sou uma pessoa que, acho que quem me acompanha mais tempo vai se ligar. Eu sempre fui muito pessimista, então tive sempre muita dificuldade de me colocar nesse lugar. Sempre sabotei muito tudo o que fazia. Então, nesse momento, essa nova era marca, inclusive, esse momento mais autoconfiante da Day enquanto pessoa, que acaba transcendendo par a da artista.

entrevista com a cantora day limns dia mês lgbt

Foto: Carla Cardoso / ULTRAVERSO

Você participa ativamente do processo de produção e direção dos clipes ou fica mais afastada?

Day Limns: Eu participo ativamente. É uma coisa que eu gosto muito de ter o máximo de controle que puder dentro da minha limitação artística. Esse clipe (de “7 Vidas”) eu estou assinando literalmente a direção criativa. Mas eu falei: “cara, eu não sei porque não assinava antes porque todos os meus clipes eu fiz direção criativa”. Todas as ideias e roteiros partem de conceitos que eu criei e de ideias que eu jogava na roda.

Eu tenho que me colocar no meu lugar. Não é uma coisa que estou colocando porque quero estar. Não! Eu fiz o negócio, eu tenho que estar lá. Então eu estou nesse momento. Eu faço questão de meu nome estar aí. E eu gosto muito de somar também. Porque quando junta mais de um artista somando à ideia inicial, o negócio acaba se tornando melhor do que era no começo.

Tem uma frase sua que admiro bastante: ‘O álbum é como se fosse a superfície de um oceano infinitamente profundo e as músicas não eram suficientes para contá-la’. Que profundo isso. Você pretende continuar contando a sua história por meio de livros?

Day Limns: Sim. Eu realmente optei pelo caminho menos óbvio. Porque já tinha visto filmes e curtas muito longos, mas livro eu ainda não tinha visto. Então optei por esse caminho. Eu confesso que tenho vontade, tenho brisado muito, quase que um caminho sem volta. Tenho muitas ideias o tempo inteiro. Estou muito nessa brisa do mar, do oceano ser um negócio profundo. Estou numa era bem azul, bem ‘blue’.

Isso vai me trazendo a cada música que vou escrevendo. Às vezes imagens que vou pintando na minha cabeça. Mais histórias vão se tornando mais roteiros, vão se formando. Eu estou começando agora a anotar as ideias que vou tendo e deixando tudo em bloco de notas. Não sei se vai virar livro, se vai virar só um álbum, se vai virar música, poema, mas eu estou, no momento, despejando várias coisas dentro de mim, várias imagens.

Estou colocando tudo em forma de texto no meu bloco de notas e uma hora vou ver o que farei com isso. A princípio, é música, mas não descarto a possiblidade de mais um livro. Mas eu confesso que o sonho maior é um filme.

Eu ia perguntar isso, se queria fazer um curta, algo assim.

Meu sonho maior é um filme. Como eu falei, sou muito visual. Então parece que, por mais visual que a minha escrita seja, não é suficiente, porque parece que eu quero que as pessoas vejam exatamente o que estou vendo, sabe? Acho que uma hora vai. Estou plantando essas sementes por aí e vamos ver o que vai sair disso.

95 milhões de views no YouTube. 97 milhões de streams. Até onde você pode chegar?

Espero que muito além disso. Mas eu acho que já cheguei muito além de números, tá ligado? Acho que o lugar que estou hoje eu consigo ver claramente que fui muito além de números. Quando uma dessas pessoas me manda mensagem falando que eu faço parte do processo de autoconhecimento dessa pessoa e o quanto eu ajudei através da minha música, da minha arte, do meu próprio processo, essa pessoa a se descobrir, a se entender e a criar coragem para fazer alguma coisa ou correr atrás de algo que ela almeja…

A Day vai muito além dessa superfície. Vai muito além desses números, desse rolê todo, vai no âmago do ser humano que decidiu vir, embarcar e mergulhar nessa história. Estou sendo profunda aqui! (risos)

entrevista com a cantora day limns dia mes lgbt

Foto: Carla Cardoso / ULTRAVERSO

O pessoal é bem engajado com você nas redes. Você tem uma relação próxima com os fãs?

Day Limns: É muito importante. Eu sempre fui fã de muita gente. Eu gosto muito de usar essa simbologia, de fazer esses mistérios, de deixar as pessoas curiosas e engajadas. Então eu gosto muito de investir no fã raiz, naquele que vai a fundo no bagulho e quando vai ver, ele está criando mil terias sobre o símbolo que eu postei.

Eu gosto de colocar a cabeça dessa galera para funcionar e para pensar com base na referência que elas têm, o que elas imaginam o que estou pensando. Para mim, essa é a parte mais legal do processo, esse feedback.

Você já trabalhou com Lucas, Di, Vitão… qual o artista você ainda sonha em cantar junto?

Day Limns: Eu quero muito fazer uma música com a Pitty, Filipe Ret, Xamã. Quero muito misturar. Acho que isso vai ser uma coisa surreal. Gosto muito da Bivolt. Acho ela sensacional. Internacional tem alguns também. Eu tenho muita vontade de cantar com a Halsey, Paramore… a minha música com o Di (Ferrero) vai ser esse ano, com a Clarissa. Estamos conversando de fazer uma música com o Badauí do CPM 22. Então tem bastante coisa pra acontecer aí.

Apesar de você ser uma artista do pop, é possível perceber várias influências na sua música. Você pretende trabalhar com alguém do trap, por exemplo?

Day Limns: Pra caralho (risos)! Eu amo o Matuê pra caralho, as músicas dele. Acho foda pra caralho toda a 30PRAUM eu acho foda. O Sidoka também é foda. Ele tem umas músicas trap, mas que são meio emo. As harmonias são tristes, uma vibe muito massa. Eu quero muito misturar. Na real, a pandemia toda eu passei estudando muito, escutando muito, muito, muito. Porque, como compositora, me enriquece.

Eu amo R&B. Porque, para mim, as melhores melodias vêm do R&B e do trap. Eu piro muito porque não respeita regra nenhuma e eu gosto disso. É lindo demais. Eu estudo muito as construções harmônicas e melódicas. Enquanto curto, estou estudando para transcrever para o meu trabalho.

Como uma das vozes mais representativa da comunidade LGBTQIAP+ dentro da música, você sente o peso dessa responsabilidade ou lida bem com isso?

Day Limns: Eu lido bem com isso, porque estou vivendo a minha vida com a maior naturalidade do mundo, que é isso que é. E acaba que, por eu tratar isso com muita naturalidade e poder transcrever isso como qualquer outro artista transcreve suas vivências, acho que acaba gerando identificação com algumas pessoas e dando coragem também para outras.

Não enxergo isso como um peso, mas como uma consequência de algo que eu sou e que faço naturalmente. Quanto mais pessoas eu puder trazer para o lado da liberdade, só vem (risos).

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Foto: Carla Cardoso / ULTRAVERSO

Quanto tempo você tem de carreira?

Day Limns: Acho que considero meu tempo de carreira a partir de 2018. 16 de novembro de 2018, quando eu lancei meu primeiro EP, meu primeiro trabalho autoral. Mas eu posso considerar também quando tive minha primeira projeção nacional, que foi no “The Voice Brasil” em 2017.

E encantou o Lulu Santos, né?

Day Limns: Encantei o Lulu Santos. Nossa, ninguém mais, ninguém menos (risos)!

Sua carreira realmente não foi fácil. Então gostaria que você desse um recado para quem está tentando esse sonho e não desista dele.

Day Limns: Só queria falar para a galera não acreditar em nenhum momento que você não merece ter o que você deseja ter. Não deixa ninguém – nem você mesmo – falar que você não merece, tá ligado? Porque talvez você esteja muito distante de quem está se comparando. Mas eu quero dizer que só você tem a imagem do que quer ser. E se você tem essa imagem é porque você já é. Então só vai e confia que acontece.

Eu sei que para lidar com as coisas, às vezes temos que nos tornar um pouco fugitivo, rebelde, porque as coisas não funcionam sempre ao nosso favor. Mas a gente tem que estar sempre ao nosso favor. Então não seja você a pessoa que vai se sabotar, mas vai que vai. Estamos juntos. Conta comigo.

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Por fim, não deixe também de acompanhar o UltraCast, o podcast do ULTRAVERSO:

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