Entrevista com a banda Orphaned Land
Stenlånd Leandro
Duas décadas foram necessárias para que o show de uma das bandas mais conhecidas no Oriente Médio viesse acontecer no Rio de Janeiro. Depois de uma passagem turbulenta no Metal Open Air em 2012, a banda israelense Orphaned Land desembarcou no Brasil para 3 apresentações. O grupo, que tenta há mais de 20 anos unir as nações – em específico do Oriente Médio – através da música, conversou com o BLAH CULTURAL pouco antes do início do espetáculo.
O guitarrista Yossi Sassi (de um carisma fora de série) nos concedeu uma entrevista exclusiva, abordando diversos assuntos como o Metal Open Air, a união dos povos no Oriente Médio, seu projeto solo e muito mais. Confira:
BLAH CULTURAL: Olá, amigo. Primeiro de tudo, parabéns pelas músicas “Our Own Messiah, Brother” e “Let The Truce Be Known”, que são brilhantes. Eu queria que você explicasse o significado de “All is One”. Parece ser algo vinculado ao Oriente Médio se unir como se fosse uma única nação? Reparei que o álbum foi gravado em três países distintos, os quais, ironicamente – e respectivamente-, são judeus, muçulmano e cristão (Israel, Turquia e Suécia). Foi algo realmente proposital ou mera coincidência?
Yossi Sassi: Muito Obrigado, Leandro. Estou feliz que você gostou de nossas músicas de nosso novo álbum. Sem dúvida foi gravado nesses três países durante meses. Espero que você tenha gostado de nossas músicas. Mais estão por vir.
BC – Você Acha que a música do Orphaned Land tem se tornado uma ferramenta para levar paz ao Oriente Médio?
Yossi Sassi: Estou certo de que a música é a mais forte arma dentre todas que pode conectar as pessoas de diferentes religiões. Eu também chego a comentar sobre esse assunto no meu ‘’TED’’ sobre o conceito da força que a música tem para unir as pessoas.- Dê uma olhada no site: http://talentsearch.ted.com/video/Yossi-Sassi-The-power-of-musi-2;
BC – O Festival Dubai Desert Rock Festival chegou a proibir vocês de tocar lá e, até onde sei, vocês não podem entrar no país. Não existe diplomacia entre ambos os países? É como o que acontece entre a Coreia do Sul e do Norte? Eu creio que é hora dessa desavença acabar não acha?
Yossi Sassi: Eu não creio que tenha sido uma real proibição. Apenas os passaportes dos Israelenses que não são aprovados por eles. Estou certo de que um dia estaremos lá tocando nossa música e comemorando a união dos povos independente de nossas diferenças, afinal, não temos que ser iguais.
BC – O álbum “All is One” foi mixado e masterizado por Jens Bogren (Amon Amarth, Opeth). O disco é brilhante. Posso ver que a cada álbum lançado é um produtor diferente. Qual foi a experiência de gravar com Jens?
Yossi Sassi: Por anos tivemos ótimas respostas sobre nossa música e nos decidimos ampliar nosso gênero. Evidentemente que Jens, Johan e a equipe do estúdio Fascination sabiam o que estavam fazendo. Nós fizemos com que o melhor de nós soasse nesse disco. Provavelmente eles se saíram bem.
BC – O álbum “All is One” inclui um coral de 25 cantores líricos, também músicos eruditos para instrumentos como violino, viola e cello, provindos da Turquia. É difícil lidar com tantos músicos?
Yossi Sassi: Eu já trabalho com diversos músicos no meu dia a dia, e como produtor de diversas bandas e artistas, assim como minha carreira solo, posso afirmar que trabalhar com tanta gente tem se tornado algo simples. No Orphaned land, por exemplo, muitos artistas têm aparecido em nossos álbuns ao longo de todos os 22 anos de existência da banda. Eles colaboram sempre para levar ao Orphaned Land algo único.
BC – Infelizmente o álbum “All is One” será lançado depois dessa turnê aqui na América do Sul. Vocês trarão alguma amostra do álbum ou merchandising do novo disco?
Yossi Sassi: Ah sim, é uma pena que nosso disco será lançado depois dessa turnê. Nosso álbum sairá durante a turnê europeia, mas com certeza trouxemos algo para vocês.
BC – Pela segunda vez, vindo ao Brasil, vocês têm alguma expectativa relativa ao show de vocês aqui (serão três shows ao todo)?
Yossi Sassi: Eu pessoalmente estive no Brasil como turista nos anos 90. É uma honra tocar aqui com vocês. Há uma bebida feita com tangerina que eu acho muito boa (imagino ser caipirinha).
BC – Você tocou aqui pela primeira vez no Metal Open Air 2012 (Maranhão), que foi um festival problemático. Você teve algum problema relativo a esse festival?
Yossi Sassi: A produção fez o melhor que pode, e eu os respeito por isso. Festivais requerem atenção e são burocráticos. Nós tivemos uma excelente repercussão nesse festival e o show foi ótimo. Amamos os brasileiros, ainda que seja algo complexo lidar com a produção dos shows.
BC – Como um guitarrista renomado, gostaria de introduzir aos nossos leitores sobre sua carreira solo, que é algo que soa uma espécie de “Orphaned Land 2”. O que tem a dizer sobre seu projeto solo?
Yossi Sassi: Seria algo natural depois de 20 anos como produtor, compositor do Orphaned Land. Eu senti que havia mais música em mim que precisava ser extravasada, não necessariamente no estilo da banda. O resultado foi um álbum conceitual que obteve ótimas criticas, votado como melhor e mais recente álbum do ano de 2012 pela “Rock Hard”, e isso foi uma grande honra e vitória para mim. É meio industrial, mas ainda sim há vocais meus e da vocalista feminina Marina Maximilian, performance de excelentes músicos, sem sombra de dúvidas! Hahaha!
BC – Marty Friedman (fundador da banda Megadeth) tocou com você como participação especial em seu disco solo. Como foi trabalhar com ele?
Yossi Sassi: Ah sim, Marty é um ótimo amigo e um grande músico. Ele participa do disco “Melting Clocks” e tocamos juntos em uma forma de G3 conceitual chamada “O Universo da Guitarra”. Eu espero que possamos fazer uma turnê juntos pela América do sul, quem sabe?
BC – Orin Bata, que é uma fantástica vocalista, também tocou com você em seu projeto. Vejo que adicionar vocais femininos tem se tornado um padrão para vocês seja em seu projeto solo ou no Orphaned Land?
Yossi Sassi: Orin é uma excelente cantora e linda também. Ela me enviou uma carta quando eu estava gravando o disco “Melting Clocks”. Conversamos sobre fazer um cover em meu disco e adicionar a voz dela, que era algo único para o que eu queria. A voz dela soa como algo provindo do paraíso, você não tem ideia. Juntar isso com a percussão de Roei Fridman fez com que essa música se tornasse algo além do imaginável.
BC – Há algum plano ou data para um segundo disco de seu projeto solo?
Yossi Sassi: “Melting Clocks” foi apenas o primeiro do que há mais por vir. Não posso estipular uma data exata mas é certo de ser em 2014. Fiquem ligados no meu Facebook e no meu site. Novidades virão em breve.
BC – Deixe uma mensagem aos fãs e leitores do BLAH CULTURAL.
Yossi Sassi: Muito obrigado a todos os nossos fãs brasileiros. Nós amamos vocês. Esperamos tocar aqui novamente em breve.
Essa entrevista foi realizada pouco antes do show carioca. A banda ainda se apresenta no Roça ‘N’ Roll, em Varginha-MG, no dia 02 de junho!