Marcelo Gross - Crédito Diego Basanelli - 2

EXCLUSIVO: Marcelo Gross fala sobre volta do Cachorro Grande e ‘Tempo Louco’

Cadu Costa

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3 de agosto de 2021

O guitarrista, cantor e compositor Marcelo Gross, ex-Cachorro Grande, segue a todo vapor em seu trabalho solo. Prova disso é o sucesso do novo álbum Tempo Louco, lançado no último mês. E é sobre isso e mais um pouquinho que o ULTRAVERSO fez essa entrevista exclusiva com esse multiartista. Confira!

ULTRAVERSO – Em primeiro lugar, quero lhe dizer que sou um grande fã do seu trabalho. Já começo perguntando como você está nesse ‘Tempo Louco’?

Marcelo Gross – Muito obrigado, fico feliz em saber!

Dias estranhos, porém vamos sobrevivendo e fazendo o que está ao nosso alcance, dadas as restrições, e estou me cuidando até segunda ordem.

Aproveitando o tempo mais livre que o normal para ler muito, assistir filmes e compor, com a arte sempre sendo o oxigênio para esse momento de autoexílio.

ULTRAVERSO – “Tempo Louco” foi gravado antes da pandemia e finalizado durante o nosso momento atual. O nome foi proposital? Os tempos já eram loucos antes da Covid-19?

Marcelo Gross – O tempo já estava louco para mim, eu estava passando por um momento delicado da vida pessoal, tentando me reconectar e me recuperar. E as letras são um pouco reflexo do que vivi naquele momento, na cidade de São Paulo, com todas as suas idiossincrasias, na procura de me curar das dores da vida.

Então surgiu a canção “Tempo Louco”, dando o tom para esse tema que permeia o álbum todo e que tinha a ver com o que eu estava vivendo. Mal eu sabia que o tempo ia ficar mais louco ainda com a chegada da pandemia. Quando ela veio eu já estava calejado.

Gravamos as bases de baixo/guitarra e bateria com o GROSS TRIO, Eduardo Barretto no baixo e Alexandre Papel na bateria, pouco antes da pandemia começar. Depois fui completando com os overdubs aos poucos. Foi gravado no estúdio Clandestino durante as madrugadas.

A gente foi lançando as músicas que iam ficando prontas como singles, o que foi legal, pois tive uma boa resposta virtual das pessoas, que foi a maneira como tive contato com o público que me acompanha durante esse período sem shows.

ULTRAVERSO – E falando do nosso momento pandêmico, como você enxerga o futuro da música? Há uma saída artística para o mundo pós-Covid?

Marcelo Gross – Com a vacinação avançando, acredito que aos poucos os shows vão acabar voltando, com todas as devidas restrições e protocolos cumpridos de acordo com as especificações científicas/sanitárias. Mas ainda vai levar um tempo para a abertura ser mais abrangente, nos resta aguardar, nos cuidar, observar os números e agir de acordo com os protocolos.

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ULTRAVERSO – O rock sempre foi um hino contra “tudo que está aí”, rebelde, livre. Nesse seu novo disco, ele parece ainda mais assim. Foi algo pessoal e necessário trazer esse rock tão puro de volta?

Marcelo Gross – É natural e espontâneo, reflexo e mistura de tudo o que gosto de ouvir e do que precisava dizer e colocar pra fora. E essa maneira como a gente gravou, tocando “ao vivo” no estúdio, também ajudou a aproximar o som dessa “pureza” do rock.

ULTRAVERSO – A influência da Cachorro Grande ainda permeia “Tempo Louco”. No entanto, há muitos elementos psicodélicos interessantes. O que te influenciou musicalmente para a produção do álbum?

Marcelo Gross – Além das influências de sempre dos artistas dos anos 60, nesse disco entrou influências de artistas contemporâneos que eu estava ouvindo na época em que escrevi as canções, como o Michael Kiwanuka, Black Pumas, The True Loves, Paul Weller, Fiona Apple…

A cítara em “A dança das Almas” veio do Harrison, mas também da banda Kula Shaker, que também mistura elementos indianos com power pop. Algumas têm influência de “atmosferas” como “Superstição”, que tem um clima Western, ou “Trem de Sonhos Mil”, que tem uma coisa mais lúdica de Alice no País das Maravilhas.

Marcelo Gross - Tempo Louco - Crédito Davi Soares Balboa Filmes

Foto: Davi Soares / Balboa Filmes

ULTRAVERSO – Você tem um trabalho autoral já bastante sólido. No entanto, é inevitável uma pergunta sobre uma possível volta da Cachorro Grande. Acha que rola num futuro próximo?

Marcelo Gross – Não. Estamos todos felizes com nossos respectivos projetos e a personalidade libertária da banda não combina com esse tempo louco que estamos presenciando. E Também cumprimos nossa missão, foram 20 anos bem vividos e de intensa dedicação. Dizem que cachorros não vivem mais que 20 anos, né? Então! Haha!

ULTRAVERSO – Você fez uma live de lançamento para “Tempo Louco”. Acha que esse formato irá se sustentar com o fim da pandemia? E até isso acontecer, onde podemos acompanhar o Gross?

Marcelo Gross – A gente fez uma live de lançamento, tocando o disco novo na íntegra e foi bem legal. No Brasil as pessoas não têm o costume de pagar para ver show em streaming, mas nunca é tarde para usufruir e sugerir esse formato bacana.

As pessoas que têm interesse no meu trabalho podem me acompanhar através do Instagram e do canal do YouTube. Quero mandar grande abraço aos que me acompanham! Assim que tudo isso passar quero estar por aí curtindo com vocês, tocando e tomando uma no Jobi!

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Marcelo Gross em live anterior - Crédito Cubo Filmes

Foto: Cubo Filmes

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Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
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