Especial 10 anos da Marvel no cinema | FASE 2

Pedro Marco

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25 de abril de 2018

Nova York havia sido destruída. Os heróis haviam se reunido e voltavam para seus problemas pessoais, com novos traumas, poderes e, consequentemente, responsabilidade. A Marvel havia chegado onde ninguém antes esteve, mas ainda precisava manter a bola no ar. Era hora da FASE 2.

ESPECIAL 10 ANOS DA MARVEL NO CINEMA | FASE 1

HOMEM DE FERRO 3 (2013)

A 9ª maior bilheteria dos cinemas de todos os tempos, ironicamente, é o filme mais mal visto da Marvel Studios. E é com o terceiro ato de Tony Stark que iniciamos este novo momento da Casa das Ideias.

Após o grande sucesso de “Vingadores”, o hype sobre Tony Stark estava maior do que nunca. Iniciando uma série de consequências após a união da equipe, sai Jon Favreau da direção e entra Shane Black (escritor de “Máquina Mortífera”).

O grande fracasso de crítica do longa se deu por dois motivos que assolam os filmes de super-heróis, quando atingem um certo nível de visibilidade. O primeiro, é a má venda de tom da trama, mostrando uma história sombria e densa nos trailers, para ser a grande comédia ao estilo Marvel de sempre no cinema. O segundo, foi tentar incrementar no roteiro um enorme número de adaptações de histórias. Na terceira investida do gênio, playboy e filantropo nas telonas, tínhamos o Patriota de Ferro, o Mandarim, a trama Extremis, Stark como o mais procurado, a guerra de armaduras, e ainda os pesadelos com trauma dos eventos recentes.

Cerca de seis sagas adaptadas para um filme de dois horas numa grande salada sem cabeça, preocupou a crítica, mas não afetou a bilheteria, nem enterrou o personagem. O arco do milionário excêntrico mostrava indícios de um fechamento, moldando um homem completamente diferente do mostrado em 2008. Mas obviamente, não era o fim ainda.

THOR: O MUNDO SOMBRIO (2013)

No mesmo ano, outra grande decepção para os fãs de quadrinhos preocupava os mais céticos com o fantasma da saturação. Alan Taylor dirige a sequência do deus nórdico do trovão, com o retorno de Portman, Hopkins e, claro, Tom Hiddleston.

Como as produções anteriores, o longa teve algumas confusões na escolha de elenco. Patty Jenkins (que mais tarde dirigiria Mulher-Maravilha) chegou a ser anunciada como a diretora do filme, o que fez Natalie Portman retornar como par romântico do protagonista, mas acabou deixando a produção por divergências criativas (o que deixou Portman bastante descontente com o estúdio).

Com um roteiro cheio de pontas, um vilão esquecível e arcos desinteressantes, a nova sequência do Marvel Studios tinha sua importância, pois apresentava sua terceira joia do infinito: o Aether. Depois de termos visto a joia do espaço dentro do Tesseract (Thor e Capitão América) e a joia da mente no Cetro do Loki (Vingadores), agora o elfo negro Malekith mostrava-se na posse da joia da realidade.

Apesar de não tão bem recebido, a sequência dava continuidade não só ao arco dos asgardianos, mas para a história maior que era contada por trás.

CAPITÃO AMÉRICA 2: O SOLDADO INVERNAL (2014)

Surgem Joe e Anthony Russo. Os grandes irmãos que deixaram o público inteiro boquiaberto nessa sequência do bandeiroso mais querido da Casa das Ideias. Com um filme mais sombrio que qualquer outro anterior, o longa trazia uma ação crua, bruta e quase livre de efeitos especiais.

Após o longa, tínhamos mais dois personagens no grande hall de heróis da Marvel: Falcão (interpretado por Anthony Mackie) e o Soldado Invernal (retorno de Sebastian Stan como o sidekick Bucky). Com ares de Guerra Fria e espionagem, o filme terminava essa leva de consequências de Nova York e começava a preparar o terreno para uma nova e maior ameaça. Mas antes disto, era hora de ir para o espaço…

GUARDIÕES DA GALÁXIA (2014)

Se em 2013 a Marvel lançou dois filmes de qualidade duvidosa, 2014 trazia seu segundo longa excelente com uma direção marcante e uma nova fórmula de se fazer filmes de herói. James Gunn arriscou todas as fichas na equipe classe C da editora, em uma ópera espacial cômica e nostálgica, que logo conquistou o coração tanto de leigos quanto dos fãs mais ferrenhos.

Mais um cast mega estrelado, mostrando a crescente influência do gênero de heróis, marca uma revitalização no estúdio, que crescia numa exponencial inacreditável. Chris Pratt foi escolhido como protagonista após 30 segundos de teste, entrando em uma rigorosa dieta para perder sua barriguinha de 30 quilos e atingir o tanquinho padrão dos heróis hollywoodianos. Dave Bautista, do WWE, entrava em um curso extensivo de atuação, e Vin Diesel treinava a pronúncia de “Eu sou Groot” em mais de 15 línguas. A quarta gema do infinito surgia, com o próprio Thanos em pessoa, buscando a joia do poder dentro do Orb. O universo estava amarrado mesmo na sua trama mais diferente.

A equipe alavancou a autoestima do estúdio para produções mais arriscadas e autorais, fazendo cinco desconhecidos criminosos alcançar o nível de sua equipe principal. “Os Vingadores são os Beatles e os Guardiões são os Stones”, dizia Kevin Feige. Mas ainda não era hora de um crossover. Os maiores heróis da Terra ainda tinham uma ameaça para enfrentar. Pois, em novembro daquele ano, a Marvel revelou todos os seus planos até 2019, mostrando que só em 2018 veríamos o titã roxo novamente nas telonas.

VINGADORES: ERA DE ULTRON (2015)

A segunda reunião do grupo prometia uma história pesada, onde heróis cairiam e tudo estaria perdido. Feiticeira Escarlate e Visão ingressavam na equipe para enfrentar uma ameaça interna, criada pelo próprio Tony Stark. Surgia então Ultron, em um interlúdio para o tão esperado desfecho da saga cósmica das joias.

James Spader dava voz ao personagem, com referências a Pinóquio e adaptações de origem e visual que faziam os fãs de gibi torcerem o nariz. Tínhamos pela primeira vez Thor sem Loki e Stark sem Pepper. A fórmula Marvel atingia níveis preocupantes e, mesmo a excelente luta com a Hulkbuster e a festa onde os heróis tentam levantar o martelo Mijonir, eram escondidas por um roteiro cansado e extenso que transparecia a exaustão de Joss Whedon na direção. Ainda assim, a rixa entre Tony e Steve era aflorada, o Gavião ganhava uma história, cenas do passado da Viúva Negra foram mostradas, e a joia da alma mostrava seu real poder.

Com mais efeitos especiais do que “Guardiões”, o longa ficou um pouco abaixo das expectativas (que eram extremamente altas) e parecia estar dando adeus para esta segunda fase de altos e baixos. Mais ainda faltava um pequeno detalhe. Bem pequeno mesmo.

HOMEM-FORMIGA (2015)

O verdadeiro criador de Ultron nos quadrinhos só surgiria nos cinemas após a queda do vilão robô. Paul Rudd assumia o manto de Scott Lang, o segundo a vestir as antenas do herói. O Homem-Formiga original seria apenas um mentor aposentado, interpretado por Michael Douglas, enquanto a Vespa original havia desaparecido. Apesar de ser uma história de origem, o longa trazia um ar de futuro para o personagem.

O primeiro projeto para o longa data do final dos anos 80, com o próprio Stan Lee tentando botá-lo em prática pela New Line, mas a empresa achou muito parecido com “Querida, Encolhi as Crianças” e descartou o projeto. Depois foi a vez de Edgar Wright assumir em 2006, aquele que deveria ter sido o primeiro filme do MCU, mas era constantemente adiado por divergências criativas. Somente em 2013 o projeto começou a ser filmado, mas, no ano seguinte, Wright acabou pulando fora, alegando que a Marvel não o deixava trabalhar da forma que queria. O Homem-Formiga foi banido da sequência de Vingadores, onde surgiria e só veria a luz do sol nove anos após o início do projeto.

Segundo Peyton Reed, diretor que assumiu a direção do longa, Wright chegou a sugerir que a trama girasse em torno de uma formiga que se torna homem e tem que viver com esta situação, o que não agradava em nada o estúdio. Por ironia do destino, Homem-Formiga é o menor filme do MCU, mas os olhos dos fãs viraram todos para as cenas pós-créditos, onde não só tínhamos a confirmação de que o herói diminuto integraria a equipe principal dos Vingadores, como um deslumbre da fase 3 havia sido mostrado. Faltavam poucos meses para a “Guerra Civil”.

Quadrinhos recomendados:

  • Cinco pesadelos (Matt Fraction e Salvador Larroca)
  • Thor, o deus do trovão: Amaldiçoado (Jason Aaron e Nic Klein)
  • Capitão américa: Soldado invernal (Ed Brubaker e Steve Epting)
  • Guardiões da Galáxia: Legado (Dan Abnett e Andy Lanning)
  • Vingadores: Nascimento de Ultron (Roy Thomas e John Buscema)
  • Homem Formiga: Mundo pequeno (Tim Seeley)

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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