RESENHA | Everything, Everything (Tudo e todas as coisas): Citações nunca serão suficientes para exemplificar a magnitude deste livro

Natalia Gulias

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9 de maio de 2017

Everything, Everything (Tudo e Todas As Coisas pela editora Novo Conceito) de Nicola Yoon é o romance juvenil de tirar o fôlego mais incrível que alguém pode ler. Um livro de uma escrita envolvente e apaixonante, muitas vezes acompanhada de uma sensação de “tapa na cara” mostra aos leitores o quanto se é importante valorizar a vida, o mundo, as sensações e as relações. O leitor pode ficar assustado ao perceber que precisou que um livro o mostrasse tudo isso ao mesmo, uma vez que é tão fácil se acostumar com a rotina e perder o brilho no olhar e o amor pelo mundo.

“O amor torna as pessoas loucas.”

Madeline Whittier é uma menina completando 18 anos e que viveu a vida inteira com SCID, uma doença que afeta o sistema imune, e que recebe cuidados de sua mãe e sua enfermeira, Carla. Por conta de sua doença Madeline nunca saiu de sua casa, quase uma caixa hermeticamente fechada e extremamente limpa. Madeline não viveu as experiências adolescentes mais comuns por conta de sua condição. Até que uma nova família se muda para a casa ao lado.

A mesma não esperava o rebuliço que isso poderia causar. Ao conhecer Olly, sua vida muda completamente. Ele lhe apresenta um mundo diferente do que ela conheceu até o dia que se viram pela primeira vez, através das janelas de seus quartos. O coração de Maddy está completamente aberto para as novidades, embora ela esteja completamente fechada em sua casa e, assim, a reviravolta e o turbilhão de sensações que encontram o seu coração são acompanhados pelo leitor de forma viciante. É fácil se relacionar com a personagem e, também, terminar a leitura em apenas 3 dias.

A forma como Yoon coloca sua história em palavras é estonteante. Para os amantes de marcadores, é natural e fácil encontrar grande parte do livro sublinhado. Com metáforas na medida certa e maravilhosamente montadas – e de abrir sorrisos largos e arrancar lágrimas profundas–, Maddy arrisca-se a conhecer o mundo que tem a sua volta, aliás, amor não mata, não é mesmo? Com Carla como alguém que se recusa a acreditar que vale a pena deixar de viver, apenas para sobreviver, ao seu lado, Maddy e Olly podem encontrar-se fisicamente, indo além da experiência virtual que tiveram, compartilhando diálogos engraçados e crescentes, similares às famosas paixões que surgem das fortes amizades. Maddy e Olly combinam como duas pessoas que se conheceram a vida inteira e, mesmo tendo vivido em ambientes tão diferentes, são igualmente desesperados por amor, carinho, esperança de uma mudança da situação atual de ambos. Como Maddy chega a mencionar, parece que a mesma conhecia Olly desde sempre.

“Não é sua culpa. A vida é um presente. Não se esqueça de vivê-la.”

O livro é um bom exemplo de quem está a descobrir o mundo e se maravilha com tudo que vê – e isso é lindo. Com ótimos exemplos de “stargaze” (a prática de admirar as estrelas) e de amor pelo oceano, Maddy mostra que sentir é uma das melhores coisas que existem e que a maioria das pessoas, ignoram as melhores sensações, como a brisa, o mar tocando a sua pele, a areia em seus pés, o sol em seu rosto. É sensacional ver como Maddy enxerga o mundo e como enxerga Olly, o menino que vem e passa a fazer parte de sua vida, quase que de repente, e que vive tão atormentado quanto ela, eles precisam um do outro. A inveja crescente do leitor por Maddy, por ela experimentar a vida de forma tão bonita chega a ser natural, apesar de, para isso, ela ter sido privada de grande parte de sua vida, vivendo em sua bolha.

“De acordo com a teoria do Big Bang, o universo surgiu em um único instante – um cataclismo cósmico que deu origem aos buracos negros, às anãs marrons, à matéria escura, à energia e à energia escura. Ele deu origem às galáxias, às estrelas, às luas, aos sóis, aos planetas e aos oceanos. É um conceito difícil de ser compreendido – a ideia de que houve um tempo anterior à nossa existência. Um tempo antes do tempo. No início, não havia nada. E então, de repente, havia tudo.”

Apaixonar-se por Olly é como a matemática que ele fala durante a história. Precisa. Apesar do caos em sua vida e todas as teorias citadas e criadas por ele, Olly é envolvente e quase inacreditável. O jovem que se maravilha com Maddy é apaixonante, a forma como ele encontra vida em uma menina doente e enxerga um mundo nela é de aquecer o coração e trazer aquela ansiedade para o leitor, desejando que eles continuem descobrindo o mundo juntos.

“Eu era feliz antes de conhecê-lo. Mas agora estou viva. São coisas diferentes.”

É demasiado interessante que Madeline pela primeira vez questiona sua própria mãe e as verdade que lhes foram dadas durante a sua vida, já que algumas coisas só se podem ser descobertas após a experiência pessoal e destas. É importante ressaltar que Maddy muito descobre sobre si mesma nesta sua jornada e aprende a sua importância na vida de sua mãe, de Carla e de Olly de forma muito intensa.

Apesar de consistir em um romance juvenil, o livro é indicado a todos, principalmente para aqueles que esqueceram o amor pela vida, por estar vivendo, não apenas sobrevivendo e que a segurança é importante, mas não vale a pena deixar de viver por ela.

Citações para exemplificar a magnitude deste livro nunca seriam suficientes, assim este livro é altamente recomendado antes do filme. Uma coisa é certa: a sensação de completude após a leitura não te deixará. A certeza de ter aprendido muito mais do que se esperava de um livro, aprender a se surpreender novamente e se espantar com o universo que existe ao seu redor. Maddy mostra que o amor abre novos mundos, novos conhecimentos, novos aprendizados e oportunidades e vale a pena arriscar as suas velhas verdades por ele.

Natalia Gulias

Uma vestibulanda de medicina de 17 anos usa seu curto tempo livre para ler bastante e descansar da pesada rotina de estudante.
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