Festival Curta Cinema 2019 realiza premiação no Estação Net Botafogo

Festival Curta Cinema 2019 encerramento e premiação. Cobertura do evento por Alvaro Tallarico para o BLAHZINGA.

Festival Curta Cinema 2019 tem seus vencedores

Alvaro Tallarico

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7 de novembro de 2019

Na noite de quarta-feira (06/11), ocorreu o encerramento e cerimônia de premiação do Festival Curta Cinema, no Estação NET Botafogo, no Rio de Janeiro. Tudo começou com a estreia do curta-metragem mexicano protagonizado pelo ator José Galindo e Luna Tamayo e dirigido por Eduardo Esquivel, eleito o Melhor Curta Mexicano de Ficção do festival Shorts México 2019. Dessa forma, o Shorts México exibirá os curtas brasileiros premiados nessa edição do Curta Cinema no ano que vem.

Aliás, o Festival Curta Cinema chega aos 29 anos de existência e já confirmou as datas para a edição do próximo ano, será de 29 de outubro a 4 de novembro de 2020. O festival contou ainda com a segunda edição do Mercado Curta Cinema onde realizou quatro oficinas e um painel. Alguns dos trabalhos das oficinas foram exibidos como o divertido e criativo curta Amarelinho, feito na oficina de Animação Urbana para Instagram.

motor de resistência

O laboratório de projetos de curta-metragem teve como consultores Aline Mazzarela, Carla Domingues e Cavi Borges, que atribuíram dois prêmios. Primeiramente, por produzir pontes entre universos diversos, usando uma narrativa diferente, o prêmio de Melhor Projeto Nacional foi para Rua Dinorá, de Natália Mendes Maia e Samuel Brasileiro, curta do Ceará. Já o troféu de Melhor Projeto Carioca foi para Ave Maria, de Pê Moreira, por mostrar uma família comum e não conectar travestis à tragédia.

O curta Quebramar, de Cris Lyra, venceu o prêmio Canal Brasil de Curtas. A diretora não estava presente mas enviou um recado: “Que esse prêmio simbolize a força do amor entre as pessoas, entre as mulheres, como motor de resistência ao tempo de ódio em que vivemos. Obrigado ao festival e aos jurados pela oportunidade de espalhar afeto pelas telas do Rio de Janeiro”.

A Mostra Primeiros Quadros foi decidida pelo Júri Jovem da Escola Parque da Gávea. Subiram ao palco e disseram que o cinema é fundamental para a gente se reconhecer como uma sociedade. Informaram que pela relevância da temática que joga luz sobre os percalços de uma mulher negra, trabalhadora, que dá conta de tudo sozinha, e que é ao mesmo tempo mãe e profissional, como milhões de brasileiras e também pela qualidade e criatividade na narrativa e na estética, o Júri Jovem escolheu o filme Mãe não chora, de Vaneza Oliveira e Carol Rodrigues.

Abraço, de Matheus Murucci, é premiado no Festival Curta Cinema 2019 em foto de Alvaro Tallarico para o BLAHZINGA

Matheus Murucci recebe seu prêmio (foto: Alvaro Tallarico)

temáticas diversas

Por ter tido a maior votação no Porta Curtas, o Festival Curta Cinema 2019 premiou o filme Abraço, de Matheus Murucci. Logo depois, um anúncio foi feito, a equipe de curadoria do Canal Curta! decidiu fazer uma proposta para três curtas para licenciamento, foram eles: Tempestade, de Fellipe Fernandes; Peixe Pequeno, de Caio Alvarenga e O Rabequeiro Maneta e a Fúria da Natureza, de Manu Maltez. Ainda por cima, pelo Programa Especial Interzona, um realizador ganhou uma passagem, credencial e exibição de seu filme em Buenos Aires, no Festival Rojo Sangre. O vencedor foi Who’s That Man Inside My House?, de Lucas Reis.

Os vencedores escolhidos pelo público foram Carne, de Camila Kater, na Competição Nacional; e o espanhol Greykey, de Enric Ribes, pela Competição Interacional; Diz que é Verdade, de Clarissa Almeida e Pedro Estrada, no Panorama Brasil; Alfazema, de Sabrina Fidalgo, no Panorama Carioca. “É uma felicidade enorme, um prazer inenarrável, receber pela segunda vez esse prêmio do júri popular, que para mim é o mais importante, porque é o prêmio do público. Acho que essa é a melhor resposta que um filme pode ter, que um realizador pode ter. Da outra vez a gente ganhou com A Rainha, em 2016″, declarou Sabrina Fidalgo.

Sabrina Fidalgo recebe o prêmio do Júri Popular

Sabrina Fidalgo recebe o prêmio do Júri Popular (foto: Alvaro Tallarico)

hora da política dos afetos

O vencedor no Panorama Latino-Americano foi Bodas de Oro, de Lorenzo Tocco (Chile/Uruguai). Afinal, o grande prêmio dos jurados na Competição Internacional foi para ULTIMUL DRUM SPRE MARE (The last trip to the seaside), de Aidi Voicu, da Romênia. Melhor Diretor foi Pham Thien An, pelo filme Hãy tỉnh thức và sẵn sàng (Stay Awake, be Ready), produção conjunta da Coreia do Sul, Estados Unidos e Vietnã. Enfim, o Prêmio Especial do Júri foi para o documentário Blue Boy, de Manuel Abramovich (Argentina/Alemanha), e Menção Especial do Júri para Tigre, de Delphine Deloget (França). Menção Honrosa foi para Quebramar. Inclusive, Melhor Direção foi para Cíntia Domit Bittar, pelo curta-metragem Baile.

“As pessoas dizem que o filme tem muito afeto e fico muito feliz por trabalhar temas assim tão densos e ainda conseguir que sintam afeto porque acho que hoje… Me emociono para falar disso por causa do Brasil mesmo, sabe? A gente precisa se reconectar pelo afeto mesmo. Quando a lógica se vai, quando a razão já parece não ter mais sentido, quando as verdades parecem que já não importam mais, cada um com a sua auto-verdade, a gente tem que se reconectar pelos afetos. Política dos afetos, né? Acho que é isso que a gente precisa compreender para retomar o nosso lugar, para não simplesmente se sentir nesse lugar de assistir o nosso país se esfarelar”, disse Cíntia Domit Bittar.

A saber, Prêmio Especial do Júri foi para Extratos, de Sinai Sganzerla, que dedicou o prêmio a Marielle Franco. O Grande Prêmio da Competição Nacional foi para Planeta Fábrica, de Julia Zakia.

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Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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