CRÍTICA | ‘Gotham’ é, sem dúvidas, a melhor adaptação de quadrinhos para TV

Leandro Stenlånd

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24 de maio de 2016

Quando a série Gotham nasceu em 2014, havia aquele total desapego com a mesma, dada às circunstâncias de que o episódio piloto nem o subsequente conseguiram efetuar aquele ‘tchan’ para assistir aos demais. Foi aí onde o primeiro erro aconteceu para quem tentou assistir ao seriado.

>>CRÍTICA | Gotham (1ª temporada)

Gotham nunca foi uma série de super-herói, então não espere ver alguém encapuzado tentando combater o crime. Apesar dos vilões existirem (alguns com suas vestimentas, outros somente com seus codinomes), desde o início a premissa era acompanhar o então detetive James Gordon e seu nascimento como comissário, explorando a ideia de um jovem Bruce Wayne (David Mazouz) e clássicos vilões ainda em estado de formação.

A segunda temporada teve como subtitulo “A Ascensão dos Vilões” e assim seguiu a lógica de uma série policial com indícios do cânone estabelecido nos quadrinhos do Batman. É inegável que Gotham teve alguns problemas em sua primeira temporada, recebendo algumas críticas pelo desenvolvimento tortuoso de tramas e de personagens. Nem todo mundo amou os casos isolados de investigação do detetive Gordon, mas é com os erros que se aprende como acertar e a série aprendeu com eles, escutou as críticas e voltou com tudo nessa segunda temporada!

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O caos é estabelecido de forma incondicional, mas é notório que a série é realmente sobre Gordon e não sobre Wayne. Quando se trata do futuro comissário, a série capricha mais nas cenas de ação e de suspense. Se assistiu à primeira temporada, deve estar se perguntando dos vilões clássicos. Apesar de termos dois cômicos vilões (Pinguim e Charada), é quando Jerome Valeska (Cameron Monaghan) entra em cena que a coisa ganha proporções épicas. Todos acharam que ele seria o Coringa, mas será que não foi? O Coringa que todos amariam ver nos cinemas novamente renasce e é o responsável por toda essa ação e por toda essa reviravolta em Gotham no começo da segunda temporada. O personagem rouba toda a atenção sempre que aparece em cena, nos hipnotizando com sua loucura, suas largas risadas e sua desenfreada onda de crimes. Não há como negar o feito do ator, que desde o primeiro episódio em que ele apareceu, encarnou tão bem o Coringa que seria justo aproveitar o ator para o cinema num futuro.

GOTHAM: Jerome Valeska (special guest Cameron Monaghan) in the Rise of the Villains: “Knock, Knock” episode of GOTHAM airing Monday, Sept. 28 (8:00-9:00 PM ET/PT) on FOX. ©2015 Fox Broadcasting Co. Cr: Nicole Rivelli/FOX.

Bruce Wayne, interpretado por David Mazouz tornou-se um garoto mais chato que antes, apesar de estar bem caracterizado e ter uma atuação legal, mas é aquele negócio…. o menino não supera de maneira nenhuma a morte dos pais, vira um garoto sequelado para burro e onde o luto é mais nítido em sua face, não dando descanso a Alfred. O problema do personagem foi o excesso do uso de sua imagem. É interessante termos o jovem Batman na série como lembrete da grandiosidade do que virá no futuro, mas mantê-lo em quase todos os capítulos do programa, desenvolvendo arcos de histórias desnecessários pra ele, tornou-o um belo chato de galocha.

O alívio cômico da série vem da linda relação entre Gordon e Bullock. Praticamente há de se dizer que são os melhores momentos da série, e de certa forma até faz com que Gotham tenha uma certa personalidade menos viril de seriado somente policial. Há uma mitologia em torno da cidade. Isso do Gordon ir sempre contra o sistema corrupto da cidade e as intrigas ocorridas na máfia até certo ponto começa a ser cansativo, mas a variedade de vilões é tanta que da um gás no seriado. É aí que Fish Mooney – brilhantemente interpretada por Jada Pinkett Smith – retorna dos mortos. Fish é uma personagem criada exclusivamente para a série e sua presença deu mais que certo, e foi por isso que, decidiram ressuscitá-la.

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O ápice do seriado não necessariamente se dá no entorno do episódio final, mas é essencial para o desenrolar de novos vilões que estão por chegar, principalmente os com ‘super-poderes’. Pode ser que o Crocodilo apareça na próxima temporada, quem sabe? Os vilões simples, ainda que perigosos, são cheios de problemas. Gotham é carregada e intensa, e seus episódios procedurais se tornaram a regra para preencher o espaço que há muito tempo atrás era um vazio constante. Aquele erro de introduzir um vilão por episódio não existe mais e é assim que a série deve ganhar um tom mais investigativo ainda. Apesar de ter mostrado em seu season finale que uma penca de novos vilões deve aparecer em seu próximo ano, a fórmula de capturar, mandar para Arkham ou Blackgate, está com seus dias contados.

Gotham, que sempre se mostrou ser uma festa a fantasia sombria, agora ganha um tom mais denso e se aproxima daquilo que “Watchmen” conseguiu ser em toda sua trama: algo pomposo. Objetividade e estrutura são essenciais para qualquer série e finalmente esta adquiriu esses detalhes com tamanha destreza graças a seus vilões.

Leandro Stenlånd

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
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