Grave Idade

Antonio de Medeiros

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10 de novembro de 2013

****Colaboração de Patty, A Crítica Bipolar****

Confesso que já faz tempo que sou apaixonada por Cinema. Não sei há quantos anos, porque nunca fui boa com números, e não tenho nenhum receio de dizer a minha idade, o que ocorre é que de fato perdi as contas de quantos anos tenho. Mas isso pouco importa, o que vale mesmo é estar lúcida. Meu médico me disse que falta pouco para eu conseguir alta da minha bipolaridade. Não sei se quero ficar sem “ela”, eu me apego as coisas e as pessoas. “Você é responsável por aquilo que cultivas”- já dizia o Pequeno Príncipe, e eu cultivo violeta e miosótis na minha varanda.

Há certo tempo, conheci um rapaz na fila do finado cinema Paissandu, que me deu a ideia de publicar meus comentários numa página do Facebook. Conseguida a aprovação do médico, desde então tenho mantido esse mais novo passatempo. Já era hora de fazer algo novo, afinal sem bingo e perdendo uma amiga por mês, já não tinha nem mais companhia prum buraco. Eu também não quero ir pro buraco, não agora que me sinto vivíssima!

patty bipolar

Euzinha (Crédito: Ilustrices)

Sempre que posso vou ao cinema e ao teatro. O motivo dessa crônica é contar minhas impressões do filme “Gravidade.” Depois de tanto ouvir falar bem dele, fui conferir. O filme já começa com os dois personagens principais no espaço. No início, parecia que eu iria ver um especial do Discovery Channel, mas logo a gente se interessa pelos personagens, em saber qual é a do George Clooney, e mais ainda na Sandra Bullock. Ficamos curiosos em saber o que levaria aquela mulher a ir tão longe, literalmente.

O filme tem cenas deslumbrantes do espaço. Deixa o Planetário da Gávea no chinelo! Mas o filme é muito mais do que isso. Então, enquanto fazem reparo num satélite os astronautas são atingidos por destroços de um velho satélite russo, (alfinetaram Putin?), e aí começa um suspense de deixar a gente sentada na beirada da cadeira.

Tem que ter mesmo muita coragem para encarar uma viagem dessas. Sabe-se lá se voltaremos vivos? Por isso, no início da descoberta do espaço, os russo mandaram um cachorra, a Laika. Tadinha, achando que ia ganhar uma casinha, e mandaram a bichinha pras estrelas. Se fosse hoje, eles mandariam um beagle? Não pensem que não gosto dos russos, ao contrário, não sou ninguém sem uma dose diária de boa vodka!

Voltando, fiquei embasbacada com os efeitos 3D. Parece mesmo que uma lasca vem atingir a gente, na hora eu levei um susto e deixei cair uma pipocas num rapaz sentado ao meu lado. Fiquei sem graça, ele me disse que não era nada. Depois quando a doutora Ryan (Sandra Bullock) começou a girar e a girar no espaço, eu fui me sentindo tonta, minha cabeça girando e girando junto. Eu estava boba: a que ponto a tecnologia havia chegado! Só que depois me lembrei que não havia tomado meu remédio pra labirintite, e que estava era tendo uma crise: “Jesus, minha cabeça girava e eu não acertava um mentex na minha boca!”

gravidade patty

O rapazinho percebeu meu descontrole e antes que ele perguntasse, lhe disse que não estava recebendo santo e que era apenas a maldita labirintite. Ele me deu água e eu perguntei se podia segurar a mão dele. Ele não se incomodou e mais calma, pude voltar a ver o filme.

Voltei quando a mocinha tenta entrar na estação espacial Chinesa, logo associei à piada do China. Ri sozinha ao me lembrar do homem que foi numa pastelaria, a dona disse-lhe que só tinha pastel de “flango” , com fome ele acabou aceitando, passado um tempo, uns pombos pousaram no balcão e a chinesinha batendo com o pano de prato no balcão, gritava: “Sai flango! Sai flango!”.

Sempre tem gente chata que me pergunta qual é a moral do filme. Gente chata adora saber qual é a mensagem dos filmes. É esse mesmo tipo de gente que curte apontar os erros científicos do filme. Isso me importa pipocas! O que vale é emocionar. E “Gravidade” emociona. É um filme sobre sobrevivência. Cada dia levamos uma cacetada e mesmo assim, teimosos ou perseverantes, continuamos nossa jornada. Hoje mesmo tropecei numa pedra portuguesa, vi minha vida passar por mim, mas me levantei, que dizer me levantaram; sacudi a poeira, recolhi os meu comprimidos de tranquilizantes e ansiolíticos e segui meu caminho.

*Desenho: Ilustrices

Antonio de Medeiros

Antonio de Medeiros apenas digita os textos entregues pela própria Patty, ou por seu sobrinho Fernandinho, em papeizinhos escritos à mão (cartõezinhos amarelados de fichamento) ou datilografados, às vezes manchados de café ou quase sempre de whiskey. Ela me fez prometer que eu não modificaria nem uma única vírgula. De modo que não me responsabilizo por sua opinião e pitacos. (Antonio De Medeiros é formado em Turismo pela UniRio. Atualmente, é funcionário público. Passou pela CAL e pela Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Ama Cinema, Literatura e Teatro. Sonha em ser escritor. Enquanto escreve peças e um romance, colabora para o site "Blah Cultural")
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