GUIA DE LEITURA | Superman: Parte 1

Pedro Marco

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15 de junho de 2018

Olhe, lá no céu!

Mais rápido que uma bala, mais potente que uma locomotiva, capaz de saltar prédios com um só pulo. É um pássaro? É um avião? É o SUPERMAN!

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Criado em abril de 1938 pelos judeus Jerry Siegel e Joe Shuster, originalmente pensado como um vilão megalomaníaco que queria dominar o mundo, o Homem de Aço aos poucos foi moldado como um símbolo de esperança para a humanidade, e o primeiro super-herói do mundo. Em junho daquele mesmo ano chegavam às bancas Action Comics #1, onde um cara de colã azul e uma cueca vermelha por cima da calça (tal qual os lutadores de luta livre, símbolo de força na época) atirava um carro contra a parede. Apesar do fenômeno descomunal, ninguém imaginava o impacto que aquele pequeno gibi iria causar.

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Action Comics #1


 

Sendo uma válvula de escape americana depois da grande depressão de 1929, o último filho de Kripton surgia como um enorme símbolo de força e esperança, que acolhia os soldados em guerra e as crianças que aguardavam seus pais. Com o tempo, este super ser acabaria tomando seu lugar nas emissoras de rádio (onde seu programa de áudio incrementou diversos elementos importantes de sua mitologia, como a Kriptonita e o grande amigo Jimmy Olsen), e nas telonas (com o seriado Adventures of Superman, interpretado por Kirk Allen).

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Ao fim dos anos 50, findava-se também a Era de Ouro dos quadrinhos, iniciada com a criação do herói. E foi na Era de Prata, onde o último filho de Kripton ia mostrar seu verdadeiro potencial. Deixando de lado parte de seus poderes exagerados, como carregar planetas ou acabar a guerra juntando Hitler, Stalin e Churchill na mesma sala, Superman ia sendo moldado como o grande líder de uma nação e fonte de inspiração para despertarmos o que há de melhor em nós mesmos. Fomos apresentados a Supergirl, Krypto e demais personagens que, junto com Lex Luthor, Lois Lane e o Planeta Diário, iam aos poucos construindo uma enorme mitologia própria para o herói.

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Foi também nesta época que tivemos a chance de voltar a vê-lo nas telonas – agora em cores – e com grande elenco. Concebido por Richard Donner e Mario Puzo, Superman: The Movie, era o filme de super-herói definitivo. Não bastasse o roteiro audacioso, porém leve, divertido e principalmente empolgante, o longa trazia, com uma trilha genial do mestre John Williams e atuações precisas e eternizadas por Marlon Brando, Gene Hackman e Christopher Reeves, o homem que nos fez acreditar que podíamos voar.

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Obviamente que o grande sucesso nos cinemas iria gerar uma série de sequências, onde a qualidade não conseguiu se manter, sendo decrescente até o quarto e último filme da safra. Nas telinhas, Lois & Clark aquecia o coração dos apaixonados, com a constante promessa de um casamento entre os dois repórteres. Para acompanhar o evento também nas páginas do gibi, Dan Jurgens viu que precisava de algo grande para agradar os leitores até o dia do casório. Era hora de matar o Superman.

Lois & Clark, casamento e morte de Superman

Seguindo uma constante em seus antagonistas, o Homem de Aço alternava entre vilões de extrema inteligência, capazes de aprisioná-lo com armadilhas, aproveitando-se de sua bondade e inocência, e de extrema força, gerando combates brutos e devastadores. O Superman da Era de Bronze, criado por John Byrne, era mais “crível” e com o espírito de bondade e liderança mais próximo do que temos hoje. E foi este que vimos morrer pelas mãos de seu Apocalipse, e retornar de forma triunfal para os braços dos fãs. Com sua morte, retorno e casamento, o primeiro herói voltava a atingir também o topo das vendas.

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Nos anos 2000, uma reformulação nos quadrinhos ganhava o nome de Era Moderna, e nosso grande herói começou a ganhar seus primeiros grandes clássicos nas HQs. Jeph Loeb contava os primeiros dias de Kal-El como um vigilante uniformizado em As Quatro Estações, enquanto Mark Waid definia um início alternativo, em O Legado das Estrelas, onde Clark e Lex eram amigos de adolescência (conceito reaproveitado na série Smallville). Em identidade secreta, víamos o impacto do herói no mundo real, e em Entre a foice e o martelo, sua versão alternativa da Rússia Comunista.

Traços de Alex Ross

Mas o verdadeiro Super-Homem seria mostrado pelo traço eterno de Alex Ross. Seja na Graphic Novel Paz na Terra, onde vemos o herói num enorme dilema para tentar curar a fome no mundo; ou em Reino do Amanhã, em que uma versão envelhecida do Superman retorna do exílio para trazer seus conceitos básicos de heroísmo para uma nova geração. Ao fim, Grant Morrison trazia de volta o espírito clássico do herói, com a história definitiva em All Star Superman. Um clássico moderno surpreendente.

All Star Superman (Grandes Astros Superman)

No audiovisual, visões distintas do personagem também eram tratadas. Se de um lado Bryan Singer trazia um Superman mais clássico, ingênuo e simbólico, do outro tínhamos Zack Snyder com um herói mais bruto, inexperiente e cru. No novo DCEU vimos o Homem de Aço matar, destruir uma cidade durante uma luta, ser julgado, morrer e, por fim, retornar com seus ideais originais. O reflexo disto estava nas páginas da Action Comics onde o Superman dos Novos 52 se mostrou mais violento e iniciante, até morrer e retornar com uma roupagem mais condizente no chamado Renascimento.

Action Comics #1000

Este ano, ele completa 80 anos de sua primeira aparição. Sua HQ principal atinge o número 1000, e o filme que o eternizou está em seu 40º aniversário. Mas será que sua ideologia foi repassada de forma correta durante todo este tempo? A visão de um ser que defende uma Terra que não é a sua, e que apesar de ser o mais forte do mundo, tem como principal poder a força de despertar essa mesma força no coração de cada um.

Pedro Marco

Pedro Px é a prova de que ser loiro do olho azul e com cabelos e barbas longas, não te garantem ser parecido com o Thor. Solteiro, brasiliense e cozinheiro, se destaca como autor de 7 livros, host do Pipocast, membro da Academia de Letras de sua cidade, fundador de Atlética universitária, padrinho da Helena, e nos tempos livres faz 40h semanais como engenheiro civil. Escreve sobre cinema desde que tudo aqui era mato, sendo Titanic seu filme favorito
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