Hangar prova que o power metal/melódico nacional está mais vivo do que nunca

Danilo Firmino

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27 de novembro de 2018

Houve um tempo em que o power metal era, junto com o metal melódico, uma das mais populares vertentes do metal no Brasil e no mundo. Nomes como Rhapsody, Helloween, Blind Guardian, Gamma Ray, Hammerfall e Stratovarius desembarcaram em terras brasileiras fazendo shows sempre lotados. Dentre os representantes do cenário nacional, além do Angra que despontou em cenário internacional, existiam excelentes bandas como Wizards, Symbols, Hangar e, posteriormente, o Shaaman. O final da década de 90 e a primeira metade do ano 2000 foram especiais para o cenário de power metal/melódico nacional.

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O Hangar havia chamado atenção da mídia especializada com o álbum Last Time (1999), mas com Inside Your Soul (2001) teve seu nome reconhecido no cenário do metal nacional, em um álbum que aliava a agressividade do power metal com a técnica apurada dos seus membros. Nesse momento, o Angra passava por uma reformulação e convidou Aquiles Priester para assumir as baquetas, deixando os fãs do Hangar em dúvidas sobre a continuidade. Depois de um hiato de 4 anos, o Hangar lançou uma demo, voltando a gravar um álbum completo apenas em 2007, o The Reason of Your Conviction (2007). Seguiram-se Last Time Was Just the Beggining (2008), Infallible (2009) e Acoustic, But Plugged It (2011) e, depois de 5 anos, Stronger the Ever (2016), agora com Pedro Campos no vocal.

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(FOTO: JOÃO CARLOS GOMES | BLAH CULTURAL)

A banda Hangar desembarcou no Rio de Janeiro no dia 22 de novembro e protagonizou um show eletrizante no palco do Teatro Odisseia. O esmero técnico de toda a banda é admirável. Fábio Laguna (teclado), Nando Mello (baixo), Cristiano Wortmann (guitarra), Pedro Campos (vocal) e Aquiles Priester (bateria) formam um quinteto excelente, executando a músicas ao vivo com clareza e beleza de estúdio. Se alguém tinha dúvidas que Pedro Campos conseguia, ao vivo, manter a performance do álbum, não pode mais ter: o homem simplesmente não desafina. Além disso, sua simpatia cativou a todos.

Mas faltava ele, Aquiles Priester. Nesse momento, Hangar já havia executado mais de 10 canções e o baterista permanecia quieto. “Escondido” atrás do seu kit, Aquiles destruía com sua bateria, mas só. Era pouco. Porém, depois de Let Me Know Who I Am, ele levantou de seu banquinho. Aquiles iniciou sua fala agradecendo ao público carioca por ter comparecido na noite de quinta, um dia incomum para um show de metal. Emocionado, disse que sente um carinho especial pelo Rio de Janeiro.  “Esse é o melhor show de toda turnê até o momento!”– afirmou o músico.

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(FOTO: JOÃO CARLOS GOMES | BLAH CULTURAL)

Em um momento único no show, Aquiles homenageou João Barone, que estava presente para prestigiá-lo. Tal atitude fez a plateia gritar “Barone! Barone! Barone!”. Em sua homenagem, Aquiles destacou como o baterista do Paralamas do Sucesso foi importante em sua trajetória como músico, que o inspirou desde o início a tocar bateria. Era o que Aquiles havia dito: eram 33 anos de espera até retornar ao Rio e ver o grande amigo na plateia. Barone apontava para o baterista do Hangar tocado com a homenagem, desferindo elogios e palavrões daqueles que você só fala para um amigo de longa data. Não foram apenas homenageadas a plateia e Barone, mas o também baterista Cadu Menezes, que já tocou com nomes como Lobão e Barão Vermelho.

Após essa “rodada de homenagens” e apresentação dos membros da banda,  Aquiles se emocionou ao lembrar de como foi o retorno do Hangar e a gravação de Stronger The Ever, tanto na sua versão de estúdio quanto ao vivo. Afirmou que essa havia sido a primeira turnê comercial banda, a primeira vez que estavam recebendo retorno financeiro mesmo com mais de 20 anos de carreira, sendo isso possível apenas devido ao investimento da banda na produção e divulgação do Live in Brusque.

(FOTO: JOÃO CARLOS GOMES | BLAH CULTURAL)

E o Hangar voltou a tocar parecendo não querer acabar essa apresentação tão cedo. O show continuou empolgante, com Aquiles tocando com uma máscara de polvo. Uma gigantesca roda tomou em The Reason of Your Conviction, uma das mais conhecidas músicas do Hangar, vindo a fechar o evento em excelente nível. Ao fim, não poderia faltar: a banda se junta e Barone para agradecer aos fãs.

A noite do Hangar no Rio de Janeiro veio demonstrar que a banda não é apenas a “do ex-baterista do Angra”, mas tem um público cativo que sabia cantar suas músicas e estava ansioso esperando pelo show. Ganhando novamente fôlego e, com um álbum excelente, o Hangar novamente desperta a atenção da crítica e do público, tendo tudo para retomar a jornada que deixou “incompleta” no ano de 2001. Parecem estar no caminho certo, pois a empolgante e emocionante apresentação do Hangar em terras cariocas, ao que tudo indica, ficará na memória de todos, inclusive de Aquiles e Barone.

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Danilo Firmino

Danilo Firmino é mestre em história, entusiasta de filmes de terror, RPG e filosofia. Rubro-negro, não perde a chance de ir ao Maracanã mesmo com o Flamengo não merecendo. Apaixonado por metal, mas permite MPB e músicas anos 80/90 em sua vida - mas isso é segredo.
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