The Other Side Of Make-Believe Interpol crítica do álbum 2022

Foto: Divulgação

Interpol se renova em ‘The Other Side Of Make-Believe’

Jhone Silva

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8 de agosto de 2022

Muitas coisas no mundo mudaram após esse recente período pandêmico que, infelizmente, ainda não podemos dizer que foi superado e que se tornou passado. Dessa forma, muitos paradigmas foram quebrados, e a banda Interpol seguiu esse movimento em The Other Side Of Make-Believe, novo álbum lançado recentemente nas plataformas digitais de música. Nascida na sombria e mal-humorada cena nova-iorquina, a banda deu inicio à uma nova era com o último trabalho.

Interpol é uma daquelas bandas que sentem o peso de um álbum de estreia tão aclamado e querido. Desvencilhar-se disso é complicado. Isso porque tanto os fãs quanto o público em geral sempre lembrarão desse disco de estreia extraordinário. Portanto, as comparações sempre virão, criando altas expectativas que podem não ser atendidas – e geralmente não são. Mas, agora, em seu sétimo álbum, após 20 anos de carreira, a banda finalmente parece ter superado essa questão.

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Nova era

The Other Side Of Make-Believe, de fato, traz uma nova era e sonoridade para o trio nova-iorquino. Mas a inconfundível combinação de Banks, Kessler e Fogarino ainda está presente, principalmente o som e a identidade que lhes deu reconhecimento global nessas últimas duas décadas.

O momento delicado que toda a humanidade passou recentemente influenciou diretamente a produção de The Other Side Of Make-Believe. No desenvolvimento desse álbum – assim como a de muitos outros nos últimos anos -, a banda teve que superar os obstáculos da pandemia. O fato de o cantor Paul Banks ter composto as letras das faixas longe dos outros membros foi um prenuncio da mudança da atmosfera das canções e da sonoridade mais ponderada.

Com The Other Side Of Make-Believe, o Interpol deixou de ser a trilha sonora ideal para curtir um passeio urbano noturno. Assim, tornou-se a música perfeita para contemplar o nascer do sol que atravessa uma neblina matinal com uma xícara de café em mãos.

Senso renovado de liberdade consciente

A faixa de abertura é “Toni”, que, ao começar com um piano suave e melancólico, mas belíssimo, lembra a sensação acalentadora do sol da manhã. A letra de Banks não aborda o fim da travessia do período pandêmico com a habitual mensagem de esperança – não que ela não esteja presente -, mas sim expondo um senso renovado de liberdade consciente:

“O objetivo agora é a perfeição sempre / O objetivo agora é deixar para trás (Sim) / Vá para casa conhecido pelos corredores da percepção / Quando a mudança vier, viveremos em céus verdes”.

Na faixa seguinte, “Fables”, segue mergulhando em um ritmo lento e integra-o em “Into the Night”, além de compartilhar muitos de seus traços harmônicos e tempo com as faixas vindouras.

Ápice do novo álbum do Interpol

O álbum chega ao seu ápice com a dupla “Something Changed” e “Renegade Hearts”. Na primeira, a banda traz uma atmosfera fantasmagórica na sonoridade que traz uma introspecção absorta. Além disso, a progressão em camada dos instrumentos contribuiu para a dinâmica da música, que não é preponderante, mas, ainda assim, muito interessante.

As harmonias vocais de “Something Changed” flutuam por baixo da instrumentação, aumentando o clima atmosférica da música, além de apresentar uma sensação de desespero retratado na letra que aparenta argumentar sobre a futilidade de existir em um mundo em que estamos presos por nossa própria desilusão por sermos incapazes de viver. “Eu quero falar fatos / Menos sabemos, sem substância / É mais poderoso do que eles podem fornecer / Todos os dias, estamos todos presos aqui, tão afetados”.

Amor em uma sociedade à beira do abismo

Já “Renegade Hearts” contrapõe a melancolia apresentada até agora, trazendo uma mensagem de esperança não muito tradicional. No trecho: “Corações renegados / Façam arte escapista”, a banda basicamente apresenta a ideia de encontrar esperança no desespero de pertencer em um um mundo caótico e desmoronando, de encontrar amor em uma sociedade à beira do abismo.

Em suma, The Other Side Of Make-Believe apresenta um Interpol pronto para uma nova era. Portanto, se você está atrás de um retorno à Turn On The Bright Lights, irá se decepcionar, mas se gosta de uma boa música, logo em seguida, será surpreendido (a) positivamente. Se a banda seguir pelos caminhos apresentados no novo trabalho, certamente, eles ainda trarão seu melhor álbum no futuro.

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Ouça The Other Side Of Make-Believe, novo álbum de Interpol (2022)

Jhone Silva

Um jovem paulistano que aproveita a boemia da maior cidade brasileira, embora prefira ficar trancado em seu quarto lendo, assistindo, escutando e jogando e fazendo arte. Mas sempre com uma qualidade duvidável, é claro.
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