Ionesco Brasileiro

Marcus Di Bello

Estagiário de advogado tinha um cunhado, cujo avô tinha ligações anarquistas com um grupo universitário, sendo um dos membros inspetor de escola pública, que estava com o seu sistema de ensino falido, cujo diretor tinha um sobrinho que havia sido preso no Maranhão, cujo pai tinha uma admiração pela ditadura, e na nostalgia de tempos passados impôs que a filha se casasse com um militar, cujo tio não ficou nada satisfeito com vídeo do Porta dos Fundos, entretanto, para irmão desse tio estava tudo bem, porém concordava com jornalista do SBT, que afirma que homem que acendeu rojão era primo de sobrinho de segundo grau do cunhado de um mineiro que sabia falar inglês fluentemente, porteiro do prédio onde viviam dois espanhóis que não viam a hora de chegar a copa do mundo, sendo um desses espanhóis homossexual, entretanto, reprimido pela Folha de São Paulo, cujo editor chefe foi casado três vezes sucessivamente, sendo que a terceira delas era ligada ao deputado estadual Marcelo Freixo, cuja avó, ocasionalmente no inverno, como todo mundo, apanhou um resfriado.

Marcus Di Bello

Ator, diretor, dramaturgo, poeta e ser humano. Escreve desde 2006. Influenciado principalmente por Charles Bukowski, Mário Bortolotto, Raymond Carver, Paulo Leminski e Henry Miller. Admira Kafka, Baudelaire, Carlos Drummond de Andrade, Samuel Beckett e Dylan Thomas. Gregório é o protagonista dos contos e uma espécie de alter ego do autor, que mistura passagens autobiográficas e ficcionais.
NAN