‘Jojo Rabbit’ | CRÍTICA
Jorge Feitosa
|28 de janeiro de 2020
“Torça o pescoço e mate o coelho. Ou você está com medo?”
Desde a infância até mais ou menos a adolescência, procuramos ídolos em quem nos inspirar. Sejam nossos pais, parentes mais próximos, artistas, governantes, enfim, exemplos de liderança e sucesso. Cultuamos essas pessoas através de suas imagens e cremos em sua pregação como se fossem verdades absolutas, até que o amadurecimento vá abrindo nossos olhos e percebamos que não era bem assim e o quanto, por vezes, fomos tolos.
Em Jojo Rabbit, o pequeno protagonista do título, vivido por Roman Griffin Davis, é um ávido candidato às fileiras nazistas alemãs já nos estertores da 2ª Guerrra Mundial. Ele não consegue nem mesmo amarrar os próprios cadarços, mas sabe que juntar-se aos outros fará dele um homem com o apoio de seu amigo invisível de todas as horas, Adolf Hitler.
https://www.youtube.com/watch?v=QHnUG_SIYYo&t=6s
NARRATIVA PRIMOROSA
E o longa de Taika Waititi, que dirige e roteiriza o livro Caiging Skies, de Christine Leunes, além de interpretar o Fuhrer em pessoa, é um primor de narrativa ao mostrar as desventuras do pequeno Jojo para ser um nazista digno da suástica, mas que congela ao ser incumbido de matar um pobre coelhinho.
O que vê em tela é uma sátira ao nazismo já definhando, mas que não deixa de angariar entusiastas dentre aqueles mais impressionáveis. Estes são as crianças na busca de aceitação, tentando ser corajosas aos olhos dos outros, mas que inevitavelmente vão estancar diante da crueldade.
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DIVERTIDO E NECESSÁRIO
O tom é dado não apenas pelo roteiro e direção, mas pela montagem certeira de Tom Eagles e seus cortes precisos nas cenas para definir os momentos de drama e comédia sem perder a leveza. Dando o enfoque certo ao elenco, que se alia para mostrar o nazismo ora ridículo, ora ameaçador em sua doutrina. Em especial Scarlett Johansson, a mãe de Jojo, que não perde o pulso e nem o bom humor, e Thomasin MacKenzie, a judia que este encontra escondida em sua casa. São suas mulheres que, à sua maneira, mostram o quão absurdo é o mundo em que o garoto vive.
Jojo Rabbit, enfim, é um filme divertido e necessário em tempos atuais, já que o culto à celebridade está descambando cada vez mais para a intolerância e o conflito que nunca deixaram de existir e produzir vítimas. Principalmente os que começam a crer desde cedo.
::: TRAILER
::: FICHA TÉCNICA
Título original: Jojo Rabbit
Direção: Taika Waititi
Roteiro: Taika Waititi
Elenco: Scarlett Johansson, Roman Griffin Davis, Thomasin McKenzie, Taika Waititi
Distribuição: Disney
Data de estreia: qui, 06/02/20
País: Alemanha, Estados Unidos
Gênero: drama
Ano de produção: 2019
Classificação: a definir
Jorge Feitosa
@jorgefeitosalima
