José Padilha e elenco lançam RoboCop no Rio

Bernardo Moura

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18 de fevereiro de 2014

Do lado de fora, o sol tímido. Do lado de dentro, a ebulição de pensamentos e troca de idéias sobre o novo filme do diretor José Padilha, RoboCop. Ao lado dele, estavam um ator tímido e que interpreta o personagem-título do filme, Joel Kinnaman, e um ator velho conhecido do público e também altamente engraçado, Michael Keaton, cujo personagem é o principal antagonista de Alex Murphy (RoboCop), Raymond Sellars. Os três ao lado da tradutora de muitos filmes, Mônica Pecegueiro do Amaral, lançaram o filme na manhã desta terça-feira num hotel da zona Sul carioca.

Padilha, de óculos escuros e boné, explicou que sempre foi sua vontade em fazer o personagem criado pelo diretor holandês, Paul Verhoeven. Afinal, ele é um fã do personagem. Com isso, foram necessárias sucessivas reuniões com os estúdios produtores de Hollywood para que confiassem na sua escolha. Sua vontade em fazer o roteiro sobre o homem do futuro foi graças à premissa que todos nós iremos vivenciar num futuro próximo.

“RoboCop é profundamente um filme político. Daqui a 20, 30 anos vai ser possível substituir soldados e policiais por robôs. Isto é real. Os países vão ter que decidir se vão fazer isso ou não. Para o nosso filme, a gente está dizendo que os robôs matam na guerra, mas que não vão matar pessoas em casa. O filme inteiro é uma tentativa da corporação OmniCorp em mudar esta lei. Eles criam um robô, uma figura, que andará pelas ruas. E para não quebrar a lei, eles colocam um homem dentro deste robô. Então, esta corporação tem que vender este robô”, disse.

O cineasta brasileiro disse que optou em não pensar no que os fãs poderiam pensar enquanto o filme era escrito/rodado.

“Eu respeito muito o raciocínio dos fãs do RoboCop. Eu sou um deles também. Eu adoro ver o primeiro RoboCop. Eu não gosto dos demais. Agora, se eu for, como um diretor, tentar adivinhar o que o fã vai pensar sobre o filme que eu vou fazer, eu não dirijo. Então, eu me concentrei na premissa. Os dois roteiristas do primeiro Robocop, que criaram o personagem, Michael Miner e Edward Neumeier viram o filme, adoraram, ficaram meus amigos. Eles entenderam o que a gente estava fazendo”, conta.

Na coletiva, os jornalistas puderam ver que os três ficaram amigos e tiveram um bom relacionamento no trabalho em que fizeram. Indagado por um repórter como os dois atores aceitaram o papel para o filme de Padilha foram piadas e brincadeiras para todos os lados.

“Eu fui o último a chegar ao elenco. Eu sou fã de todo o elenco e do Padilha. Do Gary Oldman, do Joel, enfim, estes fatores fizeram com que eu aceitasse a participar do filme. Eu sei que a cada vez que eu falo isso, a cabeça do Padilha cresce para os lados, mas ele é um diretor incomum, que faz filmes incomuns, está no DNA dele. Até se ele fizer o filme “Debi & Lóide”, as pessoas sairiam do cinema pensando ‘Hum, até que a estupidez é interessante’’, brinca Michael Keaton, que também usava um boné, para a gargalhada geral.

Já o protagonista do filme, Joel Kinnaman (sem boné e sem óculos escuros), disse que assistiu ao primeiro filme do policial do futuro quando era garoto algo em torno de 20 a 25 vezes no cinema. E que na época a mãe dele que é terapeuta pensou que seu filho estivesse com algum transtorno psicótico a la Robocop.

“Meu agente me procurou oferecendo o papel para o filme, mas eu meio que disse iria ver o filme pronto no cinema mais tarde. Quando meu agente disse que o diretor seria o José Padilha, a coisa toda mudou de figura. Eu vi alguns filmes do Padilha quando estava na Suécia. Assisti a “Tropa de elite 1 e 2” e “Ônibus 174” e fiquei muito impressionado. José é um dos melhores cineastas do mundo. Os filmes do José têm um ponto de vista muito social e para mim é muito interessante. Fiquei muito impressionado e muito honrado dele saber quem eu sou”, disse.

O filme, que já estreou nos Estados Unidos, não teve um bom começo como outros blockbusters. Com a nevasca assolando metade do país e com o final de semana de Dia dos Namorados (14 de fevereiro), o filme que teve um orçamento de 130 milhões de dólares teve uma baixa procura no primeiro final de semana. Segundo o site IMDB, o primeiro final de semana atingiu 21 milhões de dólares. Mesmo assim, o cineasta ainda permanece confiante com o crescimento dos lucros e de público.

“O filme teve uma abertura incrível no exterior. Hoje saiu um deadline e vimos que o filme ainda é primeiro lugar em 15 países. Nos Estados Unidos, existe uma medida chamada Cine Score, que avalia o filme pelas faixas de público. O nosso filme conseguiu uma faixa A+ para o público até 18 anos. Isto é raríssimo. Poucas pessoas que estão indo ver o filme, gostam muito do filme. A gente lançou numa data ruim, mas estamos crescendo. Todo filme tem a sua história. E eles não se definem em dois dias. Eu vou esperar para ver o que vai acontecer”, contou.

Robocop, de José Padilha, chega a 700 salas de cinemas de todo o Brasil na próxima sexta-feira (21).

*Foto: Agência Febre / Divulgação

Bernardo Moura

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