Juninho Sangiorgio Ratos de Porão entrevista 2021 shows

EXCLUSIVO: Conversamos com Juninho, do Ratos de Porão, sobre os novos shows da banda!

Cadu Costa

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17 de novembro de 2021

O Ratos de Porão completou 40 anos em 2021 e, para comemorar a data, retorna aos palcos pós-pandemia com cinco shows imperdíveis na casa Iglesias, em São Paulo.

Com ingressos esgotados, a expectativa para ver a clássica banda ao vivo novamente é enorme. Essa ansiedade cresce ainda mais que serão shows de discos clássicos do Ratos de Porão. Será um álbum tocado na íntegra por dia.

Para aproveitar esse lançamento, o ULTRAVERSO conversou com Paulo Sergio Sangiorgio Júnior, mais conhecido como o grande Juninho, guitarrista do Ratos de Porão. O bate-papo foi bem abrangente, falando, claro, sobre os futuros shows, mas também sobre o Brasil atual e a história da banda. Confira!

ULTRAVERSO: Olá, um prazer falar contigo. Sou um grande fã do Ratos de longa data. Perdi as contas dos shows que vi no Rio e São Paulo. E justamente por isso, começo perguntando: estão tão ansiosos quanto os fãs para esse retorno?

Juninho (Ratos de Porão): Bastante!!! Desde agosto de 2019 não fazemos um show com o quarteto completo, o [João] Gordo teve uns problemas de saúde há dois anos e, logo na sequência, tivemos a pandemia. Então agora vai ser a hora de tirar todo esse atraso e tocar pela primeira vez com público.

Falando dos shows que vão relembrar os álbuns clássicos. Sei que você não fez parte da formação que lançou esses discos, mas escutou muito, tenho certeza. Como é tocar ao vivo e na íntegra discos que fazem parte da história de música pesada brasileira?

Juninho (Ratos de Porão): Para mim é uma experiência muito incrível. É poder comemorar com os caras toda a história da banda, todo esse início que fez com que a banda pudesse se concretizar na história mundial do punk/hardcore. Eu escutei muito todos esses discos desde muito novo, é bom nem pensar muito, senão se emociona! (risos)

Estou na banda desde 2003 e o único disco desse que nunca foi tocado na íntegra comigo nesses últimos anos é o “Descanse em Paz”. Ali tem coisa que nem os próprios caras nunca tocaram desde essa época. Vai ser um dia bem especial por isso.

Aliás, o momento parece ideal para escutar esses discos novamente. O Ratos de Porão seria uma banda atemporal nesse país? Todas as músicas do disco ‘Brasil’, por exemplo, ainda soam atuais. Por que isso? O Brasil não tem jeito mesmo?

Juninho (Ratos de Porão): A explicação que eu dou a tudo isso é que esse país realmente só anda pra trás e os problemas que tínhamos há 20, 30 anos ainda estão aqui nos assombrando. E saber que eles não vão embora é mais assustador ainda.

Os interesses políticos não mudaram. Até mesmo os próprios políticos estão nessa ainda firmes e fortes fazendo escola com tanta coisa ruim. E, mesmo assim, se mantêm no poder.

O Brasil ter jeito é uma pergunta difícil, mas nós que estamos vendo isso acontecer agora não iremos viver para ver alguma mudança. Talvez daqui uma ou duas gerações as coisas possam melhorar um pouco. Mas isso vai depender ainda dessa formação política que estamos tendo agora. Isso é bem triste e complicado, e é por isso que temos cada dia que passa a desenvolver um meio social que se apoia, se ajuda, que compartilha a vida de uma maneira saudável e sem pisar na cabeça dos outros.

Os shows acontecem na Iglesia, uma recém-inaugurada casa na capital paulista. Fale um pouco do lugar. Fiquei sabendo que o palco tem um grande altar e elementos espalhados pela casa que remetem ao universo nada ortodoxo do inferno. Parece aconchegante, não? 😄

Juninho (Ratos de Porão): Eu ainda não fui lá na Iglesia, só conheci o espaço por fora, mas pelo que sei é bem assim mesmo!!! Totalmente aconchegante.

Quarenta anos de Ratos de Porão, uma vida. Na sua opinião, o que mudou musicalmente na banda durante esse tempo?

Juninho (Ratos de Porão): Mudou bastante. Eu acho que o Ratos sempre foi uma banda que o pessoal sempre ouviu de tudo dentro do lance underground. Então, foi inevitável não aparecer influência de tanta coisa diferente no decorrer dos anos.

O tempo passa, você acaba tocando um pouco diferente, a tecnologia muda, sonoridade das coisas, o tesão é ver tudo isso nos discos, como uma linha do tempo acompanhando tudo passar.

Esse disco que estamos gravando agora relata bem isso também. Existem momentos mais modernos, elementos que nunca apareceram em nenhum outro disco. Mas, ao mesmo tempo, tem músicas ali que entravam facilmente para o “cada dia mais sujo e agressivo”

Como enxerga o mundo pós-pandemia? Há algo que ainda precise ser feito ou vamos apenas recomeçar?

Juninho (Ratos de Porão): Essa é uma pergunta bem difícil e realmente ninguém sabe o que pode acontecer daqui pra frente. Existem muitas coisas que já voltaram ao normal, mas esse “normal” não se parece com as coisas de três anos atrás.

O vírus veio pra ficar, não será erradicado. Portanto, agora é fazer as coisas com cautela e vamos ver com o passar dos anos como fica essa questão. Será que daqui 10 anos vamos ter esquecido isso tudo?

Deixe um recado para os fãs do ULTRAVERSO.

Juninho (Ratos de Porão): Primeiramente, obrigado pela entrevista! Meu recado é pro pessoal acompanhar esses trampos novos do Ratos de Porão. Tem bastante coisa sendo produzida no momento. Nem parece que a banda tem 40 anos!!! (risos) Obrigado!!!

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Cadu Costa

Cadu Costa era um camisa 10 campeão do Vasco da Gama nos anos 80 até ser picado por uma aranha radioativa e assumir o manto do Homem-Aranha. Pra manter sua identidade secreta, resolveu ser um astro do rock e rodar o mundo. Hoje prefere ser somente um jornalista bêbado amante de animais que ouve Paulinho da Viola e chora pelos amores vividos. Até porque está ficando velho e esse mundo nem merece mais ser salvo.
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