Marighella

‘Marighella’ é um filme essencial e imperdível

Diogo Nunes

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3 de novembro de 2021

Caro amigo, venho fazer um convite para você: assista ‘Marighella’ e se encante com um personagem complexo, assim como cheio de contradições, além de mergulhar no contexto que o cerca. Para deixa-lo com água na boca, lhe apresento um elenco de ponta, com Seu Jorge, pastor Henrique Vieira, Bruno Glagliasso, Humberto Carrão, Adriana Esteves, entre outros, que compõe essa trama. Também não é novidade algo que, a princípio, deve levantar curiosidade a sua mente: o filme sofreu boicote político, perseguição e campanha contra o seu lançamento no Brasil, movimentada pela extrema direita brasileira. Isso deve despertar um interesse objetivo e subjetivo sobre sua produção.

A maioria já sabe que Marighella foi um cidadão negro, da região pobre de Salvador, do candomblé, filho de Oxóssi, comunista, membro Ação Libertadora Nacional (ALN), cuja a orientação política era comunista e radical. No entanto, embora você seja uma comunista, um liberal de esquerda, um camarada de extrema direita ou uma anarquista, o que venho apresentar é um personagem que foge desses rótulos e transcende em uma luta em prol do brasileiro. Lógico, como afirmei no início, contradições irão nos levar a concordar e discordar sobre suas atitudes e posicionamentos durante a sua curta vida. Infelizmente curta!

Marighella

Marighella e o contexto histórico

Ao assistir Marighella, algo que chama a atenção é o quanto o trabalho ficcional busca aproximação máxima da realidade que o mesmo busca representar. Diante de uma realidade complexa para representar, Wagner Moura e Felipe Braga mostram, assim, o talento junto ao elenco recheado.

Primeiro destaque que quero levantar é o cotidiano despercebido por muitos. O contexto do filme mostra uma característica importante das grandes cidades na época da Ditadura Militar: uma intervenção militar a vida cotidiana. Pessoas andando de cabeça baixa nas ruas e evitando aglomerações para não ser taxados como possíveis subversivos. Outro ponto, é a naturalização do racismo e a prática necropolítica do Estado Brasileiro resumido em uma frase do filme: “se eu mato preto, eu mato vermelho”.

Conflitos ideológicos

Um terceiro elemento a ser destacado é a forma como o filme apresenta os conflitos ideológicos no interior da vida política do Brasil, bem como dos movimentos que combatia a ditadura. Ele foca em apresentar a ala mais radical da luta contra a ditadura, como MR-8 e ALN que se envolveram no sequestro ao embaixador americano Charles Elbrick, cujo evento é inédito na história mundial. Outro episódio importante é o assalto a um trem em Jundiaí (SP). No interior da política nacional, observamos aquilo que gera debates historiográficos e sociológicos sobre a ditadura: sobre a composição heterogenia de poder presente no Estado brasileiro.

Marighella

Não é incomum ouvir falar sobre um grupo militar que via a ditadura como algo mais curto. Cuja finalidade era servir como limpeza subversiva que iria entregar a democracia purificada e moralizada para a sociedade brasileira. Do outro lado, temos a Linha Dura. O grupo de mais radical dentro da extrema direita que seriam os ligados diretamente com a tortura, morte e desaparecimento. O filme consegue, assim, mostrar como isso não se confirma como antagônico durante “o dia que durou 21 anos”. Muito pelo contrário, o grupo mais “brando” da ditadura tinha relação com a linha dura, relação de ciência sobre suas práticas, transações no seu meio e ligação com pedido de serviços quando necessário.

Wagner Moura acerta em vários momentos com seu elenco. Seu Jorge como Marighella; Henrique Vieira como um dos freis que ajuda o protagonista; Humberto Carrão e Bella Camero como jovens que rodeiam a vida de Marighella em sua luta, entre outros.

Marighella

Considerações finais

Tentado a falar mais e dialogar mais entre o filme e o contexto histórico, me contive. Principalmente para não estragar o seu momento especial em participar dessa arte. Digo isso, porque é mais que um filme, é uma arte e não uma mera produção da indústria cultural. Por isso, reforço o convite de assistir com outros olhos. Por fim, observe as contradições dos personagens, os conflitos da época, o cotidiano de uma época que não queremos que volte.

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Diogo Nunes

Professor de História, flamenguista, apaixonado por games de futebol e apaixonado por futebol. Tendo contato com o rap ainda na adolescência, nunca mais abandonei. Acredito na arte para a existência da vida e para reflexão de como a vivemos.
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