Matt Dillon e Cole Takiue

‘Meu Amor por Grace’ | CRÍTICA

Alvaro Tallarico

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10 de setembro de 2019

Havaí é o cenário de ‘Meu Amor por Grace‘. O lugar é lindo e o filme aproveita muito bem isso. O diretor David L. Cunningham utiliza muitos planos abertos para mostrar a exuberância do local, ao mesmo tempo abusa dos closes visando mostrar a reação dos personagens. Ainda por cima, parece que se apaixonou pelo uso de drone, pois faz várias esbeltas cenas a partir desse aparato. Entretanto, a película tem uma narração que busca tornar o filme de mais fácil entendimento, mas não é necessária. A narradora Hanabusa (Rumi Oyama) também interpreta a babá e guardiã de Grace. Aliás, a mesma tem muito pouco para narrar e muito pouco para interpretar. Juliet Mills se destaca no elenco de apoio como a matriarca da família Danielson.

A saber, a novidade do cenário com as deslumbrantes montanhas havaianas e suas florestas durante o apogeu da produção de café vem com um sub-texto sobre pertencimento e tolerância no período da década de 1920. Definitivamente as primeiras cenas do filme já são um show de cinema e direção de arte, enquanto acompanhamos o pequeno Jo (Cole Takiue, cativante). Porém, em verdade, é a clássica história de amor proibido entre uma princesa e um plebeu. Temos um Matt Dillon um pouco preguiçoso como um médico, enquanto Jim Caviezel se esforça um pouco mais para trazer algum verossimilhança a outro doutor. Contudo, no geral, as atuações não são o maior atrativo.

Meu Amor por Grace

Jo (Ryan Potter) corre levando remédios pela comunidade

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CORRA, JO, CORRA

Ryan Potter, como Jo, protagonista, faz o tipo galã e ainda consegue criar alguma simpatia. Jo é meio Forrest Gump e foi impossível não lembrar desse clássico do cinema com a quantidade de “Corre, Jo, corre” que o filme tem. Uma das virtudes da película – além das belíssimas imagens das paisagens havaianas – é mostrar as diferenças culturais, em especial no momento em que Doc (Matt Dillon) tem que falar com alguns japoneses e é traduzido pelo pequeno Jo. A questão do racismo é uma das bases do romance. Jo sofre por ser um mestiço, um bastardo, tanto entre a comunidade japonesa, quanto entre os ‘nobres’, enquanto corre por Grace (Olivia Ritchie, fofa).

David L. Cunningham usa bem a profundidade de campo, brincando com o foco e apresentando imagens bonitas, embelezando um romance sem muita novidade. Os diálogos são rasos e é tudo bem água com açúcar. Porém, a película é lindamente fotografada, desde exteriores ensolarados ou envoltos em poeira vulcânica até os interiores de luz difusa, ‘Meu Amor por Grace‘ até parece uma lembrança enevoada de um passado que não volta.

::: TRAILER

::: FICHA TÉCNICA

Título original: Running for Grace
Direção: David L. Cunningham
Roteiro: David L. Cunningham, Christian Parkes
Elenco: Matt Dillon, Ryan Potter, Jim Caviezel, Olivia Ritchie
Distribuição: Elite Filmes
Data de estreia: 26/09/19
País: Estados Unidos
Gênero: drama, romance, família
Ano de produção: 2018
Duração: 110 minutos

Alvaro Tallarico

Jornalista vivente andante (não necessariamente nessa ordem), cidadão do mundo, pacifista, divulgador da arte como expressão da busca pela reflexão e transcendência humana. @viventeandante
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