Meus Ouvidos: Cambriana e a House of Tolerance

Stenlånd Leandro

As artes costumam clamar – e aclamar – originalidade, novidade, ousadia, ineditismo, mas seus apreciadores padecem muitas vezes de preconcepções e engessamento de conceitos. Vamos traçar uma linha de pensamento anti-paradigmática para receber esse som de braços e ouvidos abertos: 1) vêm de Goiânia, mas não são sertanejos; 2) cantam músicas em inglês, mas não são o Vanguart; 3) um dos integrantes do sexteto é mulher, mas não é vocalista, e sim baterista; 4) o álbum é todo produzido em casa, de forma absolutamente independente, mas é primoroso em qualidade e riquíssimo em texturas. A banda é Cambriana e o álbum, House of Tolerance.

Formado por Luis Calil (vocal, guitarra, violão, teclado e programação de bateria), Wassily Brasil (Teclado, guitarra, baixo), Pedro Falcão (baixo, saxofone), Heloísa Cassimiro (bateria), Rafael Morihisa (guitarra e teclado) e Israel Santiago (guitarra e teclado), Cambriana lançou esse seu primeiro álbum em 2012 e um EP contendo apenas seis músicas (Worker) em 2013, contrariando mais uma vez a progressão costumeira dos fatos.

O ponto mais interessante referente ao estilo da banda é a falta de referências análogas em território nacional. Fica difícil acreditar, inclusive, que o som é feito aqui no nosso quintal, já que o rock com identidade brasileira passou a se fiar em urgência e letras passionais ou emocionadas. A sonoridade de Cambriana tem a leveza dos que sabem esperar. Dos que não tem pressa.
A segunda faixa do House of Tolerance, Astray, se destaca pelo arranjo de efeito, bem elaborado, uma pegada firme de bateria e riff repetido, e um “ô, ô, ô, ô, ô” muito interessante.
Ouça abaixo uma das faixa do primeiro disco de Cambriana.

O texto acima foi postado originalmente no blog Meus Ouvidos, escrito pelo colaborador.

Stenlånd Leandro

Leandro não é jornalista, não é formado em nada disso, aliás em nada! Seu conhecimento é breve e de forma autodidata. Sim, é complicado entender essa forma abismal e nada formal de se viver. Talvez seja esse estilo BYRON de ser, sem ter medo de ser feliz da forma mais romântica possível! Ser libriano com ascendente em peixes não é nada fácil meus amigos! Nunca foi...nunca será!
NAN