‘Mulheres de Chico’ anima estreia do ‘Encontros de Quinta’

Alan Daniel Braga

Ontem foi dia de estreia. Cheguei ao Centro Cultural do Cordão da Bola Preta meia hora depois do horário de divulgação. Como a minha prática ali sempre foi a de shows com festas, não me dei conta de que o ‘Encontros de Quinta’ é um evento que tem por objetivo a convergência entre público e artistas sem intermediários, e, por isso, começa no horário.

Do hall de entrada, já ouvia a bateria no aquecimento. Cheguei ao salão principal, onde fica o pequeno palco da casa, e o samba estava começando. À frente do palco, mesas ocupadas e alguns espectadores em pé. As integrantes do ‘Mulheres de Chico’, com o tradicional rosa, vermelho e branco, já sacolejavam ao som de seus instrumentos, sem deixarem o sorriso escapar do rosto. Aquele era um prenúncio de como seria a noite, mas algo não encaixava naquela imagem. Afinal, depois de festejar algumas vezes ao som do bloco, nunca imaginei assistir sentado a um show como este.

Não demorou muito e a profecia se realizou. Os jovens – atrasados e em pé – foram chegando e ganhando o espaço entre mesas e palco. Folião que é folião não aceita cadeira, corda ou área limitada. De onde estava, via que os mais empolgados iam ganhando terreno e atrapalhando a visão de quem sentava nas pontas. Não demorou muito e a organização pediu para que os jovens fossem para o lado oposto, onde não havia mesas laterais e onde poderiam sambar sem atrapalhar os demais espectadores. Pensei comigo: cobre-se a cabeça, descobrem-se os pés. E logo depois mais jovens animados foram chegando e tomando a pista, agora dos dois lados.

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Foto de divulgação – Lydia Rey

Enquanto isso, no palco, o show seguia alegre. A vantagem de um espaço menor que uma praça ou uma praia e um evento mais intimista é poder estar mais perto do artista. No caso, a vantagem de estar perto da bateria do ‘Mulheres de Chico’ sem milhares de pessoas ao redor. Assim, consegui ver melhor a descontração destas meninas, por vezes pequenas para seus instrumentos, mas que brincam sem perder o compasso, a graça e os movimentos ensaiados. Destaque para a simpática japonesa Mako, que assumiu o microfone para cantar ‘A Banda’ em sua língua natal.

Com o tempo, o que era vidro se quebrou e o mau humor que alguns tinham era pouco e se acabou. Ao som de clássicos como ‘Construção’, ‘Baile dos Mascarados’, ‘Apesar de você’ e ‘Vai Passar’, jovens de todas as idades, do público ou da casa, pulavam por todos os cantos, sem limitações, seguindo o ritmo das batuqueiras e o trenzinho no meio do salão. E assim a interação seguiu, finalizando uma hora e meia após a minha chegada.

Baseado na programação, acredito que este seja o espírito que o evento queira implantar… Mesmo que se mantenham mesas, com samba ou outros ritmos, é dançando que o carioca poderá se encontrar toda quinta.

Segue abaixo a programação dos Encontros de Quinta:
06/06 – Anjos da Noite
13/06 – Tributo a Noel Rosa
20/06 – Orquestra Popular Céu na Terra
27/06 – Cinebloco + Lá e Cá
04/07 – Zeca do Trombone.
Local: Centro Cultural do Cordão da Bola Preta
Rua da Relação, nº 3 – Esquina com a Rua do Lavradio – Centro – Tel. 2240-8099

Alan Daniel Braga

Publicitário e roteirista de formação, foi de tudo um pouco: redator, produtor, vendedor, clipador, operador de som e imagem, divulgador, editor de vídeos caseiros, figurante e concursado. Crítico, irônico e um tanto piegas, é conhecido vulgarmente como Rabugento e usa essa identidade para manter um blog pouco frequentado (Teorias Rabugentas). Também mantém uma página no Facebook (Miscelânea Rabugenta), com a qual supre a necessidade de conhecer músicas, artistas e pessoas novas. Está longe de ser Truffaut, mas gosta de dar voz aos incompreendidos. (Acesse http://teoriasrabugentas.blogspot.com.br/ e curta https://www.facebook.com/MiscelaneaRabugenta)
NAN